Intenção Revelada

 Sentado no chão, encostado na porta, um turbilhão de pensamentos passavam pela cabeca de Leyne. Ele não percebeu quanto tempo ficou ali, ate baterem na porta.

Tez: Leyne? A Porta está trancada, tudo bem?

Leyne: { O que eu posso fazer? Não tem como eu me safar dessa... A menos que eu consiga um brecha para fugir daqui... E pensar que tive tantas oportunidades ontem}

Ao se levantar, ele secou as lagrimas e abriu a porta.

Tez olhou para ele.

Tez: Estava chorando?

Leyne: É... Eu estava... Mas não precisa se preocupar, estou bem.

Leyne terminou de falar indo se deitar na cama.

Tez: Vou fazer uma sopa para você, acho que algo mais leve vai ser melhor. E você não pode ficar sem comer.

Leyne: {Que engraçado, se ele vai me mandar para morte eminente, porque ele ainda quer me alimentar?}

...

Leyne: Não estou com fome! Não se preocupe comigo. Com certeza você tem mais o que fazer.

Tez se sentou na cama ao lado dele.

Tez: Lembra quando você caiu no meu jardim, e eu te disse que saberia se estivesse mentindo?

Leyne: E se eu estivesse iria me matar, certo? Eu me lembro sim. Pode fazer as honras.

Tez segurou os dois braços de Leyne o trazendo para perto de si.

Tez: Ouça bem, não gosto de brincadeiras. Você mentiu! Me diga agora qual é o problema de verdade!

Leyne: A verdade é que, eu sei que não quer me deixar ir embora, para me entregar nas mãos dos inimigos!

Leyne desabou em lagrimas

Leyne: Que porcaria era aquela de destino que disse? Estava brincando comigo? Não entendeu a forma que eu trouxe aquelas palavras para mim? Elas me deram esperança! Porque desde que eu caí do seu muro, eu fiquei seguro. Não senti frio, e fui alimentado... Pode parecer pouco para você, porque nunca chegou ao fundo do poço!

Tez soltou os braços de Leyne

Tez: Você acha que não tem consequências invadir a casa de alguém? Essa fantasia toda, foi você que criou na sua mente.

Tez se afastou de Leyne e parou encostado na porta.

Leyne: Porque está falando assim tão frio agora? Estava me tratando bem...

Tez: Eu não tenho obrigação de te tratar bem! Eu só não queria que morresse de fome. Te ajudei como faria com qualquer outro na rua.

Leyne: Porque você correspondeu aquele beijo?

Tez: Eu sei lá. Isso não importa. Quer saber, se você não quer comer, então eu vou fazer as minhas coisas.

Tez desceu as escadas.

Leyne: { Tudo isso para nada? Eu tenho que fugir!}

...

Na cozinha Tez pegou algumas verduras e legumes e cozinhou uma sopa. Assim que terminou, foi caminhando para a sala de coleções, mas parou na frente da parede de retratos.

Tez: Taissa... Eu vou conseguir cumprir a promessa. E Me perdoe por demorar tanto.

Tez tocou no porta retratos onde ele estava sorrindo ao lado da irmã.

A campainha tocou e Tez foi atender. Não havia ninguém, mas uma carta estava no chão. Tez abriu.

"Recebemos sua mensagem sobre a troca. Eu aceito, mas não iremos até você. Venha para o porto do oeste as cinco horas da tarde de hoje. Aguarde na frente de um barco chamado 'Tenência'. Não esqueça nossa moeda.

Richard Maldonado."

Tez amassou a carta e jogou no chão irritado.

Tez: Droga! Eu deveria esperar por isso. Ele é esperto....

Caminhando em passos pesados, Tez entrou na sala de coleções. Ele abriu o armário.

Tez: Vou precisar incomodar o descanso de vocês.

...

Leyne desceu as escadas com a barriga roncando de fome. Ele encontrou fácil a sopa feita em cima do fogão, e se serviu.

Leyne: {Ele disse que não ia fazer nada... O que isso significa?}

Com um tapa no próprio rosto, Leyne tentou voltar a real.

Leyne: {Estou parecendo um garoto do colegial. Não adianta pensar em sentimentos na situação em que estou. Eu preciso fugir logo. E se eu aguentei vivo esses meses, é porque eu soube fazer isso muito bem}

Nas últimas colheradas da sopa, Leyne percebeu que Tez o observava da porta da cozinha.

Leyne: Não fala nada! Se você fez essa sopa era porque sabia que eu ia comer. Não vou te agradecer por isso.

Tez: Já que terminou, se arrume e pegue um casaco. Vamos sair.

Leyne: O que? Vamos sair?

Tez: É isso mesmo. Vai logo, estou aguardando na sala.

A tigela de sopa foi deixada sobre a mesa, e Leyne subiu para obedecer às ordens de Tez. Ele se arrumou pegou um casaco que estava no armário.

Leyne: {Tenho que ficar ciente que isso não é um encontro, ou um passeio. Ele deve estar me levando para os meus inimigos. Agora é o momento. Tenho que aproveitar qualquer oportunidade de escapar.}

Quando Tez olhou para Leyne, ficou quieto por alguns segundos. Leyne estava com os cabelos castanho claro jogado de lado. A calça que usava, era uma das novas no seu tamanho que Tez mandou comprar.

Tez: {Ele ficou muito bem em roupas do tamanho correto.}

Leyne sorriu maliciosamente.

Leyne: Estou bonito?

Tez: Vamos logo. Temos pouco tempo.

Apressado Tez desviou o olhar e foi abrindo a porta da garagem.

Tez: Entra!

Leyne: Eu nem tinha visto que era uma garagem aqui. Porque tem três carros? Todos eles são seus?

Tez: Sim. Coloque o cinto.

Leyne: Ta bom.

...

O carro saiu da casa e seguiu à caminho do porto do oeste. No caminho Tez permanecia calado, o que já estava deixando Leyne ainda mais nervoso.

Leyne: Para onde você está me levando?

Tez: Isso não importa.

Leyne: Importa sim. Eu estou muito bem arrumado, e á propósito obrigada pelas roupas.

Leyne sorriu de forma amável.

Tez: Eu... Pedi para o Rodrigo ver isso. Ele entende mais que eu.

Leyne: É verdade. Temos praticamente a mesma idade, e ele é bem agradável. Foi divertido jogar cartas com ele, mesmo eu não tendo ideia de que ele iria me vencer assim, facilmente. Tudo bem então, quando você ver ele novamente, agradece ele por mim. Já que está ficando óbvio que eu não terei a oportunidade...

Tez: Cala a boca!

Leyne se assustou.

Tez: Eu não quero que fale mais até chegarmos, entendeu?

Leyne assentiu com a cabeça, enquanto seus olhos se encheram de lágrimas.

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