Decido procurar ajuda de um rapaz que parece tão perdido quanto eu, mas ele já encontrou sua bagagem.
— Com licença, moço, eu não encontro minha bagagem. O senhor encontrou a sua! Pode me ajudar? — pergunto, a ansiedade evidente em minha voz.
— Lo siento, no entiendo tu idioma — ele responde em um espanhol carregado de sotaque.
É claro! Ele é argentino. Os seus traços e maneira de se vestir são nítidos, como eu não percebi antes? Aprendi espanhol no ano passado, mas não pensei que usaria.
— Disculpe señor, no encuentro mi equipaje. ¡Encontraste el tuyo! ¿Puedes ayudarme? - pergunto novamente, desta vez em espanhol, com a esperança de compreensão visível no meu olhar.
O argentino, ao ouvir o meu pedido, parece aliviado por poder ajudar. Enquanto o chefe lidava com um caso de um argentino, percebi que ele não estava à vontade e que estava com dificuldades para confiar. A confiança é primordial na relação advogado-cliente, então decidi aprender espanhol para ajudar.
Consegui aprender o básico durante o caso. Conversei com ele várias vezes, tentando fazer com que confiasse no chefe. Depois que o caso terminou, peguei gosto pelo idioma.
— Por supuesto, deberías hablar con ese guardia de seguridad que está junto a la puerta de salida - ele me aconselha.
Ele segue seu caminho em direção ao destino dele, mas não antes de cochichar em meu ouvido:
Enquanto ele se afasta, cochicha em meu ouvido, com um tom de preocupação:
— Hay un hombre cerca de la puerta de salida, te ha estado observando durante varios minutos. ¡Pensé que sería prudente decírtelo!
O aviso me atinge com um impacto tão forte que sinto calafrios percorrendo meu corpo. O medo e a ansiedade se entrelaçam, e eu me sinto tremendo não só de frio, mas de uma inquietação visceral.
Tentando não olhar para o "homem misterioso" próximo ao portão de embarque, me aproximo do segurança e explico a situação com a bagagem. Ele me encara com um olhar de dúvida e, em seguida, pergunta:
— Qual é o seu nome, senhorita?
— Sophia Martinez - respondo apreensiva.
A sensação de estar sendo observada me deixa extremamente nervosa. Temo que o segurança desconfie de algo.
Ele pega seu rádio comunicador e conversa com outro guarda:
— Alô? Câmbio — ele diz, com sua voz cortante quebrando o silêncio.
— Quem fala? — responde a outra pessoa do outro lado.
— Aqui quem fala é o Santos! Câmbio.
— O que há de novo, Santos?
— Uma moça chamada Sophia Martinez teve problemas com sua bagagem!
— Localização?
— Salão Principal.
— Sophia Martinez?
— Afirmativo.
— Um momento!
A tensão cresceu com cada minuto que passava. A cada instante, O "homem misterioso" parecia ter um olhar penetrante como se tivesse um laser no lugar dos olhos. Minha espinha chega a arder, provavelmente por causa da tensão.
— Conversei com o setor responsável, e eles informaram que a mala K8-H68 já foi entregue ao dono!
— Moça, seu nome realmente é Sophia Martinez? Tem alguma identificação? - — o segurança me pergunta, com preocupação evidente em sua voz.
Procuro meu passaporte no bolso, mas sinto um papel que não estava ali antes.
Pego o papel e leio:
"Cara Sophia, Fico feliz que você tenha chego bem de viagem. Agora, deve estar à procura da mala. Fique tranquila, ela chegou ao local certo. Siga com o plano e aguarde as próximas instruções."
Atenciosamente,
K8-H68
Espera... Essa numeração... Ergo meu punho e observo a minha marca de nascença. Sei o que vou encontrar, pois já a examinei várias vezes. Mas eu preciso olhar...
Ergo meu punho até a altura dos olhos, e simplesmente demora para cair a ficha.
K8-H68... A sigla que sempre esteve como uma marca na minha pele agora parecia fazer parte de algo maior, de um enigma que ainda não compreendia totalmente. Olhei para a marca de nascença no meu punho, uma sensação de reconhecimento e confusão se misturando.
— Moça, você está bem? Quer que eu chame os paramédicos do aeroporto? - o segurança pergunta preocupado.
— Estou bem! Aqui está!
— Realmente, Sophia Martinez. Deve ter ocorrido algum engano. Vou acionar a...
— Tudo bem. Acabei de me lembrar que meu pai ficou de retirar para mim. Obrigada! — tento despistar, a mentira escapando quase naturalmente.
— Disponha.
Me afasto, sentindo o peso da situação e a estranheza do que acabara de acontecer. Ao sair do aeroporto, a cidade de Liberdade se revelou diante de mim com uma mistura de caos e beleza. As ruas estão repletas de táxis e de pessoas, uma cena que é completamente nova para mim. Eu nunca vi tantos táxis juntos; apenas os conhecia dos filmes antigos que assisto. A cidade tem um charme antigo, um pouco como Londres, mas com um toque de Portugal. É fascinante e um pouco esmagador.
Bom, o jeito é pegar um táxi. Não faço ideia de como chegar ao hotel. Caminho até um táxi, e quando estou prestes a abrir a porta, um homem me aborda por trás, colocando a mão em meu ombro. Instintivamente, me viro e o imobilizo, sentindo a Adrenalina pulsar em minhas veias.
— Nessas horas eu vejo a importância de fazer aulas de defesa pessoal! — afirmo com irritação.
— Moça, por favor, não me machuque. Me desculpe, eu sou só um motorista de táxi!
Quando percebo, o solto imediatamente e consigo ver diversas pessoas me encarando. Provavelmente, aqui é incomum mulheres sofrerem qualquer tipo de assédio. Não consigo achar qualquer outro motivo para as pessoas me olharem com tanta desconfiança. Se um homem aborda uma mulher por trás, é compreensível minha reação.
— Se espera que eu peça desculpas, esqueça. Não vai acontecer!
— Na verdade, eu quem tenho que me desculpar. Não pensei no que eu fiz. Eu só queria chamar sua atenção antes que entrasse no táxi. Afinal de contas, tenho ordens de levá-la. Sua viagem já está paga!
— Como assim? Quem pagou minha viagem?
— Não sei ao certo. Um homem usando capuz me abordou e me pediu para levar uma mala para o hotel SummerDay. Ele me pagou em dinheiro!
— Você não achou estranho ser abordado por um homem de capuz?
— Senhorita, olhe ao redor. Está fazendo menos de 10°C. Estranho seria não usar um capuz! E eu sou taxista, sou abordado por desconhecidos o tempo todo!
— Justo! E esse homem pagou a minha viagem?
— Sim, ele descreveu a senhorita perfeitamente!
— Tá certo, vamos lá!
Entro no táxi, e ao longo das próximas duas horas, fico observando pela janela, atônita, com a diferença desse lugar em relação ao meu antigo lar. A arquitetura antiga e as cores das construções, as plantas exuberantes, tudo é tão lindo e preservado que nem vejo o tempo passar.
A cada instante, eu sinto uma mistura de deslumbramento e ansiedade, ciente de que estou prestes a começar uma nova fase de minha vida.
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Atualizado até capítulo 21
Comments
Cecilia geralda Geralda ramos
estranho ,mas emocionante o desconhecido
2025-01-19
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