“Alessandro... Quantos anos você tem?” Perguntei depois de ter passado vários minutos em silêncio com ele na casinha, observando o jardim.
Eu estava realmente curiosa desde que o vi pela primeira vez. Ele parecia mais velho do que eu, mas não tão velho.
“Vinte e seis anos, pequena.”
Analisei a idade dele, ele era sete anos mais velho, isso é uma diferença notável...
“Surpresa?”
“Bem... não muito, sabia que você era mais velho. Embora eu não imaginasse que seriam sete anos.”
Ele sorriu e apenas olhou para a frente. Os cachorros se levantaram e exigiram atenção de nós dois. Sorri e acariciei Ney, que tinha vindo até mim.
Até que outra curiosidade surgiu na minha memória.
“Como você sabia meu nome e aqueles detalhes sobre mim...?”
“Não é raro que na máfia seja necessário investigar a vida das pessoas com que se aproxima. Qualquer um pode ser uma ameaça nesse mundo de crimes.”
Fazia sentido... Eu ou todas as garotas daquela noite podíamos ter sido espiãs de algum inimigo do Alessandro.
“Quantos inimigos você tem?”
Ele me olhou por um segundo, mas depois voltou sua atenção para Rex.
“Mais do que você pode imaginar, mas é melhor você parar de fazer essas perguntas, você pode não gostar de algumas das respostas”
“Só mais uma pergunta...”
Ele me olhou novamente, suspirou e confirmou com a cabeça, me dando sinal verde para continuar.
“O que mais você descobriu sobre mim...?”
Eu sentia como se nem me conhecesse mais depois de passar por todos aqueles leilões. Eu não sabia nada além de que minha mãe me vendeu, não sabia nem quem é meu pai ou as razões dele para me abandonar.
“Seu nome, sua idade... seu aniversário...” Alessandro começou a dizer casualmente.
“Quando é... meu... aniversário?”
Perguntei, o interrompendo. Ele parece surpreso por um segundo com aquela pergunta.
“Você não sabe?”
Eu neguei com a cabeça, ele parecia surpreso e um pouco revoltado.
“Vinte de março... quando a primavera começa.”
Vinte de março...
Sorri levemente, agora eu sabia um pouco mais sobre mim mesma, e isso me deixou feliz, mas então olhei para ele de novo.
“Como era minha vida antes dos leilões?”
“Você tinha dito só mais uma pergunta, eu já te respondi”, ele se levanta, mas eu faço o mesmo.
“Por favor, Alessandro... quero saber... eu não tenho ideia de quem realmente sou, não sei nada sobre minha vida além de que fui apenas uma tentativa fracassada de objeto sexual para Frey e para quem me comprou. Minha mãe me vendeu e eu não sei por quê, nunca conheci meu pai e não sei como foi minha infância.”
Por impulso, agarrei as mangas de sua jaqueta e abaixei a cabeça, sentindo as lágrimas encherem meus olhos.
“Eu só quero... saber sobre mim...”
Ficamos em silêncio, embora não fosse tão silencioso, pois dava para escutar meus soluços.
Alessandro não se moveu por alguns segundos até que senti ele segurar meus pulsos e me afastar.
Ele não disse nada, apenas me afaatou para o lado e começou a caminhar. Apertei os punhos enquanto tremia devido ao choro.
“Venha comigo.”
Virei rapidamente para Alessandro, que tinha parado e se virado em minha direção.
Ele me olhou sem falar nada e eu, reagindo, fui quase correndo até ele, que começou a andar novamente, comigo atrás.
Saímos do jardim e entramos na mansão. Cruzamos alguns corredores e depois chegamos a uma área que Fran, quando me mostrou a mansão, disse que eu não poderia ir.
Olhei ao redor enquanto caminhávamos e então paramos em frente a uma porta.
Ele a abriu e fiquei surpresa ao ver um escritório luxuoso e muito bem decorado.
Entramos e Alessandro foi em direção à sua mesa.
“Sente-se”, ele apontou para os sofás atrás, assenti e fui até lá.
Ele se concentrou em procurar algo nas gavetas de sua mesa e então tirou uma pasta branca.
Ele me olhou por um segundo, parecia hesitar, mas então se aproximou e me estendeu a pasta.
"Isso é tudo que encontramos sobre você."
Olhei para a pasta, tinha meu nome na capa.
Peguei com a mão trêmula e a coloquei no meu colo para abrir.
Havia fotos minhas nela, fotos que eu nem sabia que existiam. Uma quando eu era bebê, outra quando criança, adolescente e finalmente uma de agora.
Quando tinham tirado essas fotos? Quem tirou?
Li o que estava escrito nas primeiras páginas, como Alessandro tinha dito, tinha meu nome, idade, aniversário, até meu signo do zodíaco. Mas então li algo que chamou minha atenção.
"Pais: Elena Davila e Carlo Garcia"
Por que usaram só o sobrenome da minha mãe em mim?
Virei para a próxima página, onde estavam os dados da minha mãe e algumas fotos.
Peguei a mais recente foto dela e olhei para ela. Eu tinha poucas memórias dela, a que mais me lembrava era quando ela tinha me vendido... a última vez que a vi.
Virei para a página com os dados do meu pai. Fiquei surpresa ao não encontrar quase nada, mas havia o necessário para eu saber ao menos um pouco sobre ele.
Só tinha uma foto dele, mas estava em preto e branco e ele parecia bem jovem, com certeza não era recente.
Virei a página e me deparei com o que tinha sobre o meu passado e o dos meus pais.
Encontrei o nome do jardim de infância e da escolinha que eu tinha frequentado, algo que eu não lembrava de jeito nenhum.
Mas então encontrei o que estava procurando...
"Elenor Davila foi forçada por Carlo Garcia a vender sua própria filha, devido a aversão dele por crianças e sua recusa em querer uma própria. Da mesma forma, ele se negou a dar seu sobrenome a Lia. Por isso, Elenor acabou dando o seu sobrenome, por um sentimento de culpa por abandonar sua filha."
Fiquei olhando para aquele parágrafo, as palavras logo se tornaram ilegíveis para mim, mas era tudo o que eu precisava saber, eu não queria ler mais nada. Fechei a pasta com os olhos cheios de lágrimas e a devolvi a Alessandro.
"Obrigada...", sussurrei.
"Como você se sente depois de saber disso?" ele pergunta enquanto caminha até a sua mesa.
“Sinceramente, não sei...”
"Você não sabia?"
Neguei com a cabeça enquanto olhava para as minhas mãos. Enxuguei as lágrimas e me levantei do sofá.
“Finalmente agora eu sei. Meu pai não queria filhos e minha mãe preferiu cumprir os desejos egoístas do meu pai e me abandonar... Deve ter simples para eles fazer isso...”
Alessandro me observava com atenção, enquanto eu tentava não chorar novamente, me sentia mal, mas ao mesmo tempo me sentia aliviada por descobrir isso.
Pelo menos não vou mais viver sem saber a verdade.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Maria Sena
Que destino cruel da Lia, e que pais foram esses de renegar a própria filha. Pois é por essese mais outros motivos que ainda vão surgir, que ela deveria dar valor do que tem agora. Ou melhor, valorizar muuuuuiíito o Alessandro, o que fez e ainda tá fazendo por ela. É o que eu ornso né?
2024-11-10
0
Danny Bezerra
tem mais coisa neste história 😃
2024-06-22
2
Denize Almeida
isso é muito triste,saber que foi vendida porque seu pai não gostava de crianças que mãe é essa que teve essa coragem
2024-06-17
6