— Nós seremos as próximas, então fique preparada — ela sussurra para mim e eu apenas aceno com a cabeça. A luta finaliza com o apito do treinador. Os vencedores foram a dupla dos dois homens. Suspirei e olhei para os nossos adversários que já adentravam a arena. Mariane e eu subimos juntas e encaramos os nossos oponentes. O treinador apitou e a luta se iniciou.
Uma garota loira veio para cima de mim, mas desviei de seu golpe. Me virei para trás e a vi se preparando para um chute. Desviei novamente. Ela então tentou um soco em minha barriga, peguei o seu braço e o torci, ela gritou de dor. Dei uma rasteira em seus pés e ela caiu no chão desnorteada. Olhei para o lado e vi Mariane tentando desviar dos golpes do grandão que a cercava na grade. Cheguei por trás e dei um chute em suas costelas, Mariane viu a oportunidade e distribui um soco na barriga do cara. Ele pegou o braço dela e o torceu fazendo com que ela se ajoelhasse perante ele, vendo a situação de minha parceira, dei um chute alto direcionado a seu pescoço, Mariane voltou com uma joelhada e então com o soco giratório em sua bochecha e eu finalizei com um chute deixando-o nocauteado no chão. O treinador apita.
— Essa luta foi de crianças, mas da para o gasto. Podem ir para as suas casas, se prepararem para o turno que começa daqui a uma hora - ele nos libera e não consigo conter um sorriso de felicidade. Eu teria tempo para tomar um banho e tirar o suor que se impregnava em meu corpo e também teria um tempo para comer algo e ligar para o meu pai. Estava quasa pulando de alegria pelo treino ter finalmente terminado.
— Uouuu! Você viu como eu deixei a cara nocauteado!? Eu dei uma joelhada e depois um soco — fala animadamente demonstrando como fez — e então você finalizou com um super chute e ele caiu — termina me fazendo rir pela sua empolgação.
— Tenho que admitir, você luta bem — comento fazendo com que ela sorria ainda mais animada.
— Sabe, eu acho que vou levar café, refrigerante, qualquer coisa que tenha cafeína o suficiente para me deixar acordada ou talvez energético. Vou tomar tanto energético que vou ficar acordada por dois dias!
— Falando em energético, você por acaso tomou antes de vir? — pergunto contendo um sorriso.
— Claro que sim! Olha aqui a minha unha quebrada? A gente cicatriza rapidamente, mas a unha não cresce! — muda de assunto, fazendo com que me perca. Então respondo confusa:
— Mas são coisas totalmente diferentes!
— Não são! Quando você quebra uma unha de certo modo você está machucado, então era para crescer outra! — comenta me fazendo rir. O que dizer de Mariane? Parecia uma criança ligada ao 220v devido a sua energia.
Depois de nossas discussões e suas variações de assuntos, fomos cada uma para sua própria casa se preparar para o turno que começaria em breve. Tomei um banho rápido e depois preparei macarronada, que era algo bem rápido e fácil de fazer. Quando terminei de comer resolvi tentar fazer uma ligação para meu pai, quem sabe tivesse sorte e ele já tivesse saído do trabalho? Começo a discar o número e começa a chamar.
— Alô? — ele atende e meu coração começa a bater de alegria.
— Oi pai! É a Kate...
— Oi filha! Como você esta? Esta tudo dando certo? — era uma ótima pergunta. Nem mesmo eu sabia responder. Resolvi optar pelo óbvio e básico.
— Sim, tirando o fato de meu italiano ser péssimo, consegui me virar - comentei com humor na voz, fazendo com que ele risse.
— Fico feliz que esteja dando certo, quando começa o seu turno? — olho para o celular e vejo que faltava meia hora para que começasse.
— Meia hora, ainda tenho tempo.
— Que bom, então? Como é a cida... Alcateia? — ele se perde nos termos e eu sorrio. Começa a comentar o tamanho do lugar, as aventuras do meu primeiro dia oficial aqui, falo sobre a minha casa e ele escuta atentamente, às vezes fazendo comentários engraçados me tirando risadas.
— Pai eu preciso ir, tenho que ir para o meu turno, se chegar atrasada o meu alfa vai ter um chilique — nos despedimos e finalizo a chamada. Quando olho para meu celular vejo que faltava apenas dois minutos.
— Merda — murmuro e saio correndo para o local onde faria o meu turno. Quando finalmente chego me deparo com Mariane encostada em uma árvore me esperando.
— Por que demorou tanto Kate? — Pergunta Mariane assim que me vê chegando.
— Liguei para o meu pai e perdi o tempo. O alfa percebeu que não estava aqui? — indago olhando os arredores.
— Não sei, mas ele não deixa escapar nada. Ainda mais quando se trata de você, que vive desafiando ele — me acusa deixando-me ofendida. Como assim eu que vivo desafiando ele? É ele que é um cara chato a ponto de qualquer comentário sobre ele ser levado na ofensa.
— Eu não desafio ninguém! Só comento o que acho, se ele não gosta, o que posso fazer? Por acaso vai enfiar esparadrapo em minha boca?
— É uma ótima ideia senhorita Kate, aliás está sendo analisada — falando no diabo, aparece o rabo! Parece que só de pensar já o invoca — e pelo que vejo você esta atrasada; por isso, vai ficar duas horas a mais no trabalho.
— Você esta brincando né? – indago incrédula.
— Eu tenho cara de quem brinca? — retruca olhando diretamente nos meus olhos, seu rosto estava sério não deixando um resquício de humor. E depois fica bravo quando comento que mais parece um velho.
— Mas eu cheguei apenas 5 minutos! Todo mundo já se atrasou para algum compromisso, até mesmo você! — ele se aproxima de meu rosto, ficando a mililitros de distância.
— Três horas a mais que seu turno!
— Mas...
— Quatro horas a mais! Ou você quer ficar por mais tempo? — não respondo nada, apenas com um cara emburrada. Ele pareceu ficar contente por isso — melhor se transformarem — ele fala ainda me encarando. Mariane se transforma silenciosamente tentando não participar da briga, mesmo que isso significasse suas roupas rasgarem. Eu retiro minha roupa para não rasgar, até porque não existe nenhum dinheiro que aguente tanta compra de peças e, por outro lado, queria mostrar que não me senti intimidada e muito menos com vergonha em relação à Jared. Enquanto me despia, ele me olhava atentamente ate retirar a última peça e finalmente me transformar.
— Fiquem rodeando a casa de maneira que possa saber tudo o que passa aqui. E quaisquer movimentos estranhos avisem o supervisor de vocês, assim que o avisarem ele virá e verificará o que tem de errado. Podem começar o seu trabalho — ele fala e depois se retira. Eu e Mariane começamos a rondar o território da casa por um tempo em silêncio até que ela não aguentou e começou a tagarelar.
— Sabe, não sei por que vocês se odeiam tanto. Tipo ele é até gente boa, só você que tem raiva dele.
— Eu não fiz nada! Ele que começou a ampliar meu turno!
— Por que será? — pergunta sarcástica
— Eu vou saber? Isso é coisa dele! Não tenho culpa se ele não aguenta ouvir comentários que não seja para agradá-lo.
— Não são apenas comentários Kate, você fica ofendendo ele! Se você continuar assim vai acabar expulsa! — ela tenta me prevenir, mas não ligo. Não vou abaixar a cabeça para alguém que não gosta de ser contrariado.
— Que seja!
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Atualizado até capítulo 33
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