capítulo 10

           O homem a nossa frente nos direcionava ao meio do estádio e mal tínhamos chegado e logo em seguida, da outra ponta do Centro de Treinamentos, apareceu um homem de aparentes 25 anos. Seu olhar era sério e firme, com um toque claro de arrogância assim como o seu andar.

 Ele emanava poder e dominância. Era um homem belo, eu não podia negar, com os cabelos loiros soltos batendo em seus ombros largos, sua boca era mediana e seu maxilar definido coberto por uma barba um tanto desgrenhada. Ele não usava um terno, mas isso não o deixava menos elegante, utilizando calças caqui em um tom claro e uma blusa social azul-escura com as mangas arregaçadas. Ele não tinha aspecto italiano, na verdade, parecia mais com um surfista arrumado, um belo e arrogante surfista. Talvez não fosse daqui também.

             Enquanto se aproximava, ele olhou para nós de forma avaliadora, como se tentasse ver qual de nós seria o mais fraco e se realmente merecíamos estar ali. Detestei isso.

           Mal ele se aproximou e todos abaixaram ou desviaram o olhar como se encará-lo fosse algo desconfortante, como se a sua autoridade em si fosse desconfortável, mas eu não me deixaria abalar por isso, então o encarei e o observei se aproximar, e pude ver que isso não passou despercebido. Ele deu um sorriso sarcástico para mim como se me perguntasse: você realmente quer manter com isso? Apenas ignorei e o encarei de volta como resposta final, e isso não pareceu agradá-lo.

Eu não abaixaria minha cabeça para qualquer um só porque se achava poderoso. Se quisesse respeito, teria que merecê-lo e tocando terror em nós, não era um jeito de ser respeitado.

            — Bem vindos à alcateia Luar de Prata, como muitos devem saber  estamos em meio a um conflito, por isso preciso de mais pessoas para me ajudarem a proteger a alcateia. Como devem ter visto a caminho daqui, ela é enorme e preciso cada vez mais lobos para defendê-la. Ainda preciso de mais gente e estou pegando de várias alcateias com a autorização do supremo alfa, por isso será frequente o acréscimo no número de pessoas por aqui.

        " Trouxe vocês para esclarecer algumas regras básicas de convivência importantes para saberem antes de descansarem. Não quero ter problemas por falta de aviso, sou muito atarefado para me preocupar com intriguinhas de novatos. Vamos às regras então:

         1° regra: vocês terão os seus turnos e não adianta reclamar sobre eles ou cabulá-los, a alcateia pode ser grande, mas eu sei de tudo o que se passa aqui;

         2° regra: qualquer briga a base de luta que não seja para o treinamento de vocês será punida da pior maneira possível;

          3° regra: vocês terão no mínimo quatro horas de treino, no caso você escolhe antes ou depois dos seus turnos;

          4° regra: não adianta pedir para visitar seus familiares fora de suas folgas, o seu dever é para com a alcateia;

        5° e última regra: não gosto que me enfrentem ou respondam, questionem qualquer coisa que eu mandar, se eu mandar para fazer é para fazer, eu sou a autoridade daqui e gosto de ser tratado como tal. Entendido!? — noto que se referiu especialmente para mim já que seus olhos estavam voltados para os meus enquanto comunicava a última regra. O encarei de volta deixando claro que ele teria grandes problemas comigo e isso pareceu deixá-lo ainda mais zangado.

            — Sim, alfa — respondo junto ao coro e ele abre um sorriso demonstrando satisfação.

            — Ótimo, teremos alguns guias para mostrar a vocês alguns lugares da alcateia e depois te levarão para cada uma de suas casas — ele terminou indo embora, não dando a oportunidade de se esclarecer dúvidas, caso houvessem alguma.

           — Muito bem, pessoal, iremos dividir o grupo em caçadores, espiões e vigias — falou um homem que parecia ser o guia que o "alfa arrogante" havia falado, tinha mais outros dois ao lado com expressões serenas.

          — Os vigias venham comigo — falou o da esquerda que vestia uma blusa verde e alguns foram em sua direção. Logo em seguida partiram.

