Um Acordo Sem Volta

Eu estava balançando no sofá suspenso da casinha no jardim, enquanto Rex estava ao meu lado e Ney estava no chão.  Eu estava acariciando Rex enquanto sorria levemente.

“Foi rápido como eles mudaram”

Os cachorros e eu levantamos a cabeça em direção à entrada e vimos Alessandro sorrindo enquanto entrava.

- Pensei que, devido ao seu trabalho, você não tivesse muito tempo livre mas eu já te vi muitas vezes sem fazer nada.

- Bem, às vezes, só preciso enviar uma mensagem ou fazer uma ligação, e isso é tudo o que faço. - Ele se aproxima, Rex desce e lhe dá espaço.

- É assim que a máfia funciona? - Hmm... ás vezes – ele respondeu.

Eu o observei por um momento, pensando... Meu Deus! Estou morando com um mafioso. E não só isso... eu fiz um acordo e agora me vendi para um mafioso! Mas... até agora foram apenas flertes e insinuações... ele não me tocou além disso...

“Hmm...” desviei o olhar para esconder minha risada por um pensamento.

“O quê?”, ele perguntou com notável curiosidade.

“Nada...”, disse sorrindo, mas então ele me fez olhar para ele e se aproximou mais de mim.

“O quê?”, ele perguntou novamente, e eu suspirei.

“É que sempre pensei que mafiosos fossem exatamente o oposto de você.”

“Oposto de mim? Como?”

“Sim... bem... você... é verdade que você me parece alguém intimidante, e isso não é surpresa, mas... apesar da sua aparência de Badboy... você não me tocou sem minha permissão e tem sido mais gentil do que qualquer outra pessoa na minha vida.”

Ele me olhou por um momento, pude ver a surpresa nele, ele me soltou por um segundo, mas então segurou meu queixo novamente.

“Você acredita nisso? O que você pensaria se aquilo que você acha bom em mim fosse só minha ‘aparência’ para você e o ruim é como realmente sou?”

“Por que você fingiria ser bom comigo? Você tem todo o direito de pegar o que quiser de mim e eu... não posso negar, já aceitei seu acordo.”

Ele sorri de lado e se afasta, apoiando os cotovelos no encosto do sofá e inclinando a cabeça para trás, fechando os olhos.

"Mesmo assim, ainda não sou tão bom com você do jeito que você pensa."

"Hã?"

Ele olha para mim novamente.

"Na máfia existem regras, uma delas é respeitar as mulheres. Embora eu tenha te trazido aqui e te dado a oportunidade de ir embora ou ficar, você escolheu ficar e sabendo em que condições. Mas isso não significa que vou ignorar suas emoções e te ver apenas como um objeto para meu uso pessoal."

Abri meus olhos surpresa, senti algo estranho no peito e o sangue subiu às minhas bochechas. Desviei o olhar novamente e franzi os lábios.

"Então... apesar de você dizer que pode fazer o que quiser comigo e mesmo que eu aceite... você não vai fazer?"

"Não."

Levei a mão ao rosto e mordi levemente a unha do polegar enquanto pensava. Deveria me sentir bem e aliviada com isso, mas... por que não me sentia assim?

"Então você sabe que eu vou ficar aqui e você não vai me tocar daquela maneira em nenhum momento?"

Ele concordou e eu fiz uma careta.

"Você disse que não aceitava ninguém por caridade, apesar de termos um acordo, você não o cumpre, é como se eu estivesse morando aqui de graça."

"Por que isso te incomoda? Pensei que não quisesse que ninguém te tocasse."

"Sim, mas..." Fiquei calada, sem saber o que dizer. Estava falando impulsivamente, mas na verdade, não sabia aonde queria chegar com aquilo.

"Acho que a ideia de estar morando de graça aqui, sabendo que temos um acordo que eu aceitei com todas as condições... me incomoda." Resmunguei, mexendo a perna de forma inquieta e nervosa.

“Lia...”

Meu coração acelerou ao ouvi-lo pronunciar meu nome, então senti a mão dele em meu colo e percebi o olhar intenso dele em mim, o que me deixou ainda mais nervosa.

"Você quer que eu cumpra o acordo?"

Eu o encarei, não sabia como responder a isso, mas então abaixei o olhar.

"Quero. Não quero morar aqui de graça... não me sinto confortável assim."

Ele levantou meu olhar e se aproximou de mim, de forma que eu podia ver profundamente seus olhos.

"Você realmente é única, embora eu não saiba se isso é bom ou ruim para você", ele disse, com uma voz firme e rouca.

"Desde que aceitei sua proposta, parei de me importar, eu só quero... pagar o que te devo de alguma forma", respondi.

Ele concordou, compreendendo, e então acariciou meus lábios com o polegar.

"Então você está aceitando ser minha?”

"B-bem...", o medo voltou para mim, desviei o olhar novamente, mas não por muito tempo, pois ele me fez olhar para ele outra vez.

"Sim..."

Ele pareceu surpreso de novo, então, se afastou de mim e suspirou.

"Hmm... veremos se você cumpre o que diz."

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