06. Meu Primeiro beijo

O dia havia passado rápido, já que muitas coisas se acumularam enquanto ela esteve fora. O último período da faculdade havia sido bastante corrido devido o trabalho de conclusão de curso, o que a deixou presa no campus por quase três meses. Estar de volta em sua casa e podendo estar com seu pai, era uma das coisas que estavam fazendo seus dias valerem a pena. Ela nunca havia imaginado que poderia ser tão doloso ficar longe das pessoas que tanto amava.

A jovem se levantou da mesa, já organizada e saiu pelo corredor da área administrativa até alcançar a saída que levava até o corredor da entrada que dividia o hotel da sua casa. Rapidamente, Pérola entrou em casa, se trocou, pegou a sua prancha e saiu pelo para seu treino vespertino.

O Sol já estava avermelhado no horizonte e os ventos estava formando ondas perfeitas. Tudo o que ela precisava para espairecer a mente e esquecer de seu coração partido. Já havia algum tempo que ela estava no mar, pegando onda atrás de ondas, até que sentiu que era o suficiente, se ainda continuasse se sentindo mal, poderia terminar o dia na academia ou no treino de MMA.

Kai notou a bela mulher surfando como uma divindade entre as ondas do mar. Mesmo tendo viajado por tantos lugares e visto tantas pessoas, nunca ele havia encontrado uma mulher tão bela quanto aquela. Seus olhos não perdiam nenhum movimento dela, até que se deu conta que ela estava se aproximando sem tirar os olhos dele. Era como se ele estivesse hipnotizado:

— Olá, o senhor deve ser o novo hóspede.

— Sim. - Kai estava tão hipnotizado que se esqueceu das boas maneiras.

— Prazer, eu sou Pérola, trabalho na administração do hotel, caso tenha algum problema, por favor, pode falar comigo. - Ela sorriu, o deixando mais encantado.

— Oh, nossa, olhe só as minhas maneiras. - Kai se levantou rapidamente de uma forma desajeitada, fazendo Pérola rir. - Eu sou Kai, estou aqui a trabalho. É um prazer conhecê - la, senhorita Pérola. - Ele estendeu uma mão para ela, que o cumprimentou.

— Não se preocupe com etiqueta, acho que devemos ter a mesma idade.

— Bem, é verdade. - Kai sorriu. - Então, você surfa? - Ele indicou a prancha que ela segurava.

— Sim, desde que me lembro, eu sempre estou surfando.

— Isso deve ser muito legal, ter algo que faz desde criança.

— Quer tentar? - Pérola indicou a prancha.

— Eu posso? - Kai a observou surpreso.

— Se não tiver medo do mar, eu posso te guiar. Acredito que vai adorar.

Assim como o pai, Pérola era gentil e solicita. Os dois caminharam até o mar, onde ela posicionou a prancha e passou a ensinar a ele os passos básicos. Não que ele não soubesse, afinal, ele fazia coisas muito mais emocionantes do que estar em uma prancha de surfe. Kai encenou uma falta de habilidade, caindo na água e tomando um caldo umas três vezes, até surpreender Pérola ficando de pé na prancha sem problemas. Pérola assoviou, bateu palmas e gritou o incentivando.

O jovem oriental se sentiu tão feliz naquele momento, que sentia que seu peito iria explodir. Era um momento tão simples, uma experiência que ele já havia passado, mas que agora parecia única, só porque havia uma bela mulher comemorando a conquista dele. Foi então que a ficha dele caiu: ele havia se apaixonado por Pérola desde que a viu pela primeira vez.

Ele saiu do mar carregando a prancha de Pérola, que estava tão focada nele, que não havia percebido a dupla atrás dela que a observava de uma forma estranha. Preocupado com a intenção daqueles homens, Kai apenas se aproximou com um sorriso animado:

— Viu! Eu consegui! - Ele seguiu a animação dela.

— Sim! Você conseguiu! - Pérola dava pulinhos e batia palmas animada.

— Não foi tão difícil. - Kai fincou a prancha na areia. - Desculpe mudar o foco, mas sai apressado porque tem dois caras te observando faz tempo.

Pérola olhou para trás e pode ver Marcus e Oliver a observando. Logo, ela voltou sua atenção para o homem a sua frente:

— São meus companheiros de equipe, ou melhor, eram… - Pérola se lembrou do acontecido da festa.

Percebendo que a jovem perdeu o brilho, Kai logo percebeu que um daqueles caras tinha despedaçado o coração da mulher a sua frente. Eles ouviram um dos caras chamar o nome de Pérola, que se retraiu mais ao ouvir a voz do homem. Sem pensar muito, Kai segurou as mãos dela e a olhou nos olhos, em um pedido mudo de permissão, correspondido com um pedido de socorro.

Ele não pensou muito e aproximou o rosto do dela, selando seus lábios. Se aqueles idiotas não sabiam apreciar Pérola como mulher, ele a faria se sentir a mulher mais incrível do universo. Os lábios dela, eram macios e claramente inexperientes, o que derreteu o coração do oriental, que se afastou dela e encarou seus belos olhos verdes-água:

— Me perdoe. - Kai pediu já imaginando que ela poderia lhe dar um belo tapa.

— Tudo bem. - Pérola sorriu constrangida, sentindo seu coração palpitar. - Você acabou de me salvar aqui.

— Vem aqui. - Kai a puxou para um abraço e Pérola aceitou sem resistência.

Kai aproveitou a posição que estava para observar a dupla, que o encarava chocados ao ver Pérola nos braços de um homem. Logo, o loiro bronzeado resolveu caminhar na direção deles, seguido do ruivo que tinha um ar mais cauteloso:

— Ora, Pérola, seu pai sabe que anda ficando com desconhecidos no quintal dele? - O loiro falou com um sorriso debochado que irritou Kai.

Pérola se afastou de Kai e olhou nos olhos castanhos dele:

— Obrigada por isso. - Ela sorriu.

— Apenas me use o quanto for necessário. - Kai respondeu de forma que somente ela pudesse ouvir.

Assim que ele fechou a boca, ele pode ver o semblante da mulher a sua frente mudar de dor e sofrimento, para o de uma guerreira que esta pronta para ir para batalha. Pérola era mesmo incrível.

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