Encontro Indesejado

Levantei do sofá após passar horas lá usando o celular, mas assim que me aproximei da porta, Fran veio até mim.

“Senhorita, o Sr. Alessandro tem visitas em casa, por ordem dele, você deve ficar aqui.”

“Ah...” suspirei e forcei a mim mesma a não fazer uma careta. “Está... tudo bem, eu acho.”

Ela sorri para mim e eu voltei para o sofá, me sentei, mas novamente comecei a pensar demais.

Brincava com meus dedos enquanto esperava, mas então perdi a paciência, precisava ir ao banheiro, pois já estava segurando há um tempo. Levantei e fui até Fran.

“Desculpa, Fran, mas preciso ir ao banheiro”

Ela fez uma careta indecisa, mas acabou concordando. Rex e Ney nos acompanharam. Entramos na casa e atravessamos até o banheiro no andar de baixo, mas eu me virei para Fran.

“Estou com um pouco de fome, você poderia pedir a alguém para fazer algo pra mim, por favor?”

Ela hesitou novamente, mas concordou.

“Claro, senhorita. O que você gostaria?”

“Qualquer coisa leve está bom, não se preocupe com isso.”

“Está bem, volto já. Por favor, não saia daí.”

Concordei levemente e ela se afastou. Entrei no banheiro e ao terminar, lavei as mãos.

No entanto, enquanto estava me olhando no espelho, comecei a ouvir vozes e inclusive, uma voz masculina que me era estranhamente familiar.

Não, não pode ser. Aquele cara não!

Fiquei indecisa se saia do banheiro ou não, mas a curiosidade venceu e eu abri a porta.

As vozes se aproximavam cada vez mais da área onde eu estava, mas assim que chegaram, eu fiquei paralisada e todo o meu corpo começou a tremer. Eu quis entrar no banheiro novamente e me esconder, mas a voz dele me fez parar.

“Hein? E quem é ela?”

Me virei para eles, xingando eu mesma no pensamento. Olhei para Alessandro, que me encarava com seriedade, seu olhar me fez estremecer, mas ao mesmo tempo me sentia mais intimidada pelo homem ao lado dele.

“Espere um momento... eu já te vi antes, garota”

O homem fez com que todos o olhassem, inclusive Alessandro, que ficou claramente confuso.

“Você a conhece?”

“Ah, sim, como eu conheço. Eu não sabia que você frequentava aqueles tipos de lugares. Isso me surpreende vindo de você, Ale, mas bem... eu não julgo. Estou surpreso que ela esteja aqui tão tranquilamente. Como você tem estado, preciosidade? Você realmente cresceu, está mais desejável do que anos atrás.”

O homem riu enquanto se aproximava de mim, fiquei paralisada. Rex e Ney, que estavam lá, saltaram na minha frente e começaram a rosnar.

“Ah? Ale, o que há com seus cachorros? Controle...”

Todos presentes ficaram paralisados quando Alessandro tirou uma pistola e a apontou para a cabeça daquele homem. Os acompanhantes do homem também sacaram suas armas, mas rapidamente os guardas de Alessandro os desarmaram.

“Você vai me explicar agora como a conhece e o que fez com ela, imbecil” A voz de Alessandro estava muito profunda e tomada de raiva.

“Q... Quê... o que você está fazendo? A... Ale?”

Ele golpeou o homem com a arma, fazendo-o cair no chão, e mirou novamente nele.

“Você não me entendeu? Responda!”

Seu grito assustou a todos, especialmente a mim. Fran, que havia chegado nesse momento, se aproximou de mim e me abraçou, eu me refugiei nela enquanto Rex, Ney e dois guardas se posicionaram ao nosso lado.

“E-Eu fui o-o primeiro comprador dela no leilão...”

Alessandro pareceu surpreso, mas sua expressão irritada era mais forte. Ele me olhou por um segundo, mas então voltou sua atenção para aquele homem.

“Você é um maldito canalha! O que você fez com ela?!”

“E-Eu n-não fiz n-nada... de verdade...”

“Mentira...”

Fiquei assustada e dei um pulo quando Alessandro disparou um tiro no ombro daquele homem, o grito de dor dele me arrepiou de medo.

“Diga agora o que você fez com ela, ou eu juro que vou fazer com que te torturem até você desejar nunca tê-la comprado e muito menos ter me conhecido!”

“Você também frequentou aquele lugar, não é? Ela está aqui porque você a comprou... você não é diferente de mim! Diga, Ale, você já a domou? Eu invejaria você se fosse o caso, essa vadia é tão difícil quanto bonita, apesar de ser jovem. Como eu gostaria de não tê-la devolvido naquele momento...”

Eu corri para o pátio, não conseguia mais ouvir ou ver aquele homem horrível. As lágrimas desciam pelo meu rosto sem parar, corri pelo vasto jardim da mansão, esperando me afastar o máximo possível daquele indivíduo.

Passei por alguns arbustos que pareciam formar um labirinto, e quando vi que estava realmente longe, desabei no chão. Abracei meus joelhos e chorei alto, apesar de tentar me conter.

Meu corpo começou a doer ao lembrar do que aquele homem fez comigo, embora eu ainda seja virgem pela frente... por trás...

“Chega... não pense nisso... não quero... lembrar... não quero... que me toquem... não de novo...”

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