Aproximação

O bilhete misterioso que estava em cima do pote de açúcar, havia sido feito ás pressas, escrito a caneta em um guardanapo de papel:

" Leyne, quando ele te disser que pode ir embora, não hesite, vá embora no mesmo momento"

Com o bilhete nas mãos Leyne encostou na parede da cozinha.

Leyne: {É verdade... Quase me esqueci que agora estou seguro. Vou poder ir ficar com o meu tio Billy. Só que eu não posso ir embora antes de cuidar do Tez. Ele merece isso, afinal salvou a minha vida.}

Leyne guardou o bilhete, terminou os afazeres na cozinha e foi para o jardim. Ele olhou ao redor, antes de ir buscar o que precisava no quartinho ao lado. Com um regador em mãos, ele foi molhando uma a uma das sementes que havia plantado primeiro, no local onde ele caiu.

Leyne: Olha só! Até que é rápido para nascer alguma coisa... Não sei o que é, mas você está brotando com certeza amiguinha. Uma vez ouvi dizer que se falarmos com as plantas elas crescem mais rápido, então se apresse. Quando eu for embora seria interessante não ter um buraco aqui, para que o Tez não fique se lembrando o tempo inteiro que eu amasse os seus familiares.

...

Ao cair da noite, Leyne estava cansado. Assim que deitou em sua cama, dormiu imediatamente.

Algumas horas depois, Leyne despertou sentindo um peso em sua cama. Assustado ele se levantou com tudo e acendeu a luz do abajur.

Leyne: Tez? O que... Você precisa de alguma coisa?

Tez estava sentado de lado, na beirada da cama.

Tez: Eu não queria te assustar. Acordei agora e como você não ficou do meu lado, vim ver como estava. Eu não disse que a minha cama é a mais confortável?

Leyne: É... Você disse sim. Mas não é correto eu dormir no seu quarto. Ainda mais porque você é uma pessoa ferida em recuperação.

De repente Leyne reparou na ferida da barriga de Tez, ao ver ele sem camisa. Com a expressão de surpresa, ele se levantou.

Leyne: Céus! Eu esqueci de trocar seu curativo. Vem aqui!

Todo atrapalhado, Leyne colocou Tez sentado em sua cama e correu para fora do quarto, voltando em menos de um minuto com uma caixinha de primeiros socorros.

Leyne: Me desculpa Tez. Eu esqueci mesmo. O Médico estava falando, que limpar bem e trocar o curativo é muito importante para a ferida não infeccionar. E essa tarefa ficou logo comigo, que não ando raciocinando muito bem... Mas não se preocupe, eu vou fazer tudo direitinho.

Tez ficou observando a sua ferida sendo tratada com toda a delicadeza, e em seguida ser coberta por um novo curativo.

Leyne: Pronto! Eu vou deixar aqui no meu quarto, para ficar perto. Não posso esquecer de novo, amanhã pela manhã vemos como está, e qualquer coisa eu já troco e... E... Tez, não me olha desse jeito.

Tez: De que jeito?

Leyne: Assim... Com esses olhos... Você fica me olhando assim, e eu não sei o que você esta pensando, as vezes não sei se fiz o certo, ou se acabei deixando você aborrecido.

Sem demostrar atenção às palavras de Tez vinha se aproximando para beijar Leyne outra vez, então, percebendo o que ia acontecer Leyne se esquivou e escapou.

Leyne: Tez! Você sempre faz isso porque quer que eu fique quieto. E eu falo por nós dois, ou até por umas três pessoas... Eu sei. Mas... Por favor Tez, eu queria entender porque faz isso?

Tez: Você não quer ficar perto de mim?

Leyne: Eu... Quero. {O que eu estou dizendo?}

Tez: Então não pode fugir de mim.

A medida que Tez se aproximava, Leyne dava um passo para trás.

Tez: Se você for mais para trás vai bater na parede.

Leyne: Então para de vir para frente! Você me deixa nervoso.

Leyne se abaixou passando por baixo do braço de Tez.

Leyne: É melhor você ir dormir! Tem que descansar bem.

Tez: Ok, então você vem dormir comigo.

Leyne: Quê?

Tez pegou na mão de Leyne, e o levou até o seu quarto.

Tez: Eu vou dormir, mas você dorme aqui também.

Leyne: Olha, você disse que ia dormir, então vai ter que fechar os olhos e dormir mesmo hein!? Eu não me sinto nada confortável assim.

Tez: Se você não parar de falar, vou beijar você ao envés de dormir.

Leyne: Tá... Eu entendi.

Leyne deitou na cama e colocou o travesseiro sobre a cabeça.

III

Ao abrir os seus olhos pela manhã, Leyne se viu envolvido pelos braços de Tez, seu rosto, repousava no braço dele.

Leyne: {Não sei dizer se isso foi confortável para ele. Para mim, foi estranho}

Tez: Você já acordou. Que bom, vamos para a cozinha?

Leyne: Não. Você fica aqui descansando, e eu vou.

Tez: Vamos fazer da forma que eu falei. Descermos os dois. Eu me sinto muito melhor que ontem, e preciso cuidar das minhas coleções, e minhas plantas.

Leyne: Das Plantas eu cuidei ontem, e venho cuidando. Sobre a sua coleção, se está se referindo aquelas facas, posso ajudar se me ensinar o que devo fazer. Vou te ajudar em tudo, enquanto não vou para casa.

Tez: Ah... Que bom que cuidou das plantas...

Leyne: Vamos juntos então.

Leyne se sentou na cama.

Leyne: Mas antes deixa eu ver a ferida.

Enquanto Leyne examinava a ferida o som de um carro estacionando pode ser ouvido.

Leyne: Deve ser o Rodrigo... Ele disse que viria hoje. Ele tem as chaves?

Tez: Sim, ele tem. O Rodrigo parece ter gostado de você.

Leyne: Eu também gostei dele.

Tez: Porque gostou dele?

Leyne: Acho que é por causa da nossa idade, e de algumas outras coisas em comum. Além disso, já dei mais pontos para ele, pois foi a primeira pessoa que elogiou a minha comida.

Tez: Leyne?

O rosto de Leyne se ergueu lentamente para olhar para Tez.

Leyne: Sim?

Tez: Você vai voltar para a casa do seu tio Billy, ou vai para o centro da cidade novamente?

Leyne: Ah! Essa resposta eu já sei dizer... Para a casa do meu tio Billy. Não quero mais saber de trabalhar em empresas. Vou tentar fazer alguma outra coisa, tipo vender peixes, ou abrir uma quitanda. {Ele ter perguntado isso, me fez lembrar das palavras do Rodrigo escritas no bilhete. }

... Quando eu posso ir embora Tez?

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