capítulo 7

  — Sinto muito Kate, mas infelizmente não poderei ajudá-la – diz o alfa com pesar, pondo fim em minhas esperanças. Mesmo sabendo sua resposta antes mesmo de vir, eu não poderia esconder minha cara de decepcionada.

          — Mas por quê? – insisto como se isso o fizesse repensar no assunto, porém, no fundo, eu sabia que de nada adiantaria. Uma vez comprometida com a alcateia, você deveria ter a obrigação de servir o seu novo alfa e contribuir para a sua nova comunidade.

        — Acredite, Kate, eu não queria ter que perder uma loba como você, sei das suas contribuições para com nossa alcateia e tenho certeza que dará uma excelente rastreadora, mas você sabe das leis. Uma vez que você se compromete com a sua nova alcateia, você tem um vínculo com ela.

          — Mas eu não assinei nada! – retruco, não entendo o porquê dessa tribulação toda, sendo que eu ainda não criei nenhum vínculo ou fui aceita ainda, sendo assim ainda não tinha nada com eles.

          — Bem, Kate, sei que deve ter ocorrido um… Hum... Engano com você, entretanto conforme os participantes da avaliação se mostravam capazes a ponto de que poderiam entrar na alcateia Luar de Prata fazíamos uma ficha com todas as suas informações e seu histórico na escola, assim ficaria mais fácil para nós e não teríamos tanto trabalho. Sabe que como alfa eu tenho várias obrigações e o meu beta também, mas não imaginamos que ocorresse de um dos participantes repensar sobre a sua ida então... Nós já mandamos a sua ficha – ele diz e eu fico estática o encarando. Minha ficha já devia estar lá, como nova integrante da alcateia. Uma casa já devia ter sido arranjada para mim, minha ida já foi confirmada e caso eu não fosse eu deveria dar boas explicações as autoridades… e não seria aceita uma qualquer...

             — Não teria como cancelar?

            — E quem iria no seu lugar? O que diríamos as autoridades? Infelizmente não podemos fazer nada a essa altura. Sinto muito Kate – ele fala e vejo sinceridade em seu olhar. Mesmo raramente não ter tido muito contato com o alfa, eu tinha respeito e até um pouco de admiração, isso por que fez por merecer. Sempre humilde e gentil com todos da alcateia, não tinha como não respeitá-lo.

            — Quando irei partir? – pergunto derrotada, já desesperançosa, não tinha mais nada a fazer aqui e eu sentia que a qualquer momento lágrimas despencariam, não queria que ele visse e se sentisse mal por isso, nem ele, nem os outros integrantes da alcateia, já chorei muito depois da morte de minha mãe, não poderia chorar mais agora.

           — Como as coisas andam bem criticas na alcateia, você irá partir amanhã de manhã, o ônibus que vai para o aeroporto dos humanos irá passar em sua casa por último já que ela fica perto da rodovia.

          — Então não participarei da formatura? – pergunto incrédula. O alfa me olha constrangido, ele sabia que estava me tirando um direito e sabia que era injusto, afinal três anos me esforçando para no final não poder fazer nada? Simplesmente ir embora, perder a chance de rever uma última vez pessoa das quais convivi quase todos os três anos? E o fato de estar indo para um lugar tão distante me fazia sentir a necessidade de dizer ao menos um adeus digno.

          — Sinto muito, mas eles precisam de todos vocês e infelizmente não terá tempo de participar da formatura – ele fala com pesar. Com certeza essa ideia não era dele, e possivelmente deve pertencer ao meu novo "alfa". Se for assim, não me restava nada a não ser aceitar a minha ida para a nova alcateia e o meu novo líder.

        Sei que eu deveria total obediência e respeito a ele, porém eu tinha a minha própria ideologia. Seja gentil e você ganha o meu respeito, seja um brutamontes arrogante e ganhe o meu desprezo, e ele já perdeu grandes pontos por ser egocêntrico a ponto de não pensar que nós jovens tínhamos coisas a fazer antes de ir e que não dava para largamos tudo e ir na hora que ele queria. Só espero que ele não seja tão arrogante como imagino.

            — Obrigada alfa – digo me levantando da cadeira e lanço um sorriso triste para ele – é uma pena perder um alfa como você – digo e ele abre um sorriso jovial. Ele se levante e me dá um abraço caloroso que eu retribuo. Ele era bonito e bem jovem, mas na realidade isso não passava de aparência, ele tinha 40 anos, mas por conta do nosso envelhecimento ser diferente de outros seres como, por exemplo, os humanos, demorávamos a perder a juventude e começar a ter resquícios da idade avançada.

            — Sentirei sua falta senhorita Stuart e desejo todas as felicidades para você na nova alcateia – ele diz me olhando nos olhos gentilmente - não fique tão chateada pela sua partida, talvez fosse para ser assim, quem sabe encontre o seu companheiro por lá?

          — Obrigada, desejo o mesmo para o senhor... – digo e ele dá um sorriso triste. Nunca achei justo o fato dos alfas demorarem anos para encontrar os seus companheiros e nós, a alcateia, os encontramos assim que atingimos a idade adulta ou na lua de sangue, mas diziam que isso fortalecia o alfa, algo que eu achava estupido.

          Despeço-me do alfa novamente e me retiro da sala refletindo sobre as palavras de Hugo. Será que eu realmente queria encontrá-lo? Todos diziam que era uma sensação maravilhosa, mas será que eu estaria pronta para ser amada? Ou retribuir o carinho? Eu não era do tipo carinhosa, nem de longe... Eu também tinha uma lista de coisas a fazer...

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