16. Tempos calmos

Haviam se passado várias semanas desde que Cedric começara seu árduo treinamento, mas o tempo se tornara uma nebulosa para ele. Os dias se desfaziam em uma sequência interminável de exercícios mágicos, deixando Cedric exausto e à beira da loucura. O cansaço tomava conta de seu corpo, e sua mente se tornava cada vez mais embaçada, incapaz de distinguir entre realidade e ficção.

Em seu desejo de se fortalecer e proteger Lysander, Cedric havia sacrificado sua saúde e sanidade. As longas sessões de treinamento o haviam deixado à beira de suas forças, mas mesmo assim ele continuava, impulsionado por uma determinação ferrenha.

Cada dia se tornava uma batalha contra si mesmo, contra seus próprios limites e contra as sombras do passado que o assombravam. A voz de Magnus ressoava em sua mente, instigando-o a ser mais forte, a se superar repetidas vezes. Cedric lutava para se manter de pé, para resistir ao esgotamento físico e mental que o consumia.

Ele já não sabia mais como controlar seu corpo, como controlar sua magia. Tudo o que lhe restava era a certeza de que precisava se tornar mais forte, mais poderoso, para proteger Lysander.

Após uma sessão exaustiva de treinamento, Cedric estava no limite de suas forças. Ele havia desdobrado toda sua habilidade mágica para criar uma enorme bolha de fogo, que explodiu em uma espetacular exibição de poder por toda a sala. O suor escorria de sua testa e sua respiração estava ofegante, mas uma sensação de satisfação e exaustão o invadia.

No meio da fumaça e das faíscas, Magnus apareceu, segurando Lysander em seus braços. Seu rosto, pela primeira vez, mostrava algo semelhante à admiração enquanto aplaudia o esforço de seu filho.

— Incrível, Cedric! Você progrediu muito. Aquela exibição de magia foi impressionante. Você pode descansar agora, você mereceu — disse Magnus, com um sorriso orgulhoso em seu rosto.

Cedric, ainda se recuperando do esforço, balançou a cabeça, sentindo que não podia se dar ao luxo de descansar. Havia muito em jogo, e ele não podia baixar a guarda.

— Não tenho tempo para descansar, pai. Há muito a ser feito — respondeu Cedric, seu tom refletia sua determinação e sua exaustão.

Magnus, no entanto, insistiu, aproximando-se e entregando Lysander em seus braços.

— Seu trabalho por hoje terminou. É importante que você recupere suas forças. Amanhã será outro dia de treinamento — disse Magnus, com autoridade, mas também com um toque de ternura.

Cedric olhou para Lysander, que o observava com curiosidade dos braços de seu avô. Uma mistura de alívio e gratidão encheu seu coração enquanto aceitava seu filho nos braços. Embora resistisse ao descanso, sabia que Magnus estava certo. Ele precisava recarregar as energias para enfrentar os desafios que ainda estavam por vir.

...

O som alegre da música e das risadas enchia o ambiente do bar movimentado onde Cedric estava com seus amigos. Depois de tanto tempo imerso em seu treinamento e na proteção de Lysander, finalmente havia decidido tirar um momento de descanso e desfrutar da companhia daqueles que lhe importavam.

Freya se aproximou com um sorriso caloroso no rosto. Cedric a recebeu de braços abertos, sentindo uma onda de nostalgia ao vê-la depois de tanto tempo.

— Já faz muito tempo, Cedric. Fico feliz em te ver — disse Freya enquanto abraçava Cedric com força.

Cedric devolveu o abraço com carinho, sentindo o calor da amizade que compartilhavam. Freya, ao perceber a presença de Lysander, estendeu os braços para pegá-lo. Todos os presentes observaram com admiração como o pequeno havia mudado desde a última vez que o viram. Seu cabelo havia crescido e seu rosto parecia mais redondo, evidenciando seu crescimento.

— Olhem para esse pequeno homem! Ele cresceu tanto desde a última vez que o vi! — exclamou Freya, com uma expressão de admiração em seu rosto.

Os amigos de Cedric assentiram com admiração, observando com carinho o pequeno Lysander.

...

Theron convidou Cedric para acompanhá-lo ao bar para tomar algumas bebidas, e enquanto se dirigiam até lá, Theron mencionou em voz baixa algo que chamou a atenção de Cedric.

— Você viu aquela garota que tem te olhado há um tempo? — perguntou Theron, com um sorriso travesso.

Cedric seguiu o olhar de Theron e viu uma jovem de cabelos escuros que parecia estar os observando discretamente de um canto do bar. Apesar de sua determinação em se manter longe de complicações e distrações, Cedric não pôde deixar de sentir uma leve intriga.