           — Os espiões comigo — disse o do meio, este vestindo uma blusa roxa. Mais alguns foram com ele restando os que seriam rastreadores como eu. Apenas ficou um de camisa preta.

          — E os que sobraram, me sigam — ele falou, iniciando uma caminhada a qual todos seguiram. Me senti como um filhotinho de pato indo atrás da mamãe pata — aqui como viram é o campo de treinamento, mais a frente, o refeitório e do outro lado os vestiários e aqui a sala do alfa — comentou rapidamente apontando para várias direções me deixando perdida. Ele saiu do centro de treinamentos e nos encaminhamos para um ônibus menor. Enquanto voltávamos para a alcateia, ele começou a dizer um pouco sobre a alcateia.

         — Como puderam ver, aqui possui os próprios campos de plantação, assim nos tornamos autossuficientes. Esses daqui são campos de trigo de uma fazenda administrada pelo próprio alfa, parte do trigo é direcionado a alcateia e outra parte a exportação, e assim é com mais metade das fazendas daqui. Nós nos localizamos perto de outra cidade humana, só que é pequena e estamos separados por uma enorme e densa floresta considerada assombrada por eles, além de estar com uma barreira mágica que impede a aproximação de outros humanos, por isso nenhum humano conseguirá entrar em nosso território, exceto se tiver laços com algum de nós, sendo assim, caso encontre um humano leve-o ao alfa - ele diz para nós, enquanto apontava para a floresta. Mas isso era algo que todos nós sabíamos, em nossa alcateia e em qualquer outra isso era bem comum, foi assim que meu pai encontrou a minha mãe, quando ele se perdeu na floresta e ela o encontrou... Solto um suspiro e volto minha atenção para o guia que ainda comentava sobre a fazenda e suas plantações.

        O ônibus parou no centro da cidade e desembarcamos com o guia começando a falar sobre a alcateia em si. Mostrando diversos lugares e nos mostrando locais em que poderíamos recorrer. Enquanto ele falava, eu prestava atenção, ou pelo menos tentava, até que senti alguém roçando os dedos em minhas mãos.

        — Oi Kate — um garoto me cumprimentou, era alto de cabelos pretos e pele morena, ele parecia ser muito mais italiano que o nosso alfa e se não me enganava seu nome era Alex, o lobo de pelos avermelhados que capturou o Hipreston na primeira turma.

         — Alex, certo? — pergunto receosa, eu não me lembrava ao certo, era mais um palpite. Era péssima para relembrar nomes, pensando bem, sempre fui.

        — Exatamente, você foi bem na prova — me elogio fazendo com que corasse. Realmente, eu não esperava por aquilo. Dois elogios por duas pessoas diferentes em dois dias seguidos? Era realmente um milagre.

         — Você viu? — perguntei envergonhada, me lembrando de meu erro na minha tentativa falha de não capturar o animal.

         — Não tinha como não ver — responde com um sorriso sapeca nos lábios, então ele também espiou pelo Tablet da treinadora, embora não era difícil de ver, era como se ela quisesse que realmente víssemos, nem se dando o trabalho de esconder, nem que seja, um pouquinho as imagens das câmeras.

        — Você também foi ótimo! – retruquei de volta. E falava a verdade, todos tentaram repetir suas táticas. Ele, sim, merecia aquela vaga e não eu que acabei vindo por mero acaso do destino.

        — Ó pombinhos, desculpa atrapalhar o clima, mas se vocês não quiserem se perder nessa cidade é melhor prestar atenção, quem sabe vocês escolham um lugar para se encontrar? — disse o guia claramente irritado por não ligarmos a mínima no que ele dizia e como vingança ele estava tentando nos envergonhar dizendo aquilo tão alto na frente de todos.

        — Tem toda razão, precisamos achar um lugar romântico para marcarmos um encontro, não é mesmo querida? — Alex me pergunta com uma piscadela e sorrio. Claramente ele fazia isso para irritar o guia, afinal o objetivo dele era nos envergonhar e quando viu que não obteve sucesso fechou ainda mais a cara e continuou a apontar os lugares ao nosso redor.

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