20. Moros Blackthorn

Lysander abriu os livros de magia com mãos trêmulas, sentindo a emoção percorrer seu corpo enquanto virava as páginas repletas de conhecimentos antigos e misteriosos. As palavras impressas ganhavam vida diante de seus olhos, como se estivessem esperando ser decifradas por alguém destinado a revelar seus segredos.

Enquanto percorria as páginas, sua atenção se concentrou em um feitiço em particular, um simples encantamento de luz. Com cuidado, ele leu as palavras e seguiu as instruções com uma concentração intensa. Fechou os olhos e deixou-se levar pela energia que fluía através dele, visualizando a luz que desejava criar.

Então, como por magia, uma pequena centelha de luz apareceu na palma de sua mão. Lysander sentiu uma onda de admiração e alegria percorrendo-o enquanto contemplava maravilhado a luz brilhante que tinha invocado. Era apenas um pequeno lampejo, mas para ele, era um símbolo de esperança e potencial.

Com um sorriso de satisfação no rosto, Lysander continuou praticando o feitiço várias vezes, experimentando com diferentes variações e deixando sua imaginação voar livremente. Por um breve momento, ele esqueceu todas as suas preocupações e problemas, mergulhando completamente no maravilhoso mundo da magia.

No entanto, no fundo de sua mente, persistia uma pergunta inquietante: o que mais ele poderia ser capaz de fazer com sua magia?

Lysander ergueu o olhar ao ouvir os aplausos e ficou surpreso ao ver um menino da sua idade observando-o de cima com uma expressão de admiração. Ele observou com espanto como o garoto descia suavemente em sua direção, usando magia para deslizar graciosamente pelo ar.

O menino tinha uma aparência peculiar. Seu cabelo escuro e sua pele pálida contrastavam com suas grandes olheiras, como se passasse mais tempo estudando do que dormindo. Ele usava roupas gastas e remendadas, como se tivessem visto aventuras demais.

Apesar de sua aparência, havia algo nele que chamava a atenção. Seus olhos escuros brilhavam com um brilho de conhecimento e determinação, como se estivesse sempre um passo à frente dos outros. Ele parecia carregar consigo um ar de mistério e sabedoria, como se soubesse segredos profundos que o resto do mundo ignorava. Embora sua aparência fosse modesta, seu olhar revelava um poder latente e uma sede insaciável de conhecimento.

O menino se aproximou com um sorriso radiante no rosto e estendeu a mão em cumprimento.

— Olá! Eu sou Moros Blackthorn — apresentou-se entusiasmado. — Eu estava observando sua prática de magia, foi incrível!

Lysander devolveu o sorriso, sentindo-se encorajado pelo gesto amigável do outro garoto.

— Olá, Moros — respondeu com cortesia. — Obrigado, eu estava praticando um feitiço de luz que aprendi desses livros.

Lysander levantou os livros de magia para mostrá-los, sentindo-se orgulhoso de seu progresso.

Moros assentiu com interesse.

— Isso parece incrível! Eu também estou animado para começar na escola de magia este ano. Acho que vamos ser grandes amigos!

A ideia de ter um amigo na escola de magia encheu Lysander de alegria e empolgação. Ele assentiu com entusiasmo.

— Sim, definitivamente devemos ser! Você já praticou algum feitiço antes?

Moros assentiu, com um brilho de emoção nos olhos. O lampejo de luz que Moros criou encheu o beco com um brilho radiante, deslumbrando Lysander por um momento. Embora sentisse um leve ciúme da habilidade inata de seu novo amigo, ele também ficou maravilhado com sua destreza.

— Uau, isso foi incrível! — exclamou Lysander, admirando a luz brilhante. — Eu gostaria de poder fazer algo assim.

Moros sorriu humildemente diante do elogio de Lysander.

— Obrigado. Minha mãe tem me ensinado magia desde que eu era muito jovem — explicou. — Ela é uma maga muito talentosa.

A menção à mãe de Moros fez com que Lysander refletisse sobre sua própria relação com seu pai. Cedric raramente havia conversado com ele sobre magia e nunca havia ensinado muito. Ele se sentiu um pouco desanimado ao perceber a falta de orientação em sua vida mágica.

