19. Lysander Thornfield

Durante doze anos, Lysander cresceu imerso em um mundo de magia e lendas, cercado por contos sobre seu pai, o famoso mago que derrotou os temidos magos negros e trouxe paz ao reino. No entanto, para Lysander, seu pai sempre foi simplesmente Cedric, um professor de magia na academia de magos, mais preocupado em ensinar seus alunos do que em desenterrar os obscuros segredos do passado.

Desde muito jovem, Lysander sentiu o peso das expectativas sobre seus ombros, sendo o filho do herói da nação. As pessoas olhavam para ele com admiração e respeito, esperando que um dia ele seguisse os passos de seu pai e se tornasse um grande mago como ele. No entanto, apesar de todo o reconhecimento externo, Lysander sempre sentiu um vazio dentro de si, como se algo não se encaixasse completamente na imagem que ele tinha de sua família e seu passado.

Conforme ele crescia, Lysander começou a questionar a história que lhe haviam contado sobre seu pai e seu papel na derrota dos magos negros. Ele observava Cedric, seu pai, e o via como um homem comum, longe do retrato heróico que lhe haviam pintado. Cedric, por sua vez, tentava proteger seu filho da verdade, escondendo os obscuros segredos de seu passado e as verdadeiras circunstâncias que cercaram a queda dos magos negros.

À medida que Lysander mergulhava no mundo da magia e começava a desenvolver seus próprios poderes, sua curiosidade sobre sua linhagem e sua verdadeira identidade só aumentava.

Apesar das dúvidas e confusões que o atormentavam, Lysander seguiu em frente, determinado a descobrir a verdade sobre seu passado e o papel que seu pai realmente desempenhou na história do reino.

Lysander se aproximou de seu pai, Cedric, com um olhar de seriedade e determinação. Embora Cedric o observasse com sua habitual despreocupação, o pedido de seu filho o tirou de sua distração.

—Pai, você se esqueceu de que este ano vou começar na escola de magia? —, perguntou Lysander, com um tom que indicava que não aceitaria evasivas.

Cedric franzia levemente a testa, percebendo sua negligência. —É claro que não me esqueci, filho —, respondeu prontamente, tentando corrigir seu erro. No entanto, antes que ele pudesse continuar, Lysander o interrompeu com determinação.

—Me enviaram a lista de livros que devo comprar, e você ainda não os adquiriu —, apontou Lysander, sem hesitar em sua reclamação.

A expressão no rosto de Cedric mudou, mostrando um lampejo de remorso.

—Sinto muito, Lysander. Vou comprá-los ainda esta tarde —, prometeu, reconhecendo sua negligência e buscando reparar o erro.

Mas Lysander, com uma determinação que surpreendeu até mesmo seu pai, manteve-se firme em sua posição.

—Não se preocupe, pai. Eu mesmo cuidarei disso. Só preciso do dinheiro —, afirmou com segurança, mostrando uma maturidade incomum para sua idade, deixando Cedric refletindo sobre o crescimento de seu filho.

Lysander notou o olhar de seu pai, uma mistura de preocupação e talvez um traço de culpa, enquanto tirava o dinheiro do bolso. Era uma cena familiar, a responsabilidade recaindo sobre seus jovens ombros mais uma vez. Antes que Cedric pudesse sequer abrir a boca para retirar sua oferta, Lysander agiu com determinação, arrancando o dinheiro com um gesto rápido, mas seguro.

—Obrigado, pai. Vou cuidar disso —, disse Lysander com um tom que não admitia discussões. Ele observou seu pai com uma certa resignação, perguntando-se como ele podia ser tão despreocupado em momentos importantes como esse. Sempre tinha que ser ele quem assumisse as rédeas das coisas por si mesmo, como se o destino de sua educação e seu futuro repousasse unicamente em suas próprias mãos.

Com o dinheiro no bolso, Lysander seguiu para a livraria, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Embora desejasse que seu pai se envolvesse mais em sua educação e em sua vida em geral, ele sabia que às vezes tinha que ser ele quem tomasse as rédeas de seu próprio destino. Era um caminho que ele já havia percorrido muitas vezes antes, e embora às vezes se sentisse sobrecarregado pelo fardo, também o tornava mais forte e mais determinado a forjar seu próprio caminho.

A livraria estava cheia de estudantes, alguns conversando animadamente enquanto folheavam livros, outros consultando listas escolares com expressões concentradas. O dono da loja, um homem mais velho com óculos de armação grossa e uma barba grisalha, observava os clientes com um sorriso amigável de trás do balcão de madeira polida.

Lysander estava absorto na seleção de livros quando notou o olhar de seu pai do lado de fora. Cedric estava parado na calçada, tentando se esconder à distância, com um capuz vermelho para esconder o rosto, observando-o com uma expressão que Lysander não conseguiu decifrar. Ele se sentiu desconfortável ao perceber que seu pai estava espionando-o, perguntando-se por que ele não podia simplesmente confiar nele.

O dono da loja se aproximou de Lysander com um sorriso caloroso.

—Você precisa de ajuda, jovem mago? — ele perguntou gentilmente. Lysander assentiu e entregou-lhe a lista de livros que precisava. Enquanto o dono reunia os livros, ele deu uma olhada no dinheiro que Lysander lhe entregou e assentiu com aprovação.

—Gosto excelente em livros —, elogiou o dono, colocando os livros em uma sacola. —Vejo que você está se preparando para um ano emocionante na escola de magia. —

Lysander sorriu, grato pelo elogio. Embora seu pai não parecesse compartilhar da mesma confiança nele, pelo menos o dono da

livraria reconhecia seu esforço e dedicação.

Lysander saiu da livraria com a sacola de livros na mão, sua mente ainda cheia de perguntas sem resposta sobre sua relação com seu pai. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas da cidade, sentiu uma opressão no peito que o fazia desejar se afastar de tudo e de todos por um momento.

Sem pensar duas vezes, Lysander começou a correr, deixando para trás os transeuntes e adentrando em becos estreitos e pouco iluminados. A sensação de liberdade que correr a toda velocidade lhe proporcionava ajudava a clarear sua mente e a esclarecer seus pensamentos.

Finalmente, ele parou em um beco tranquilo, afastado do barulho da cidade. Ele encostou as costas na parede fria de tijolos e soltou um suspiro profundo. Observou o vai e vem das pessoas pela rua principal, tentando encontrar algum sentido na situação com seu pai.

Enquanto isso, observou seu pai passando pelo beco, aparentemente sem notar sua presença, procurando-o por todos os lados. Lysander prendeu a respiração, sentindo uma mistura de alívio e decepção. Apesar de seus desejos por um relacionamento mais próximo com seu pai, parecia que ainda eram dois estranhos que mal conseguiam se comunicar.

Lysander ficou ali por mais um momento, deixando que a tranquilidade do beco acalmasse seus pensamentos tumultuados.

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