Capítulo 14 - Propostas.

Chegam ao quarto, Eduardo está acordado e falando pelos cotovelos, sorri ao ver Anne e Marcelo.

Eduardo: — Toc, senhor Marcelo, que bom que chegaram, eu quero agradecer vocês por terem-me ajudado.

Anne: — Que bom que está bem! Você deu-nos o maior susto! — dá um beijo nele.

Marcelo: — E aí garotão!? Pronto pra outra? - batem um na mão do outro.

Bela os cumprimenta com um sorriso no rosto, Marcelo nota a mudança nas roupas de Bela, percebe o olhar de admiração de Eduardo pela mãe e entende. Em dois dias com eles Marcelo presenciou muito mais cenas de carinho, respeito e admiração do que em muitos anos da sua vida. Para seu pai o único interesse era a empresa e a sua mãe preocupava-se em ser a "primeira dama", aparecer nas revistas e participar das festas da alta sociedade, sempre terceirizou os cuidados do filho, se lembra muito mais dos carinhos de vovó Nena e de algumas babás do que da sua mãe.

Eduardo: — O médico falou que posso ir embora hoje! diz todo contente. — Você leva a gente no seu carrão Marcelo? Quando a gente veio eu estava com tanta dor que não deu para curtir...

Bela: — Querido, acalme-se. Fale mais devagar.

Marcelo: — É claro que vou levar você! — ri.

Anne não consegue esquecer os números que viu. Como poderão pagar essa dívida tão grande?

O médico passa no quarto, examina Eduardo, passa a receita de alguns remédios e o libera. Nesse momento Marcelo sai, Anne o segue, ele vai ao financeiro e paga, agora a dívida é com ele.

Anne: — Marcelo, eu prometo-lhe que darei um jeito de pagar essa dívida…

Marcelo: — Eu tenho uma proposta para você, mais aqui não é lugar para tratarmos disso. Depois que levar Eduardo para casa, gostaria que fosse almoçar comigo e falamos sobre isso.

Anne fica apreensiva, que proposta ele vai fazer-lhe? O que ele pode querer dela? Ela não tem nada. Nada que lhe possa interessar. Voltam para o quarto, Eduardo já está pronto para ir, nem parece o garoto que veio a gemer de dor no dia anterior, está todo alegre, sorridente, Marcelo gostou muito dele. No caminho ele contou que as vezes limpa vidros de carros no sinal, outras vende bala. É um garoto esperto. Marcelo percebe que ele não frequenta a escola, depois perguntará a Anne o motivo. Sentiu vontade de ajudar o garoto.

Marcelo: — Eduardo?! Não gostaria de trabalhar como oficie boy na minha empresa?

Eduardo dá um enorme sorriso: - É lógico mano, com certeza!

Marcelo: — Só tem uma condição!

Eduardo: — Faço qualquer coisa!

Marcelo: - Vai precisar estar na escola! E.... Sua mãe deixar.

Bela olha para Anne apreensiva, tem medo do seu ex ou a família dele a encontrar…

Eduardo: — Eu posso nê mãe?! As duas coisas que eu sempre quis. Estudar e trabalhar num lugar sem ser no Sol quente…

Bela ouve o seu filho e sente um nó na garganta, é uma oportunidade única do seu filho ter uma vida melhor. Dê quem sabe poderem sair das ruas, ter um lar…

Bela: — Se é isso que você quer, meu filho…

Anne sente crescer a admiração por Marcelo, quando chegam em frente ao "refúgio", Eduardo desce na maior animação, Bela tem que o segurar.

Bela: — Grilo!? Os seus pontos! Devagar por favor...

Grilo: — Quando posso começar Senhor Marcelo!?

Marcelo ri: — Calma garoto, precisa se recuperar bem primeiro, vamos combinar para daqui uns quinze dias tá bom!?

Grilo: — Combinado! — apertam as mãos.

Marcelo: — Bela, vou conversar com Anne sobre a escola, depois ela lhe explica.

Bela sorri, balança a cabeça afirmando, dá tchau a eles e vai atrás de Grilo que já entrou no "refúgio".

Marcelo leva Anne a um restaurante. Ela sente os olhares dos outros em si, o restaurante é muito fino, as suas roupas não condizem com o local, Marcelo é reconhecido pelo garçom que o atende, deve comer sempre ali.

Garçom: - Senhor Marcelo, que bom vê-lo, vai querer o cardápio?

Marcelo: — Sim Maicon, obrigado. Anne quer tomar alguma coisa?

Anne estava perdida nos seus pensamentos: — O quê? — O rapaz a olha com curiosidade. — Ah! Um suco de abacaxi, por favor.

A curiosidade está deixando Anne maluca, qual será a proposta que Marcelo tem em mente? Ela torce as mãos de nervoso.

Anne: — Gostei muito do que fez para o Grilo...

Marcelo: — Ele é um bom garoto. Gosta de peixe Anne?

Anne: -Sim! Mais tenho alergia a frutos-do-mar... tenho...- Anne se assusta de como as palavras saem da sua boca assim, tem alergia a frutos-do-mar, gosta de Strogonoff de frango, arroz a piamontese, molho madeira...

Marcelo: — O que foi? Tem horas que parece que está em outro lugar...

Anne: — Não é nada. Só me lembrei de algumas coisas... Marcelo, por favor, me diz o que tem em mente para que eu possa lhe pagar a dívida...

Marcelo: — Está bem Anne, vou ser direto. Eu preciso que passe por minha noiva.

Anne o olha incrédula: — O quê? Noiva? — ri — Já viu direito como sou? — abre os braços mostrando a sua roupa.

Marcelo: — O quê? Roupas? Isso é o de menos. Eu preciso de uma noiva, estou sendo indicado a presidência do grupo Novais, para meus pais e alguns acionistas um homem na minha idade já deveria estar comprometido seriamente, pra dizer a verdade "casado", e o futuro presidente da empresa precisa ser um homem de família... Está-me entendendo?

Anne: - Estou. Quer que pensem que é esse homem.

Marcelo: — Não será por muito tempo, a posse do novo presidente está programada para daqui três meses. Sou eu que resolvo praticamente tudo na empresa, mais o meu primo tem dado indiretas a meu pai se insinuando, querendo a presidência e o único trunfo dele é que é casado, "um homem de família", como ele sempre diz. Como se isso fosse qualidade para se ir bem nos negócios…

Anne: - E o que eu teria que fazer?? - Anne não sabe se fica feliz ou triste com a proposta, de qualquer jeito tem que aceitar, a dívida que tem com ele é muito grande.

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