— Meu pai mal conversou comigo sobre magia — confessou Lysander com um suspiro. — Mas eu adoraria aprender mais.

Moros assentiu com compreensão.

— Não se preocupe! Eu posso te ensinar alguns truques legais se você vier comigo!

Apesar de sua leve sensação de cautela, a emoção de aprender mais sobre magia superou qualquer dúvida que Lysander pudesse ter. Ele assentiu com entusiasmo.

— Sim, claro! Eu adoraria!

Com um sorriso radiante, Moros levou Lysander para fora do beco, para um mundo de possibilidades mágicas.

Lysander parou abruptamente quando sentiu a mão de um adulto em seu ombro, uma presença que o pegou de surpresa. Ao se virar, deparou-se com o rosto familiar de Theron Frosheart, o melhor amigo de seu pai e padrinho.

— Para onde você está indo tão rápido, jovem aprendiz de mago? — perguntou Theron com um sorriso divertido.

Lysander hesitou por um momento, se sentindo desconfortável sob o olhar penetrante de Theron.

— Eu estou... eu estou indo... com meu novo amigo — respondeu, indicando o beco onde Moros tinha estado parado.

Theron franziu ligeiramente o cenho, olhando para onde Lysander indicava. No entanto, quando se virou para olhar novamente, Moros tinha desaparecido como se tivesse sido engolido pela

terra.

— Novo amigo? — repetiu Theron, com curiosidade. — Qual é o nome dele?

Lysander se sentiu um pouco desconcertado ao não ver Moros em lugar algum.

— O nome dele é Moros Blackthorn. Eu o conheci aqui há pouco tempo — respondeu, procurando seu novo amigo com o olhar sem sucesso.

Theron arqueou uma sobrancelha, como se estivesse avaliando a situação.

— Interessante. Seu pai sabe que você está aqui? — perguntou com uma expressão séria.

Lysander se sentiu um pouco culpado ao perceber que não tinha informado seu pai sobre seus planos de sair.

— Não... não exatamente — admitiu, sentindo-se um pouco envergonhado.

Theron suspirou, mas então ofereceu um sorriso tranquilizador.

— Tudo bem. Venha, vou te levar de volta para casa. Seu pai vai ficar preocupado se te ver vagando por aí sem avisar.

Embora um pouco desapontado por não poder seguir com Moros, Lysander assentiu e seguiu Theron de volta para casa, se perguntando que tipo de aventuras o futuro reservaria, tanto no mundo da magia quanto além dele.

Theron pôde observar a decepção de seu afilhado, então aproveitou a oportunidade quando viu uma sorveteria.

— Podemos ter um pequeno segredo do seu pai e fazer uma parada na sorveteria, não se preocupe, direi que sempre estive de olho em você —.

Lysander concordou com a cabeça enquanto mexia seu sorvete derretido com a colher. A preocupação de Theron o deixava desconfortável, mas ele apreciava que fosse ele e não outro amigo de seu pai. No entanto, não podia deixar de se sentir um pouco irritado com a constante vigilância.

— Vou guardar o segredo do seu novo amigo, mas você deve prometer que não irá a lugar nenhum sem avisar, ainda é muito jovem e não conhece os perigos deste mundo.

— Entendi, Theron — finalmente respondeu Lysander, fazendo uma pausa antes de continuar. — Mas nem sempre preciso estar sob os olhos do meu pai. Sou grande o suficiente para cuidar de mim mesmo.

Theron suspirou, entendendo a perspectiva de Lysander, mas sem ceder em sua posição.

— Eu sei, Lysander. Mas seu pai só quer ter certeza de que você está seguro. Ele passou por muito e não quer que nada de ruim aconteça com você.

Lysander assentiu, reconhecendo a lógica por trás das preocupações de seu pai. Apesar de suas reservas, sabia que Theron estava certo e que deveria se comunicar melhor com seu pai no futuro.

— Obrigado, Theron. Não vai acontecer de novo.

Theron sorriu, satisfeito com a resposta de Lysander.

— É assim que eu gosto, jovem mago. Agora, você terminou o seu sorvete? Acho que é hora de te levar para casa antes que seu pai lhe dê uma bronca por ter sumido.

Lysander riu, sentindo um alívio momentâneo por ter evitado uma confrontação com seu pai.

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