capítulo 19

 — Muito bem caramello di nonna! — parabeniza Jared dando-lhe um aperto carinhoso na bochecha. Seguro a risada para o meu próprio bem — irei continuar a preparar o café da manhã — anuncia, virando-se para a porta, mas antes de partir, para e nos encara — Sem brigas — após o seu aviso, ela some novamente para a cozinha.

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       Depois de algum tempo em silêncio, começo a batucar meus dedos na mesa freneticamente para passar o tempo, não conseguia ficar parada em um lugar por muito tempo, nós lobos respirávamos adrenalina e ficar parado não era uma questão a ser cogitada. Jared começa a me olhar com raiva e mesmo assim continuo.

        — Você poderia parar? — ele pergunta e é evidente que tenta controlar a sua raiva.

       — Por quê? — pergunto de volta e dou uma batucada de leve na mesa novamente. Contenho um sorriso de divertimento.

       — O barulho me irrita, será que pode parar, por favor? – era nítido que se esforçava para não avançar contra a minha garganta em um ímpeto de me assassinar. Paro de batucar e ele apresenta uma expressão de alívio. Resolvi ceder, considerando o seu esforço, mas é claro que não sou boazinha o suficiente para deixá-lo impune, especialmente após as atrocidades cometidas por aquele lobo bobão contra mim. Aproveitando do resguardo e proteção de Rita, resolvo perturbá-lo mais um pouco, afinal, também me sentia entediada:

      — Você gosta? — pergunto repentinamente. Ele apresenta uma expressão confusa.

      — Do quê?

      — Caramello — repito a palavra lentamente, como se desfrutar de sua sonoridade. Jared ficou em estado de alerta — sabe, eu acho difícil de fazer porque queima fácil e quando isso acontece, fica terrivelmente amargo — comento com um sorrisinho zombeteiro.

      — Eu poderia dizer que você esta insinuando algo, mas prefiro ficar quieto para não fazer besteira — ele diz com os olhos semicerrados e abro um sorriso ainda maior. Dessa vez ele não foi tão lerdo.

Passado um tempo, ele pega o celular e começa a digitar algo. A cada digitada saía um som agudo e alto que irritava os meus ouvidos sensíveis, especialmente quando havia sido privada de meu sono.

      — Tem como você, por favor, desativar o som? - peço educadamente. Jared ergue seus olhos para mim, me encarando.

      — Não — responde bruscamente e volta a digitar. Talvez fosse impressão minha, mas senti que o som estava um pouco mais alto do que antes.

        Sério isso? Então só eu que tenho que ceder? Começo a batucar novamente e dessa vez a assobiar, ele quer fazer competição de quem irrita mais? Depois não adianta reclamar. Jared, percebendo o que estava acontecendo, começa a cantarolar enquanto digita, e minha Deusa, mas que voz horrível! Sorte da população que ele não virou cantor, imagina, eu em um churrasco e ele começa a cantar no rádio? Estraga a festa!

      — Minha Deusa, eu não mereço... — começo a dizer, mas Rita entra no comodo e me calo.

      — O que foi Kate? Algum problema? — ela pergunta segurado o café em mãos. Estava prestes a dedurar Jared, quando uma vozinha de consciência apitou em minha mente, um alerta. Talvez não fosse bom abusar do favor de Rita comigo. E se ela se irritasse pensando que era eu quem estava encontrando problemas onde não tinha/ Não podia perder uma aliada tão importante como ela, além de que gostava de Rita, era a presença de uma avó que nunca tive.

      — Eu não o mereço como alfa — falo rapidamente e, por incrível que pareça, minhas palavras a assustaram, assim como Jared que me olhou atônito — ele é incrível! Eu o admiro muito pela sua capacidade em liderar, embora nós briguemos muito, um pouco de convivência me mostrou o quanto ele é divertido! — minto na cara dura e consigo ouvir um suspiro de alívio vindo dele e Rita abrindo um sorriso. Devo ter ganhado alguns pontos com ela. Isso significava que ela me protegerá ainda mais...

      — Viu Jared! Ser gentil às vezes impressiona mais as moças do que ser rude. Quem sabe se lembre disso quando encontrar sua companheira!

        — Se não a encontrei em 300 anos… — ele começou a dizer, mas logo o interrompo.

        — 300 anos? Eu sabia que você era velho, mas nem tanto! — digo surpresa, fazendo com que a velinha risse e ele abrisse um sorriso de lado sarcástico.

         — Nossa! Como ela é engraçada, não é mesmo nonna? — fala sarcasticamente e vejo um brilho nos seus olhos com um a promessa implícita de que me arrependeria mais tarde.

          — Bem, querida, eu sei que você não sabe disso, até porque as escolas evitam fazer esses tipos de comentários, até porque é falta de educação falar sobre a idade de alguém! - ele me lança um olhar como se dissesse: "espero que se recorde disso da próxima vez" e eu me encolho um pouco. Dessa vez é Jared que sorri vitorioso — Mas os alfas cardeais e o próprio supremo são imortais e difíceis de matar, quando encontram suas companheiras, elas se tornam imortais assim como eles.

          — Hm, e qual foi o antecessor? Geralmente é um parente? — pergunto e Jared bufa por minha ignorância e Rita apenas sorri ainda mais - se é que possível.

         — Nem sempre, mas quando os pais de Jared morreram, ele se tornou um dos cardeais e também um imortal — fiquei com pena de dele. Se perder uma mãe já é difícil, quem dirá os pais de uma vez só. Olho de soslaio para ele e vejo o quanto seu rosto tinha tomado uma expressão dura e severa. Talvez relembrar seu passado não tivesse melhorado seu humor. Rita percebeu isso e mudou de assunto.

         — É um belo colar que usa Kate, quem te deu? — ela pergunta e no mesmo instante toco no pingente. Jared olha disfarçadamente e começa a se servir da comida que havia sido posta por uma empregada.

        — Meu pai, ele me deu antes de partir. Na verdade, foi um presente de conciliação — comento relembrando da noite em que ele me deu o colar e de como estava feliz por tê-lo de volta.

       — Vocês tinham brigado? — ela pergunta emotiva, com certeza imaginando um pai e uma filha se desentenderem. Isso era bem raro entre os lobos, afinal, o elo familiar era dificilmente quebrado.

        — Não exatamente. Quando minha mãe morreu, ele se afastou de mim e um dia antes da minha vinda para cá ele voltou a conversar comigo — começo a relembrar dos meses em que ele começou a aumentar a carga de horário e das poucas palavras que se dignava a me dar. Foi realmente muito difícil.

        — Sinto muito Kate. Eu não sabia… — senti o clima pesando, me senti desconfortável por ser a responsável por isso. Talvez, fosse hora de ir.

      — Sem problemas. Eu acho melhor ir, preciso pegar algumas coisas que deixei no centro de treinamento e depois vou para casa descansar —  invento uma desculpa. Me levantei da cadeira, mas antes que pude-se fazer qualquer outro gesto, Rita surge do meu lado, segurando em minha mão. Como ela havia chegado do meu lado tão rápido?

        — Fique e tome o café da manhã, depois Jared te dá carona para o centro de treinamento e qualquer coisa ele te leva para a sua casa — de novo carona com ele? Só pode ser brincadeira!

       — Eu não quero incomodar...

      — Que nada! Você nunca incomoda, aliás, Jared ia para la mesmo, não é querido? - ela pergunta para Jared, ele olhou para mim.

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