14. Cedric Thornfield, O mago que queimou tudo

La notícia do desaparecimento dos magos negros se espalhou como um sussurro inquietante pelos corredores da Academia de Magos. Cedric, de volta às suas responsabilidades como estudante, estava imerso em um mar de preocupações. A explosão de fogo desencadeada por Lysander havia alterado sua vida de maneiras inimagináveis, e agora ele enfrentava a encruzilhada de esconder a verdade para proteger seu filho.

O burburinho na academia era palpável. Estudantes e professores comentavam em sussurros sobre o misterioso evento que levou ao desaparecimento dos magos negros. Cedric, com uma expressão imperturbável, percorria os corredores, sua mente elaborando a melhor estratégia para enfrentar o iminente interrogatório.

Os dias passaram, e Cedric enfrentaria vários membros da administração da academia e generais do reino. Sua narrativa meticulosamente elaborada permaneceria firme, ocultando a verdadeira natureza do desaparecimento dos magos negros. Embora a pressão do interrogatório pesasse sobre ele, Cedric sabia que precisava manter a farsa para proteger seu filho.

A porta imponente do escritório da diretora Morgana Ironspell se abriu diante de Cedric, revelando um interior decorado com livros antigos e símbolos mágicos entalhados na madeira. Morgana, uma mulher de olhar penetrante e cabelos escuros, estava de pé ao lado de sua mesa. No entanto, o que mais surpreendeu Cedric foi a presença de seu pai, Magnus, ao lado de um distinto príncipe do reino.

— Cedric, entre. Precisamos conversar contigo —indicou a diretora com uma voz que ressoava autoridade.

Cedric, com uma mistura de surpresa e ansiedade, entrou e fechou a porta atrás de si. Ele se curvou ligeiramente em sinal de respeito ao príncipe, mas seu coração batia nervosamente. A figura de seu pai, a quem não via há anos, lançava uma sombra desconfortável sobre a cena.

— Levante-se, Cedric. Não é necessário me prestar honras —disse Magnus com voz firme, embora seu rosto permanecesse impassível.

Cedric obedeceu, mas seus olhos refletiam uma mistura de medo e cautela. Sempre sentira a desaprovação de seu pai, um homem de caráter rígido e pouco afetuoso. A presença do príncipe adicionava uma camada adicional de tensão ao ambiente.

— Cedric, este é o príncipe Adrian, um membro importante da realeza. Ele demonstrou grande interesse nos eventos da noite em que os magos negros desapareceram —explicou a diretora Morgana.

O príncipe Adrian assentiu com um sorriso educado, mas seus olhos avaliadores escrutinavam Cedric com curiosidade.

— Sabemos que estavas presente naquele momento, Cedric. Teu pai tem colaborado conosco para entender completamente o que aconteceu. —Morgana olhou para Magnus, que assentiu com seriedade.

— Filho, não estou aqui para te julgar. Estamos buscando respostas. Queremos saber exatamente o que aconteceu naquela noite —disse Magnus, embora seu tom fosse mais neutro do que Cedric lembrava.

Cedric engoliu em seco antes de começar a relatar a versão cuidadosamente elaborada que já havia compartilhado com outros. Descreveu o desaparecimento dos magos negros sem mencionar a verdade sobre o poder de Lysander. Enquanto falava, a diretora, o príncipe e seu próprio pai ouviam atentamente, avaliando cada palavra.

Quando Cedric concluiu seu relato, uma pausa desconfortável encheu a sala. Magnus o observava com uma expressão impassível, e o príncipe Adrian mantinha sua expressão intrigada.

— O que dizes é intrigante, Cedric. Apreciamos tua cooperação. —O príncipe Adrian dirigiu-se à diretora Morgana com um aceno antes de proferir palavras frias que fizeram o coração de Cedric acelerar. —Com a cooperação do general Magnus, descobrimos que a magia que destruiu os magos vem de tua família, então supomos que tuas habilidades despertaram e foste o causador da destruição dos magos negros.

—Usaremos essa versão —prosseguiu Magnus —te tornarás um símbolo, um poder de união que trará ao reino uma era de paz.

