A figura não hesita. Antes que eu possa reagir ou sequer pensar em me mover, ele dá um passo atrás e, em um movimento ágil, pega meu corpo de surpresa. Suas mãos são firmes, e, sem qualquer aviso, ele me amarra pelas costas com uma corda resistente. Meu corpo tensa de imediato, mas é inútil. Ele me imobiliza com uma facilidade assustadora, como se já tivesse feito isso muitas vezes.
Com um movimento preciso, ele coloca uma venda nos meus olhos. A escuridão é total, e sou envolvida pela sensação de impotência. Meu coração bate mais rápido, e a respiração se torna irregular enquanto minha mente tenta se organizar, mas tudo ao meu redor parece confuso e fora de controle.
Eu tento me mexer, mas sou presa. O medo começa a crescer, e a sensação de vulnerabilidade é esmagadora. Minha mente grita para que eu lute, para que eu fuja, mas o homem é mais forte. Tudo o que consigo fazer é tentar me manter calma, embora eu saiba que estou completamente à mercê dele.
— Não tente fugir — sua voz fria ecoa em minha mente, como se ele soubesse o que eu estou pensando. — Não há mais escapatória.
Ele me guia por uma série de passos pesados, e a sensação de que estamos indo para algum lugar desconhecido se intensifica. O ar fica mais pesado à medida que nos movemos, e sinto o cheiro de algo antigo, algo que faz meu corpo se arrepiar.
Finalmente, ele me faz parar. Fico parada, imóvel, sem saber onde estou. A venda em meus olhos me impede de ver, e o medo agora é um peso que me sufoca. Ouço um som distante, como se estivéssemos em um lugar mais subterrâneo. Meu instinto me diz que estamos em um local isolado, longe de qualquer possibilidade de ajuda.
Ele começa a falar, sua voz fria e calculista, revelando coisas que eu nunca poderia ter imaginado.
— Você não entende, Sophia — ele começa, como se estivesse falando com uma velha amiga, alguém que já conhece há muito tempo. — Você foi escolhida desde o momento em que seus pais tomaram as decisões que tomaram. Tudo isso foi arquitetado desde o início. O que você está vivenciando agora não é uma coincidência. Nada disso é.
Eu engulo em seco, o medo se intensificando com suas palavras.
— Seus pais... Eles não eram apenas simples justiceiros. Eles foram os fundadores de uma facção, uma organização que, com o tempo, se transformou em algo muito maior do que qualquer um poderia imaginar. Eles criaram algo que, de certa forma, já estava destinado a acontecer.
Eu tento processar, tento entender o que ele está dizendo, mas o que ele fala é ainda mais confuso.
— Quando eles morreram, sua vida foi manipulada. Cada movimento seu, cada passo, foi planejado. Você não era uma simples vítima, Sophia. Você era parte de um plano maior. E agora, você tem a chance de assumir o que sempre esteve destinado a você.
Meu corpo treme ao ouvir essas palavras. Eu nunca soube disso. Tudo o que conhecia sobre minha vida foi uma mentira. Eu não sou apenas uma vítima. Eu fui uma peça, uma ferramenta em um jogo que eu nem sabia que estava jogando.
— Agora você é a última, Sophia. A última a entender o que seus pais realmente faziam. O que eles realmente queriam. E você... Você vai decidir o que fazer com isso. Você tem o poder de mudar tudo.
Eu tento falar, mas minhas palavras são abafadas pela venda. O medo é tão grande que minha mente começa a se fechar, tentando rejeitar o que ele está dizendo. Mas, em algum lugar no fundo de mim, uma verdade começa a se formar. Meu destino está nas minhas mãos. Eu posso controlar o que vem depois.
Mas como? E mais importante ainda, será que eu consigo lidar com o peso disso?
O peso do pano sobre meus olhos me faz sentir um turbilhão de emoções conflitantes. Minha mente está em caos, tentando processar as palavras do homem. Ele sabe tanto sobre mim, mais do que eu mesma sabia. A sensação de estar sendo manipulada desde o início é como um golpe no estômago.
Estou ali, imobilizada, sem poder ver, mas ouvindo atentamente, tentando entender o que está acontecendo. A confusão me consome. Como ele sabe tudo sobre os meus pais? Como sabe o que eu fiz e o que não fiz? Não consigo mais confiar em nada ao meu redor.
Minhas mãos ainda estão amarradas atrás de mim, e cada movimento, por mais pequeno que seja, só me lembra da minha total impotência. Mas é a voz dele, essa calma ameaçadora, que me deixa sem chão. Ele fala como se tudo já estivesse decidido, como se eu não tivesse mais escolhas a fazer. Como se meu destino já tivesse sido selado há muito tempo.
— Você não percebeu ainda, Sophia? — ele diz, a voz fria como gelo. — Tudo o que você fez até agora foi um teste. Uma preparação para o que está por vir. Você foi escolhida porque tem o que é preciso. Seus pais eram parte disso... e agora você é a próxima.
A menção de meus pais me faz estremecer. Eu os perdi, mas o que ele está dizendo é que eles estavam envolvidos em algo que nunca imaginei. O que foi essa gangue que eles lideraram? O que realmente aconteceu com eles?
— Você vai continuar o que eles começaram — ele continua, sua voz firme. — Você tem o poder, Sophia. Você só precisa aceitar seu lugar. Agora, tudo o que restou é que você faça a escolha certa. E a escolha certa não é fugir.
Eu não sei como reagir. O pânico começa a tomar conta de mim, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim se pergunta se há alguma verdade no que ele diz. Por um momento, sinto uma raiva crescente. Por que eu? Por que minha vida foi moldada por mãos invisíveis, forçando-me a jogar esse jogo cruel? O que eu fiz para merecer isso?
— Você tem mais em jogo do que imagina. Agora, você está dentro. Não há mais volta.
Sua voz é como um feitiço, me prendendo em uma teia da qual não sei se conseguirei escapar. Eu fui jogada nesse jogo, mas agora sou parte dele. Não posso mais negar. Não posso mais correr.
Minha respiração acelera, e o medo aperta meu peito. Será que eu tenho escolha? Ou tudo o que eu faço agora já foi decidido por alguém mais? Eu fui apenas uma peça no tabuleiro, movida por mãos invisíveis. E tudo o que me resta é seguir em frente.
— Então, qual será sua escolha, Sophia? — ele pergunta, o silêncio que segue sua fala pesado, como uma lâmina prestes a cortar.
Eu fecho os olhos por um momento, a escuridão me envolvendo, e deixo que a dúvida, o medo e a raiva se misturem dentro de mim. O que eu faço agora? Eu tenho a opção de resistir, mas sei que, no fundo, minha vida nunca mais será a mesma. De qualquer forma, eu sou parte desse jogo. E o próximo passo, como ele disse, está em minhas mãos.
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Atualizado até capítulo 21
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