Capítulo 05

Decido procurar ajuda de um rapaz que parece tão perdido quanto eu, mas ele já encontrou sua bagagem.

— Com licença, moço, eu não encontro minha bagagem. O senhor encontrou a sua! Pode me ajudar? — pergunto, a ansiedade evidente em minha voz.

— Lo siento, no entiendo tu idioma — ele responde em um espanhol carregado de sotaque.

É claro! Ele é argentino. Os seus traços e maneira de se vestir são nítidos, como eu não percebi antes? Aprendi espanhol no ano passado, mas não pensei que usaria.

— Disculpe señor, no encuentro mi equipaje. ¡Encontraste el tuyo! ¿Puedes ayudarme? - pergunto novamente, desta vez em espanhol, com a esperança de compreensão visível no meu olhar.

O argentino, ao ouvir o meu pedido, parece aliviado por poder ajudar. Enquanto o chefe lidava com um caso de um argentino, percebi que ele não estava à vontade e que estava com dificuldades para confiar. A confiança é primordial na relação advogado-cliente, então decidi aprender espanhol para ajudar.

Consegui aprender o básico durante o caso. Conversei com ele várias vezes, tentando fazer com que confiasse no chefe. Depois que o caso terminou, peguei gosto pelo idioma.

— Por supuesto, deberías hablar con ese guardia de seguridad que está junto a la puerta de salida - ele me aconselha.

Ele segue seu caminho em direção ao destino dele, mas não antes de cochichar em meu ouvido:

Enquanto ele se afasta, cochicha em meu ouvido, com um tom de preocupação:

— Hay un hombre cerca de la puerta de salida, te ha estado observando durante varios minutos. ¡Pensé que sería prudente decírtelo!

O aviso me atinge com um impacto tão forte que sinto calafrios percorrendo meu corpo. O medo e a ansiedade se entrelaçam, e eu me sinto tremendo não só de frio, mas de uma inquietação visceral.

Tentando não olhar para o "homem misterioso" próximo ao portão de embarque, me aproximo do segurança e explico a situação com a bagagem. Ele me encara com um olhar de dúvida e, em seguida, pergunta:

— Qual é o seu nome, senhorita?

— Sophia Martinez - respondo apreensiva.

A sensação de estar sendo observada me deixa extremamente nervosa. Temo que o segurança desconfie de algo.

Ele pega seu rádio comunicador e conversa com outro guarda:

— Alô? Câmbio — ele diz, com sua voz cortante quebrando o silêncio.

— Quem fala? — responde a outra pessoa do outro lado.

— Aqui quem fala é o Santos! Câmbio.

— O que há de novo, Santos?

— Uma moça chamada Sophia Martinez teve problemas com sua bagagem!

— Localização?

— Salão Principal.

— Sophia Martinez?

— Afirmativo.

— Um momento!

A tensão cresceu com cada minuto que passava. A cada instante, O "homem misterioso" parecia ter um olhar penetrante como se tivesse um laser no lugar dos olhos. Minha espinha chega a arder, provavelmente por causa da tensão.

— Conversei com o setor responsável, e eles informaram que a mala K8-H68 já foi entregue ao dono!

— Moça, seu nome realmente é Sophia Martinez? Tem alguma identificação? - — o segurança me pergunta, com preocupação evidente em sua voz.

Procuro meu passaporte no bolso, mas sinto um papel que não estava ali antes.

Pego o papel e leio:

"Cara Sophia, Fico feliz que você tenha chego bem de viagem. Agora, deve estar à procura da mala. Fique tranquila, ela chegou ao local certo. Siga com o plano e aguarde as próximas instruções."

Atenciosamente,

K8-H68

Espera... Essa numeração... Ergo meu punho e observo a minha marca de nascença. Sei o que vou encontrar, pois já a examinei várias vezes. Mas eu preciso olhar...

Ergo meu punho até a altura dos olhos, e simplesmente demora para cair a ficha.

K8-H68... A sigla que sempre esteve como uma marca na minha pele agora parecia fazer parte de algo maior, de um enigma que ainda não compreendia totalmente. Olhei para a marca de nascença no meu punho, uma sensação de reconhecimento e confusão se misturando.

— Moça, você está bem? Quer que eu chame os paramédicos do aeroporto? - o segurança pergunta preocupado.

— Estou bem! Aqui está!

— Realmente, Sophia Martinez. Deve ter ocorrido algum engano. Vou acionar a...

— Tudo bem. Acabei de me lembrar que meu pai ficou de retirar para mim. Obrigada! — tento despistar, a mentira escapando quase naturalmente.

— Disponha.

Me afasto, sentindo o peso da situação e a estranheza do que acabara de acontecer. Ao sair do aeroporto, a cidade de Liberdade se revelou diante de mim com uma mistura de caos e beleza. As ruas estão repletas de táxis e de pessoas, uma cena que é completamente nova para mim. Eu nunca vi tantos táxis juntos; apenas os conhecia dos filmes antigos que assisto. A cidade tem um charme antigo, um pouco como Londres, mas com um toque de Portugal. É fascinante e um pouco esmagador.

Bom, o jeito é pegar um táxi. Não faço ideia de como chegar ao hotel. Caminho até um táxi, e quando estou prestes a abrir a porta, um homem me aborda por trás, colocando a mão em meu ombro. Instintivamente, me viro e o imobilizo, sentindo a Adrenalina pulsar em minhas veias.

— Nessas horas eu vejo a importância de fazer aulas de defesa pessoal! — afirmo com irritação.

— Moça, por favor, não me machuque. Me desculpe, eu sou só um motorista de táxi!

Quando percebo, o solto imediatamente e consigo ver diversas pessoas me encarando. Provavelmente, aqui é incomum mulheres sofrerem qualquer tipo de assédio. Não consigo achar qualquer outro motivo para as pessoas me olharem com tanta desconfiança. Se um homem aborda uma mulher por trás, é compreensível minha reação.

— Se espera que eu peça desculpas, esqueça. Não vai acontecer!

— Na verdade, eu quem tenho que me desculpar. Não pensei no que eu fiz. Eu só queria chamar sua atenção antes que entrasse no táxi. Afinal de contas, tenho ordens de levá-la. Sua viagem já está paga!

— Como assim? Quem pagou minha viagem?

— Não sei ao certo. Um homem usando capuz me abordou e me pediu para levar uma mala para o hotel SummerDay. Ele me pagou em dinheiro!

— Você não achou estranho ser abordado por um homem de capuz?

— Senhorita, olhe ao redor. Está fazendo menos de 10°C. Estranho seria não usar um capuz! E eu sou taxista, sou abordado por desconhecidos o tempo todo!

— Justo! E esse homem pagou a minha viagem?

— Sim, ele descreveu a senhorita perfeitamente!

— Tá certo, vamos lá!

Entro no táxi, e ao longo das próximas duas horas, fico observando pela janela, atônita, com a diferença desse lugar em relação ao meu antigo lar. A arquitetura antiga e as cores das construções, as plantas exuberantes, tudo é tão lindo e preservado que nem vejo o tempo passar.

A cada instante, eu sinto uma mistura de deslumbramento e ansiedade, ciente de que estou prestes a começar uma nova fase de minha vida.

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Comments

Cecilia geralda Geralda ramos

Cecilia geralda Geralda ramos

estranho ,mas emocionante o desconhecido

2025-01-19

0

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