19. Missão concluída

Kai havia levado Pérola ao cinema para assistir a um filme que ela havia comentado. Como sua investigação estava concluída, ele agora tinha bastante tempo para se dedicar a namorada. Por ele, continuaria ali pelo resto da vida. Era engraçado, ele que sempre priorizava o trabalho, agora só queria ver e ficar ao lado da mulher que havia ido comprar sorvete para eles.

Ele observava a namorada ser atendida no balcão quando sentiu seu celular vibrar no bolso da calça jeans escura que usava naquele momento. O oriental pegou o aparelho e atendeu:

— Kai. - Uma voz masculina soou.

— Sim.

— Aqui é o Heron, a pedido da Tess eu estarei indo te encontrar para finalizarmos a investigação e criar um plano para uma emboscada.

— Certo, estarei aguardando. Vem para o mesmo hotel que estou hospedado?

— Sim, assim podemos sustentar o seu disfarce.

— Ótimo, quando chega?

— Amanhã pela manhã.

— Certo, então vou aguardar. Precisa de auxílio com alguma coisa?

— Não, líder, esta tudo bem.

— Até amanhã. - Kai encerrou a ligação, assim que viu Pérola se aproximar.

— Trabalho? - A morena entregou a ele um dos potes com sorvete.

— Sim, amanhã via chegar um colega meu para finalizarmos. - Ele pode ver um olhar desanimado na face da namorada. - Isso não quer dizer que vou te deixar.

— Mas se seu trabalho está finalizado, você vai voltar para a sua casa, correto? - Pérola tinha um tom desanimado.

— Sim, eu vou voltar para ver como estão as minhas coisas, como esta a minha equipe e devo conversar com a minha chefe para permitir a minha vinda para cá de tempos em tempos.

— E o senhor vai me permitir ir te visitar?

— Claro, mas primeiro tenho que procurar um apartamento maior para nós dois. Hoje eu moro em apenas um quarto e sei que você merece muito mais que isso.

— Kai, se isso for dificultar as coisas para você, eu posso pagar um hotel ou ficar na casa do Stephen, que pelo que você falou não é tão longe de onde esta.

— Negativo, quando for me visitar quero que venha ficar comigo, não quero que fique longe de mim nem por um instante. - Ele a puxou para um abraço e a beijou na testa.

— Hum… eu já quero ficar grudadinha em você o tempo todo. - Pérola falou dengosa, fazendo o namorado sorrir.

— Eu também quero muito.

Kai e Pérola começam a caminhar de mãos dadas a procura de uma mesa para sentarem. O casal encontra uma mesa discreta próxima de uma loja de roupas de grife. Eles conversavam sobre o filme até que Pérola viu sua madrasta sair da loja, logo ela deu um jeito dos cabelos caírem sobre o rosto para se esconder. Percebendo o comportamento da namorada, o moreno olha na direção que Pérola havia olhando antes e pode ver a mulher que era seu alvo:

— Algo errado? - Kai volta a sua atenção para Pérola.

— Era a ex-esposa do meu pai. - Ela respondeu em um tom triste.

— Aquela senhora loira?

— Sim, ela mesma. - Pérola suspirou. - Meu pai começou a namorar ela quando eu tinha cinco anos, durante o namoro, ela me tratava muito bem, tão bem que meu pai imaginou que ela seria uma ótima mãe para mim, depois do casamento ela se transformou comigo, ela me batia e me tratava muito mal, sempre me chantageava para que eu não contasse ao meu pai, dizendo que ele ficaria triste e que me mandaria embora. Eu tinha medo, muito medo de perder o meu pai. Ela sempre me batia em locais que ficavam cobertos pelas roupas, então ele não percebia. Meus tios perceberam que eu não estava bem e me levaram para passar um tempo com eles, foi aí que a minha tia descobriu as marcas e eu contei a ela o que acontecia, claro que de início meu pai não acreditou e me levou de volta para casa, foram mais dois anos de maus tratos, até que um dia ela me bateu tanto que desmaiei, foi então que meu pai descobriu tudo.

Kai pegou uma mão de Pérola e beijou:

— Isso deve ter sido muito difícil. - Ele falou.

— Sim, foi difícil. - Ela segurou a mão dele mais forte. - O processo de divórcio foi difícil, aquela mulher fez da vida do meu pai um inferno e sempre que tem a oportunidade, sempre aparece para tirar a nossa paz. Ela não concorda por sair sem nada do casamento.