—Lamentamos não te dar privacidade, mas já tomamos uma decisão, teu dever é servir ao reino— disse o príncipe Adrian.

A tensão no ar era palpável, e a sombra dos segredos ocultos parecia crescer a cada segundo que passava.

— Pai, o que aconteceu naquela noite foi... incomum. Eu, não quero admitir, mas naquela noite estava tão estressado que não pude controlar o que havia dentro de mim —mentiu Cedric, mantendo o olhar baixo.

Magnus o escutou atentamente, avaliando suas palavras. A diretora Morgana também permanecia séria, enquanto o príncipe Adrian assimilava a informação com interesse.

— Entendo, Cedric. Às vezes, a descoberta de novos poderes pode ser avassaladora. Estamos aqui para te ajudar a entender e controlar essa magia —comentou Magnus com uma expressão que Cedric não conseguiu decifrar.

O príncipe Adrian interveio com um gesto de aprovação.

— Serás honrado como um herói em nosso reino, Cedric. A história te lembrará como o mago corajoso que emergiu em um momento crítico. Teu ato, embora impulsivo, salvou muitos. O reino estará agradecido.

Cedric, sentindo um alívio momentâneo, agradeceu interiormente por sua mentira parecer ter surtido efeito. Embora a satisfação de ser considerado um herói se misturasse com a culpa de ocultar a verdade sobre Lysander.

— Aprecio a compreensão, príncipe Adrian. Farei o que estiver ao meu alcance para compreender e controlar este poder recém-descoberto —respondeu Cedric com falsa humildade.

Morgana Ironspell, com seu olhar perspicaz, assentiu.

— Ofereceremos recursos e orientação para que possas desenvolver tuas habilidades de maneira segura. Agora vai e descansa, Cedric. O reino precisa de ti forte e preparado.

Cedric, com uma mistura de gratidão fingida e temor oculto, deixou o escritório. A porta se fechou atrás dele, deixando-o sozinho com seus pensamentos tumultuados e o peso da mentira que tinha tecido para proteger seu filho.

O ar na sala ficou denso quando Magnus saiu atrás dele.

Magnus observava seu filho com um olhar penetrante, avaliando cada gesto e cada palavra com uma mistura de orgulho e desaprovação. Cedric sentia-se preso em uma teia de mentiras e segredos, consciente de que qualquer passo em falso poderia ter consequências devastadoras.

— Cedric, tomaste uma decisão corajosa ao assumir a responsabilidade pelo que aconteceu naquela noite. Mas deves compreender as implicações de tuas ações, se queres manter a farsa de assumir o papel que escolheste para proteger teu filho, terás que colocar todo teu empenho em tornar-te o herói que surge apenas uma vez a cada milênio —começou Magnus, sua voz ressoando com autoridade.

Cedric assentiu, com a mente trabalhando a toda velocidade para encontrar uma maneira de manter a farsa e proteger Lysander. Seu pai Magnus sabia a verdade, não podia mentir para aquele homem, não para quem o tinha criado.

— Sei que não foste o aluno mais dedicado, Cedric. Mas se estás disposto a seguir em frente com essa farsa, precisarás de treinamento. Precisarás aprender a controlar esse poder que fingiste ter —disse Magnus, seu tom grave e sério.

As palavras de seu pai ressoaram na mente de Cedric, lembrando-lhe das lições não aprendidas e das oportunidades desperdiçadas no passado. Tinha fugido do treinamento, buscando a gratificação instantânea em vez de enfrentar a disciplina e o sacrifício necessários para dominar a magia.

— Entendo, pai. Farei o que for necessário para manter esta mentira e proteger Lysander —respondeu Cedric, com determinação em sua voz.

Magnus assentiu, um lampejo de aprovação passando por seus olhos antes de desaparecer na escuridão.

— Então nos veremos ao amanhecer, Cedric. Espero que estejas pronto para o que vem a seguir —disse Magnus, sua voz ressoando com solenidade.

Com essas palavras, Cedric se despediu de seu pai e saiu do quarto, com o peso de suas decisões pesando sobre seus ombros.

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