Capítulo 13

As palavras dele saíam com certa dificuldade, e se Ivy estava certa, podia apostar que ele jamais tinha contado tudo aquilo a ninguém, se sentia privilegiada de saber algo tão íntimo dele.

— A segunda mulher que me fez ficar mais frio, foi alguém que eu julguei amar. Uma mulher que destruiu minha autoestima e disse que eu jamais seria alguém na vida. Estávamos noivos, e ela simplesmente me abandonou para se casar com alguém mais rico e bem posicionado socialmente. Na época eu fiquei destruído, jurei para mim mesmo que seria um dos maiores empresários do país, trabalhei dia e noite para me consolidar no mercado, e quando consegui, advinha o que aconteceu?

— Essa mulher foi atrás de você?

— Isso mesmo! Veio até mim rastejando, dizendo que me amava, dizia que havia cometido um grande engano e que na verdade estava confusa. Mas eu nunca me esqueci das palavras dela para mim. Sabrina me humilhou da forma mais baixa que alguém pode fazer, disse que eu seria sempre um fracassado, e que jamais atingiria o sucesso. Obviamente que, quando ela reapareceu, eu não quis saber dela, foi muito prazeroso ver como estava arrependida, e na verdade, me senti feliz que tivesse me mostrado antes de nos casarmos, quem ela era realmente.

— Eu sinto muito por você. Jamais imaginei que fosse por esse motivo que você fosse tão fechado e...chato, às vezes. As duas mulheres mais importantes de sua vida, o decepcionaram, mas você precisa entender que nem todas as mulheres vão te ferir dessa forma.

Seus olhos e encontram por um instante. Michael sentia vontade de perguntar a ela, se seria capaz de o ferir, como haviam feito, mas não tinha motivos para aquela pergunta, uma vez que não tinham relacionamento algum. Por que ele tivera aquele súbito pensamento?

— Eu sei, Ivy! Mas não quero correr o risco, acho que não vale a pena. Depois que alcancei certa fama e sucesso profissional, a situação piorou muito, o tipo de mulher que chega até mim, são as mais interesseiras possíveis. Eu apenas aprendi a lidar com a situação.

— Entendo. Mas nunca sentiu vontade de ter um relacionamento de verdade? Onde você pudesse ser quem realmente é?

Aquela pergunta ficou ecoando na cabeça dele. Era óbvio que sentia vontade de partilhar momentos simples de seu dia a dia. Queria poder chegar em casa e encontrar alguém à sua espera, queria poder dividir seus sonhos, suas tristezas, e suas confidências. Estranhamente, quando pensava nisso, a única mulher que vinha à sua mente, era Ivy Garcia, mas...por quê?

— Não! Estou muito bem assim. — Mente, ele.

Não era a resposta que ela queria ter ouvido, mas entendia o tamanho da mágoa que ele deveria ter no coração.

— E você, Ivy, nunca se apaixonou?

Aquela conversa estava sendo reveladora, e já que Michael resolvera abrir seu coração, ela faria o mesmo.

— Sim, mas foi há muito tempo.

— É mesmo? E o que deu errado?

— O de sempre! Éramos incompatíveis, além de não ser uma garota muito...bonita. Eu era filha de mãe solteira, e assim como você, nunca descobri quem era meu pai, acho que nesse sentido, entendemos muito bem a falta que uma figura paterna, faz. Por isso, quero escolher muito bem quem será o pai dos meus filhos...Minha mãe vivia se mudando de cidade em cidade, e a cada mês aparecia com um namorado diferente, mas eram sempre homens ruins, bebiam em excesso, eram violentos, e nunca trabalhavam. Minha mãe recebia um dinheiro de uma indenização de uma fábrica, por ter se acidentado, então os homens que se relacionava, eram aproveitadores. Eu não sei de onde veio meu senso de responsabilidade, mas sempre soube que deveria estudar para ter um futuro bem diferente do de minha mãe. Sem estudo, não se consegue nada.

Michael a olhava consternado, não podia imaginar uma garota doce como ela passando por aquela situação.

— Sempre foi difícil acompanhar as aulas, pois nos mudávamos com frequência, mas mesmo assim, eu me esforçava muito e era boa aluna, ainda na escola, ganhei um concurso e o prêmio era um curso on-line para aprender inglês, estudei por 8 anos, e mesmo com as dificuldades, consegui concluir e aprender o idioma perfeitamente. Quando fiz dezoito anos, minha mãe arrumou mais um namorado, que é o mesmo que ela tem agora, e acabou se tornando seu marido. No começo ele não se aproximava de mim, até porque eu parava pouco em casa, naquela época consegui um trabalho de garçonete, e ficava fora quase o dia todo. Depois consegui uma bolsa integral na faculdade, e fui estudar arquitetura, mas não era o curso que eu queria. Na verdade, não tinha ideia do que queria estudar, mas a oportunidade surgiu e eu a agarrei.

— Incrível você me contar isso, qualquer um que veja seu trabalho, tem a mais absoluta certeza de que sempre soube que queria ser arquiteta. Você nasceu para isso!

— Obrigada! Mas a verdade, é que eu apenas agarrei a oportunidade com todas as minhas forças, não queria ser como minha mãe. Mas como disse, me apaixonei uma única vez. Acabei me encantando com um rapaz do mesmo curso que eu, porém, ele foi muito claro ao dizer que não ficaria bem se envolver com alguém como eu. Segundo ele, as pessoas comentavam que minha mãe era uma vagabunda e que sustentava malandro, e que certamente eu seguiria os mesmos passos que ela, ninguém poderia me levar a sério, e não seria ele, que o faria.

— Canalha!

— Na época eu não tinha entendido que não passava de um passatempo nas mãos dele, pois ficávamos juntos de vez em quando, mas sempre escondido, ele não queria ser visto comigo, todas as vezes que ele me pedira para ir para cama com ele, alguma coisa me dizia para recusar, acho que em meu íntimo, já sabia que ele não era o homem certo. Quando ele finalmente percebeu que eu não iria ceder, simplesmente parou de falar comigo, mas antes, espalhou para a cidade inteira que eu era péssima amante, sendo que nunca tivemos relação alguma. Como se não bastasse, quando faltava apenas um ano para me formar na faculdade, o marido de minha mãe começou a me olhar de um jeito diferente. Me cercava e me dizia coisas indecentes. Minha vida se transformou num verdadeiro inferno, vivi um ano horroroso, tinha que aguentar as pessoas da faculdade me apontando o dedo, a cidade inteira me recriminando, e o marido de minha mãe me assediando.

— Oh, Ivy! Eu sinto tanto por você!

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Comments

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

pior que acontece assim mesmo quando não cedemos inventam e espalham que somos desfrutável ou promíscua ou fáceis ou damos de difícil ... aprendi cedo que o quê os outros falam ou pensam só nos afetam se permitirmos e que somente nos prejudicará se os que darão ouvidos forem e pensarem igual aos difamadores.

2024-06-03

1

Rita Silva

Rita Silva

Então, a comunicação se faz importante em qq relação...seja por amizade... fraternidade...ou amorosa!!! Creio daqui o frente eles viveram essa estória de noivado bem mais relaxados!!!/Smile//Smile//Smile/

2024-03-27

6

Vilma Alice

Vilma Alice

Foi muito bom eles terem conversado sobre suas vidas e entenderem-se pois em suas vidas tiveram infortúnios que os deixaram temerosos para terem um relacionamento de amor com outras pessoas.Tomara que eles se acertem pois,já há algum sentimento entre eles só não se deram conta ainda/Angry//Angry//Angry//Angry//Angry/

2024-01-26

2

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