— Se por acaso ela fazer qualquer coisa com você me fale, que eu te protejo.

— Obrigada. - Pérola sorriu encantando o namorado.

...-***-...

Kai recebeu a mensagem de Heron longo cedo. O seu colega de trabalho já havia chegado ao hotel e o aguardava no restaurante para tomar café da manhã para repassar as informações que haviam levantado. Após se arrumar, o jovem oriental desceu para o saguão do hotel e passou na recepção na esperança de encontrar a namorada antes que ela visse Heron. Não que fosse problema, Heron era o mais discretos do seu grupo, o problema seria se os demais descobrissem, principalmente Rachel, que mesmo não se declarando para ele, deixava claro os seus sentimentos.

Ele se aproximou do balcão e encontrou Marin com o semblante cansado:

— Bom dia Marin!

— Bom dia, Kai, esta procurando a Pérola? - A jovem de cabelos escuros perguntou direta.

— Sim, ela já chegou?

— Ainda não, se não me engano, foi fazer compras com o pai. Mas já deve estar chegando.

— Bem, eu vou tomar meu café. Ah, um colega meu chegou essa manhã, ele vai querer conhecer a cidade, seu namorado esta disponível para um tour?

— Hum… acho que hoje ele esta com um grupo na cachoeira, mas amanhã deve estar livre, vou confirmar para você.

— Obrigado. - Ele sorriu gentil e seguiu para o restaurante.

O local não tinha muitas pessoas naquele horário por ser muito cedo. Logo ele encontrou Heron acomodado em uma mesa já comendo suas proteína matinal. Kai acabou sorrindo ao ver o quanto seu colega continuava com seus costumes saúda veis, provavelmente ele e Netuno se dariam muito bem, já que Heron era um incrível lutador de MMA. O oriental se aproximou da mesa e puxou uma cadeira:

— Bom dia.

— Bom dia. - Heron respondeu ao reconhecer Kai.

— Esta gostando? - Kai indicou a bandeja.

— Sim, a comida daqui é boa. - O homem de cabeça raspada respondeu. - Não vai comer?

— Ainda não.

— Então, o que tem para mim?

— Te enviei tudo por e-mail e bem, tive algumas surpresas, o local é bem vigiado e já tem um comprador para carga.

— Decidiu pegar o comprador?

— Sim.

— Então decidimos o mesmo.

Pérola entrou no restaurante apressada e logo encontrou o namorado sentado em uma das mesas. Preocupada com seu atraso, ela apenas seguiu para mesa, abraçando o pescoço de Kai e lhe dando um beijo no rosto:

— Perdão pelo atraso, o mercado estava cheio e hoje também era dia de peixe fresco. - Foi então que ela notou o homem de cabeça raspada do outro lado da mesa. - Bom dia, me desculpe pelos meus modos. - Ela se ergueu e estendeu uma mão na direção de Heron. - Você deve ser o colega de trabalho do Kai, eu sou Pérola.

Kai se levantou e puxou uma cadeira para Pérola se acomodar:

— Heron, essa é Pérola, minha namorada. Pérola, esse é o Heron, ele trabalha comigo e veio finalizar o projeto.

— Prazer em conhecê - la. - Heron a cumprimentou e observou Kai ajudar a morena a se acomodar na mesa.

— Vou pegar algo para comer, o que vai querer hoje? - Kai perguntou para namorada.

— Só um suco de laranja, acabei comendo no mercado com o meu pai. Falando nisso, ele quer te ver mais tarde. - Pérola falou amável.

— Ok. Faça companhia ao Heron, eu já volto. - O oriental beijou o topo da cabeça da namorada e seguiu para o Bufê.

— Desculpe, prometo não ficar por muito tempo. - Pérola falou para quebrar o silêncio.

— Não se preocupe com isso, estou muito impactado por ver o Kai com uma namorada. - Heron respondeu.

— Por quê? Ele nunca apareceu com uma namorada?

— Esse cara só sabe trabalhar. Mas fico feliz por saber que você quebrou a camada de gelo daquele coração. - Ele sorriu. - Cuide bem dele.

— Pode deixar. - Ela sorriu de volta. - Tem muito tempo que trabalham juntos?

— Sim, tem bastante tempo. Ele é meio fechado, mas é um cara de bom coração.