— O que tem ela? — perguntou Cedric, tentando manter a calma.

Theron piscou para ele com cumplicidade antes de responder.

— Acho que ela gosta de você, amigo. Você pode se divertir um pouco esta noite. Eu me encarregarei de fazer companhia à amiga dela — sugeriu Theron, com um sorriso brincalhão.

Cedric sentiu um nó no estômago ao ouvir a proposta de Theron. Por um lado, reconhecia que poderia ser uma oportunidade para se distrair e aproveitar um pouco da noite. Mas por outro lado, sua mente estava cheia de preocupações e responsabilidades, especialmente em relação a Lysander.

— Não tenho certeza, Theron. Há algumas coisas das quais eu não deveria me envolver no momento — respondeu Cedric, com um toque de pesar em sua voz. — Não posso fazer isso, Theron. Minha prioridade é cuidar de Lysander, não posso me arriscar —.

A resposta de Cedric pareceu enfurecer Theron, que não pôde conter sua frustração diante da negativa de seu amigo.

— O que há com você, Cedric? Você se tornou um covarde por causa desse moleque? Se não fosse por ele, poderíamos estar nos divertindo como antes — gritou Theron, com uma mistura de raiva e decepção em sua voz.

As palavras de Theron atingiram Cedric como uma adaga afiada. Ele sentia a tensão acumulando dentro de si, uma mistura de raiva e frustração que o dominava. Incapaz de conter sua fúria, Cedric agarrou a camisa de Theron com força, sentindo o calor de sua magia de fogo crepitando ao seu redor e começando a queimar a camisa de Theron.

— Você não faz ideia do que está dizendo, Theron! Você não pode entender! — gritou Cedric, sua voz carregada de ira.

O golpe de Cedric atingiu Theron, desencadeando uma briga entre os dois. Os punhos voavam pelo ar enquanto os amigos tentavam separá-los, mas era como se estivessem tentando conter dois redemoinhos de energia.

De repente, um jorro de água surgiu do nada e envolveu Cedric e Theron, separando-os com força. Freya, com seu poder de manipulação da água, os havia afastado como se fossem crianças travessas, e agora os observava com uma expressão de desaprovação, claramente desgostosa com o comportamento deles.

— Chega! O que vocês pensam que estão fazendo? Estão agindo como crianças! — exclamou Freya, com voz firme e autoritária.

Cedric sentiu-se envergonhado por seu comportamento, embora no fundo soubesse que Theron havia provocado sua ira.

Com a cabeça baixa, Cedric se dirigiu para onde Lysander estava, mas parou abruptamente ao ver Caspian o segurando nos braços. Uma mistura de alívio e gratidão o invadiu ao ver que seu filho estava seguro nas mãos de seu amigo. Cedric se aproximou deles com passos cautelosos, desejando pegar Lysander em seus braços, mas contendo-se para não estragar o momento de calma que reinava agora no bar.

— Obrigado, Caspian — murmurou Cedric, com voz suave, mostrando sua gratidão para com seu amigo.

Caspian devolveu um sorriso tranquilizador e entregou Lysander a Cedric. O pequeno se agarrou a ele com força, como se estivesse procurando proteção nos braços de seu pai. Cedric o segurou com ternura, sentindo um profundo amor e gratidão por seu filho.

— Você deveria contar a Theron, ele é o único que não sabe — sugeriu Caspian.

— Não sei, Caspian. Theron não é exatamente o tipo mais maduro para guardar um segredo tão importante — respondeu Cedric, com voz hesitante.

Caspian lhe deu um olhar compreensivo, mas persistiu em sua sugestão.

— Talvez ele mereça a chance de provar o contrário. Todos cometemos erros, Cedric. Mas isso não significa que não possamos aprender e crescer — insistiu Caspian, com um tom encorajador.

Cedric refletiu por um momento, pesando as palavras de seu amigo. Ele sabia que Caspian estava certo, mas ainda assim não conseguia evitar se sentir inseguro diante da ideia de confiar o segredo a Theron.

— Está bem, Caspian. Darei a ele a chance — concedeu Cedric finalmente, com uma mistura de determinação e resignação em sua voz.

Com Lysander ainda em seus braços, Cedric se dirigiu para a saída do bar, onde viu Theron caminhando em direção à rua. Com passo decidido, ele o alcançou e o deteve com uma mão no ombro.

— Theron, preciso conversar com você. Quero pedir desculpas. Podemos ir para um lugar a sós? — pediu Cedric, com seriedade em seu tom.

Theron se virou para Cedric, surpreso com o pedido. Mas assentiu com curiosidade, disposto a ouvir o que seu amigo tinha a dizer.

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