Estava aguardando o ônibus segurando a minha mala de rodinhas e mais duas grandes bolsas. Confesso que achei que iria me atrasar, porque esqueci de colocar o relógio para despertar, ele só estava programado de segunda a sexta, então como hoje era sábado ele não tocou, sorte que meu pai acordava cedo e me despertou.
Me arrumar foi a parte mais fácil, agora organizar a mala... A cada coisa que eu colocava era uma que esquecia, cheguei ao ponto de quase esquecer meu netbook, minha escova de dentes e a toalha... Felizmente o ônibus passaria em minha casa por último, então tive um tempo para me organizar e relembrar das coisas que estava esquecendo.
A viagem sem dúvidas seria longa, o ônibus nos levaria até o aeroporto dos humanos, dali faríamos um voo longo até uma cidade humana próxima a nossa nova alcateia e novamente pegaríamos outro ônibus. Se eu estava ansiosa para fazer uma viagem de 17 horas? A resposta era claramente não, ainda mais quando eu não queria a viajar ao todo. A única coisa que eu poderia agradecer era que eu seria a última a ser pega e poderia aproveitar uns últimos momentos com o meu pai. Nesse momento quis agradecer o fato de morarmos perto da via que nos levava para fora da alcateia.
Meu pai escolheu morar perto da estrada que dava para fora da alcateia para que ele pudesse facilmente ir de carro para o serviço dele, que ficava em uma cidade próxima. Aqui ele não teria conseguido um emprego, afinal não tinha nenhuma firma, embora fosse igual a uma cidade era pequena e não valia a pena o investimento, assim como também não valia a pena construir e manter um aeroporto. Talvez no meu novo lar tivesse um, afinal era uma das maiores e importantes alcateias do mundo.
Passada meia hora, o ônibus chegou, estava abraçada ao meu pai, conversando com ele que nem percebi o tempo passar. Antes de partir dei um último abraço nele, e possivelmente o último no sentido literal da coisa. Não sabia quando o veria novamente - e se o veria algum dia - só sei que esse abraço foi o mais forte e longo que já dei nele. Seu perfume e o conforto que senti seriam lembranças que me acompanhariam pela viagem e todas às vezes que me sentisse só. Era até estranho depois de um longo tempo abraçá-lo novamente, mas sem sombra de dúvidas eu gostava disso, de me sentir confortável e amada depois de tanto tempo. Tinha até recebido um colar de presente!
— Te amo pai! — digo emocionada, sentindo que a qualquer momento lagrimas pudessem me escapar.
— Também te amo filha, você vai sempre ligar para mim certo?
— Sempre! Preciso ir... Tchau pai, te visitarei logo — respondo, enquanto pego minhas coisas e entro no ônibus, sem saber se eu cumpriria realmente a última promessa. Dou uma rápida olhada em minha casa e em meu pai. Como previsto Jessica e Laila não vieram, dizem elas que se me vissem partir iriam desabar em lagrimas e não queriam me desencorajar, mas eu realmente não sabia se era mesmo verdade…
Mal havíamos pousado e recebemos a notícia de que seriamos encaminhado diretamente ao Centro de Treinamentos, pois segundo alguns precisávamos saber de certas regras antes de fazer qualquer coisa (inclusive descansar de uma viagem longa e extremamente cansativa). Isso só poderia ter sido ordem do nosso novo alfa, por que será que estou tão surpresa? A cada momento, sentia meu ódio por ele se intensificar...
Nosso ônibus corria pelas ruas da nova alcateia e pude observar bem o meu novo lar. Jamais poderia dizer que havia qualquer semelhança entre essa nova alcateia e a minha antiga. Essa era uma cidade enorme, com cafés, inúmeras lojas pelas ruas, vários parques espalhados, passamos até mesmo na frente de um cinema. Me peguei perguntando a mim mesma se talvez houvesse um shopping devido ao tamanho daquele lugar. Ali também possuía várias outras espécies de sobrenaturais além de lobos, embora isso não fosse algo muito comum já que bruxos, vampiros e entre outros tinham suas próprias povoações. Mas isso não significava que eles deixariam de visitar, ou até mesmo morarem, em outros lugares ou criarem intrigas com espécies diferentes.
Nosso transporte começou a se distanciar da bela cidade e entrou em ruas de terra. Achei curioso o fato de o Centro de Treinamentos ser tão longe de Luar de Prata, na minha antiga alcateia ele ficava localizado bem no centro, tudo bem que ele não era muito grande então não ocupava muito espaço.
Depois de mais alguns minutos passando por paisagens de plantações, o ônibus começou a se aproximar de uma espécie de estádio de futebol. Eu pensava que iriamos ao Centro de Treinamentos e ouvir o blá blá do alfa e não a assistir à partida chata de futebol americano.
Ao estacionarem o ônibus em uma vaga, descemos em fila e quando todos já havíamos desembarcado, um homem nos encaminhou para dentro do enorme estádio e enquanto andava para aquele edifício colossal me perguntei como seria por dentro e o que estávamos fazendo ali.
Quando finalmente entramos, me surpreendi ao ver um campo de treinamento. Havia vários membros da alcateia treinando, alguns fazendo corrida ao redor daquele enorme campo, outros, reflexões e abdominais e uns fazendo pares de lutas. Aquele era o Centro de Treinamento deles, colossal e várias vezes maior que de meu antigo lar, como quase tudo ali. Confesso que estava um tanto intimidada com tudo, me lembrando de que aquele não era meu lugar e que eu estava ali por pura sorte (ou falta dela).
Nunca pensei muito, mas um dos muitos motivos de não querer vir era porque não me sentiria encaixada justamente no naquele lugar que deveria ajudar a proteger. Me sentia insignificante. Como alguém como eu poderia ajudar num lugar tão imenso? Uma simples loba de uma alcateia inferior aquela...
O homem a nossa frente nos direcionava ao meio do estádio e mal tínhamos chegado e logo em seguida, da outra ponta do Centro de Treinamentos, apareceu um homem de aparentes 25 anos. Seu olhar era sério e firme, com um toque claro de arrogância assim como o seu andar.
Ele emanava poder e dominância.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Maria Nice Grudgen
Coragem garota, siga em frente.
2023-11-25
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