A dança do ventre

Desço as escadas silenciosamente e me aproximo dos motoristas do palácio, comunicando meu desejo de encontrar meu pai. Um deles prontamente faz uma ligação para Hassan, que concede a permissão. No entanto, ele instrui o motorista a manter um olhar atento sobre mim, evitando qualquer tentativa de fuga da minha parte. Então, entramos no carro e seguimos a estrada para fora do palácio.

— Em eventos como esse que o Hassan foi, apenas os homens participam?

— Sim, senhora, apenas homens frequentam esse evento. — Mentiroso! Por que os homens sempre se protegem uns aos outros. Quando estamos prestes a chegar a casa do meu pai, eu informo ao motorista que ele enviou uma mensagem, informando que não estão em casa, e peço que nos leve até o evento. Inicialmente, ele reluta, mas eu insisto que não entraremos, apenas aguardaremos Hassan na entrada.

Foi uma batalha persuadi-lo, sendo necessário demonstrar minha posição como sheikha para obter sua cooperação. Enfim, chegamos à tenda onde o evento está ocorrendo. Observo uma van se aproximando, da qual desembarcam muitas mulheres elegantemente vestidas com hijabs, assim como eu. Tenho certeza de que, sob os trajes, escondem-se roupas de odalisca. Abro a porta do carro e saio, o que leva o motorista a expressar sua insatisfação.

— Por favor, senhora, não faça isso. O príncipe me punirá severamente.

— Então, vá embora. Diga que me deixou na casa do meu pai e que eu pedi para você partir, invente uma desculpa para proteger a si mesmo.

— Mentir para ele é arriscado, senhora, por favor, vamos embora daqui. O príncipe pode ser implacável quando quer.

— Não, eu vou entrar lá. — Ele me grita, mas ignoro e corro em direção ao grupo de mulheres, juntando-me a elas. Entramos em um vestiário, e ninguém percebe que estou fora do grupo, o que é uma vantagem para mim.

Espero elas começarem a tirar os hijab, e percebo que são iguais ao meu então, respiro fundo e tiro.

Espero até que as outras mulheres comecem a retirar seus hijabs, e percebo que estão idênticas a mim. Respiro profundamente e faço o mesmo.

— Bem, meninas... — Um homem começa a falar, chamando a atenção de todas. — Cada uma de vocês veio de lugares diferente. Espero que vocês surpreendam os poderosos lá dentro. Uma de vocês pode se tornar uma das esposas do Emir ou de seu filho. Dêem o melhor de si, e serão tratadas como verdadeiras rainhas.

Não se depende de mim. Pode ser que até se casem com o pai, mas com o filho, só quando eu partir. Uma grande porta de madeira se abre, a música começa a tocar, e uma por uma entram, apresentando suas melhores habilidades na dança. Eu sou a última a entrar, dançando conforme aprendi no Brasil.

Senti o meu coração acelerar com a emoção e ansiedade. Apenas homens estavam presentes no evento, todos comemorando e desfrutando de suas paixões secretas.

Sob a proteção do anonimato, comecei a me mover ao ritmo da música, deixando que a melodia me envolvesse. Meu corpo fluía como uma extensão da música, e minha dança era uma expressão de desejo e mistério.

Comecei a dançar, deslizando meus pés descalços pelo tapete. Meus quadris se moviam em círculos suaves e ondulantes, como se estivessem guiados pelo vento do deserto. Minhas mãos, adornadas com pulseiras tilintantes, desenhavam curvas no ar, enquanto meus olhos transmitiam mistério e sedução.

O véu que cobria meu rosto até o nariz, só revelava o meu olhar penetrante, enquanto meus cabelos balançavam em perfeita sincronia com os ritmos da música. Cada movimento do meu corpo era de pura sensualidade e provocações.

Observo o Hassan, enquanto seus olhos percorrem todas as dançarinas, mas quando seu olhar se fixa em mim, intensifico meus movimentos, tornando-os mais sedutores.

Todos ao redor estavam hipnotizados, aplaudindo e celebrando a arte da dança do ventre. Percebo o brilho nos olhos de Hassan a cada movimento meu. Até que ele se levanta, e meu coração começa a bater rapidamente de nervosismo.

Ele se aproxima, e eu me viro. Sinto sua presença atrás de mim, e, de costas para ele, começamos a dançar juntos, sem que ele tenha ideia de que sou eu ali. Suas mãos alcançam a minha cintura, para sentir os meus movimentos.

Isso apenas reforça a suspeita de sua infidelidade, já que, se eu não estivesse aqui, seria outra mulher em seus braços. Sinto suas mãos aperta minha cintura com firmeza, e arrisco um olhar por cima do ombro esquerdo.

Quando encontro seu rosto, viro-me bruscamente para a frente, pois mesmo com o véu, ele me reconheceria facilmente se olhasse bem para mim. Continuamos a dançar por um tempo, até que ele me vira repentinamente de frente para ele, e nossos olhares se cruzam. Testemunho o sorriso dele desaparecer em um instante, mais rápido do que um flash de câmera.

— O que você está fazendo aqui? E se apresentando assim, Rubi? — Ele pergunta, apertando meus braços com firmeza.

— Estou trabalhando? Você está me machucando. — Seus olhos transmitem uma fúria incontrolável, misturada com uma profunda decepção. — Preferiria que fosse outra mulher, não é? Se fosse outra, você a levaria para casa como sua segunda esposa, Hassan?

Ele permanece em silêncio, apenas estreitando os olhos na minha direção.

— Aproveite o evento. Se veio até aqui para divertir os homens, continue, está fazendo um ótimo trabalho. — Ele me solta e retorna ao seu trono, muito enfurecido.

Ele vira o rosto para o lado para não me olhar mais. Percebo o homem que trouxe as mulheres me indicando que continue. Volto meu olhar para Hassan e retomo a dança, movendo-me graciosamente ao ritmo da música.

Ele volta o rosto na minha direção, mas o olhar curioso que antes exibia se transforma em puro ódio. Continuamos a dançar, fazendo movimentos elegantes, e eu me inclino para trás até o limite. Balanço a mão no ar, antes de voltar à posição inicial. Então, viro de costas para ele, balançando o quadril ao ritmo da música.

Quando volto a encará-lo, percebo que ele desferiu um murro forte no braço da cadeira. Seus olhos vasculham a multidão, e eu acompanho seu olhar, notando que todos estão fixados em mim. Ele solta um suspiro pesado e se levanta, avançando em minha direção igual uma fera...

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