Capítulo 11

O ego de Michael havia sido ferido, com sucesso! Se sua intenção era se manter afastado dela, ouvindo aqueles insultos seria bem mais fácil, pois Ivy acabara de deixar muito claro que não sentia absolutamente nada por ele, o que era ótimo, não era? Nunca havia sido rejeitado por mulher alguma, na verdade elas se jogavam para cima dele com frequência, e a sensação de ser colocado de lado por uma mulher, ainda que ela não o atraísse, não era nada agradável.

— Ótimo, Ivy Garcia! Que bom que esclarecemos tudo, você também não é o tipo de mulher que me atrai, mas enquanto estivermos aqui, representaremos nosso papel brilhantemente. Se me der licença, vou tomar um banho e descansar.

Ele entra no banheiro, pisando duro, sua expressão era fechada e podia-se sentir a tensão no ar. Sentada na beirada da cama, Ivy tinha seu coração apertado, tempos atrás imaginara que talvez, o sentimento de carinho entre os dois algum dia pudesse ser recíproco, era óbvio que a relação dos dois era rasa e superficial, naquele momento, mas podiam chegar a desenvolver ao menos uma amizade, por que não? Porém, depois daquela conversa, tinha certeza que precisava o mais rápido possível manter seus pés no chão, Michael jamais olharia para ela, nem mesmo para uma possível amizade.

Após Michael ter saído do banho, ela pega em sua mala, roupas adequadas, e entra no banheiro, se arrepende no mesmo instante de ter escolhido camisolas curtas, pois apesar de velhas, eram pequenas, havia imaginado que dormiria sozinha. Comprara aquelas peças há muito tempo, e estavam tão finas, que chegavam a serem transparentes, de tão velhas. Ao sair do banheiro, encontra Michael deitado no chão, de olhos fechados, seus braços estavam cruzados atrás da nuca, seu peitoral estava à mostra e o fino lençol cobria somente de sua cintura para baixo.

Ivy lançara um olhar de canto para ele, não queria que ele percebesse o quanto aquela imagem havia mexido com ela, mas agradecia, por seus olhos, estarem fechados. Os cabelos dela, finalmente estavam soltos, e a longa cascata escorria pelas costas e chegavam quase até a cintura. Ivy, vai em direção ao imenso espelho, de frente para a cama, penteia suas madeixas e em seguida, pega seu hidratante e começa a passar pelo corpo. Não havia uma noite sequer que não hidratasse sua delicada e um tanto quanto seca, pele, ela podia ser sem graça, mas ainda assim, gostava de se cuidar, nem que fosse o mínimo possível.

Sua camisola era de um tom azul claro, o comprimento ia somente até metade da coxa, na parte de cima, seus seios ficavam quase de fora, e o fino tecido marcava seus mamilos. Ao se abaixar para passar o creme nas pernas, acaba descendo demais, fazendo com que seu bumbum ficasse exatamente na direção dos olhos de Michael, sua atitude não havia sido intencional, ela apenas fazia exatamente a mesma coisa como todas as noites, era um hábito.

Não haveria problema algum em passar creme corporal, pelo menos era o que ela pensava. Ao se levantar, olha o reflexo dele através do espelho, e no mesmo instante, se depara com ele a olhava fixamente, parecia ter a respiração acelerada, podia notar seu peito subindo e descendo de forma mais intensa.

A solução encontrada havia sido sair da zona de visão, e correr para o outro lado do quarto, precisava se recuperar da intensidade com que ele a olhava.

Deitado no chão, Michael lutava consigo mesmo. Tinha pensamentos conflitantes em relação à Ivy. A ter visto daquela forma, em uma camisola tão sensual, passando creme em suas lindas pernas, abalara suas estruturas completamente. Os cabelos dela pareciam tão sedosos e macios, seu rosto era delicado e o conjunto da obra era encantador. Imaginara que o corpo dela era bonito, mas não tanto quanto ele vira. Ficara ainda pior, no momento em que ela se abaixara, tinha tido uma visão ainda mais perturbadora.

Conseguira ver a minúscula calcinha que ela vestia, o bumbum era redondo e macio, tinha o tamanho perfeito. Instantaneamente, precisou virar de lado para ao menos tentar disfarçar seu desejo crescente por ela, torcia para que Ivy não tivesse notado um volume avantajado por debaixo do lençol.

Como ele podia ter se deixado enganar daquele jeito? Ivy Garcia tinha seus encantos e não era nada, absolutamente nada, sem graça. Ele havia sido um completo idiota em a julgar daquela forma, olhara para ela superficialmente, mas depois do que vira, dificilmente a esqueceria.

A noite dos dois havia sido péssima. Ivy se enfiara debaixo das cobertas na macia cama e se cobrira até o pescoço. Enterrara seu rosto nos travesseiros e se esforçara ao máximo para controlar as batidas apressadas de seu coração. No chão, Michael praguejava mentalmente pela péssima ideia que havia tido.

Como um homem seria capaz de resistir a Ivy Garcia? Como Michael Wood seria capaz de resistir aos encantos de sua noiva de mentira? Por trás daquelas roupas feias e velhas, e aquele coque formal, se escondia uma mulher incrivelmente atraente.

Ao acordar, Ivy não encontra nem Michael, nem a cama improvisada dele no chão, o que era um verdadeiro alívio. Se levanta rapidamente, toma um banho, coloca um vestido branco de algodão, com estampas florais, uma peça bem simples, mas que a deixava confortável, calça uma sandália baixa, e desce até a mesa do café da manhã, não sabia a que horas o desjejum era servido, pois ninguém a avisara nada. Ao se sentar à mesa, cumprimenta Annete e Michael, que por sua vez, tinha a expressão fechada e indecifrável como sempre.

— Me desculpem o atraso, acabei dormindo demais!

— Não se preocupe, querida! Entendo que vocês dois fizeram uma viagem e tanto e estavam cansados. Você dormiu bem?

— Dormi sim, senhora!

— Ótimo! Michael, meu querido, por que você está com essa carinha fechada? Vocês andaram brigando?

A velha senhora não era nada boba, podia ver de longe que algo estava errado, de um lado da mesa, Ivy mantinha seus olhos baixos e fixos em sua xícara de café, enquanto do outro, Michael comia uma salada de frutas sem vontade alguma, parecia empurrar as frutas, goela abaixo.

— Não é nada, vovó! Eu e Ivy tivemos uma discussão boba, ontem à noite, mas não teve importância, logo nós nos acertaremos!

— Ah, meu neto! Seja lá o que tenha acontecido, trate de ficar bem com sua noiva, quem em sã consciência brigaria com uma moça tão linda e agradável como Ivy? Eu conheço muito bem o seu gênio, sei que você pode ser muito desagradável quando quer, e sei também, que certamente a culpa foi sua...o que você fez a ela?

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