Capítulo 9

Michael a olhava incrédulo. Porém, tinha a mais absoluta certeza que tinha que havia escolhido a mulher certa para aquele trabalho. Era óbvio que não tinha nenhuma segunda intenção com Ivy, ela não o encantava em nada, fisicamente falando, porque como pessoa, ele já começava a admirá-la. Saber que ela queria ter alguém especial, somente o deixava com mais respeito por ela. Ivy era mesmo especial.

Não esperava que ela tivesse se guardado tanto tempo para alguém. Gravara em sua mente o que ela dissera, “Não sou mulher de apenas uma noite”. Não! Definitivamente, não era mesmo! Sabia que ela merecia muito mais, afinal, havia tido um passado difícil e se reerguera sozinha, era no mínimo uma mulher valiosa, embora não tivesse certos encantos físicos, ainda assim, era digna de admiração.

— Eu não poderia imaginar que ainda existissem mulheres como você. A admiro ainda mais por isso. Você realmente é uma mulher diferente das demais. Acho que uma mulher deve se entregar no momento em que quiser e se sentir pronta, não por pressão do parceiro, ou por uma pressão da sociedade, pois hoje, as pessoas adoram ditar as regras de como o outro deve viver. Acham que existe hora pra tudo e julgam as escolhas alheias, isso quando não fazem piadas de mau gosto. Vejo que você é firme nos princípios que estipulou para si mesma.

Ivy apenas abaixa sua cabeça e finge estar concentrada em seu copo com água, podia sentir sobre ela os olhares incrédulos de Michael, o que a fazia se sentir ainda pior. O constrangimento é interrompido apenas pela chagada da refeição que haviam pedido. Os dois comiam em silêncio, mas vez por outra, seus olhares se cruzavam, e nenhum deles sabia muito bem como reagir, desviavam imediatamente.

De volta à estrada, Michael decidiu combinar algumas coisas com ela, precisavam convencer a todos de que o noivado era real.

— O que acha de dizermos que nos conhecemos em um coquetel, Ivy?

— Por que não dizemos que nos conhecemos em seu escritório mesmo? Além do mais, eu definitivamente não sou mulher de participar de coquetéis, eu sei que me visto de forma antiquada, e certamente não foi por meus atributos físicos que fez você se “apaixonar” por mim...Diga que me conheceu quando eu concorri a uma vaga de arquiteta e que nos apaixonamos.

— Tem razão, não quero parecer indelicado, mas...realmente sempre estive com mulheres belíssimas...não que você não seja, acho que se passasse por uma transformação, você ficaria irreconhecível...bem, podemos dizer que eu me apaixonei por você desde a primeira vez que...conversamos, podemos dizer que eu me apaixonei pelo seu jeito, e por seu talento com a arquitetura...depois disso não nos separamos mais. Diremos também que está trabalhando comigo no escritório, até porque você será acionista quando tudo terminar, quando retornarmos ao trabalho, você terá uma sala somente sua.

— Que ótimo! — A afirmação não saíra de sua boca muito convincente.

— Já ia me esquecendo, abra o porta luvas por favor.

Ivy o obedece e abre o local, havia somente uma pequena caixinha de veludo preta, e a pega. Michael, pede que a abrisse. No instante que seus olhos avistam o delicado anel, sua boca deixa escapar uma exclamação de surpresa.

— Este será seu anel de noivado. Achei que não seria apropriado chegarmos ao litoral, sem você estar usando um. Coloque-o no dedo por favor.

Ivy fica olhando maravilhada para o pequeno objeto. Era de ouro, mas tinha um grande diamante sobre ele, certamente brilhava mais que o próprio sol. Vagarosamente o retira da caixinha e o coloca no dedo.

— Gostou?

— Sim, é lindo! Tomarei o máximo de cuidado possível para não o perder, parece ser muito valioso, dá até medo de que algo aconteça!

— Não se preocupe, se isso acontecer, comprarei outro, é só um anel, não tem importância, nem significado algum! — Dizia tentando parecer não se importar muito, não queria que aquele simbolismo do anel tivesse importância maior do que realmente tinha.

O restante da viagem, terminaram calados, faltavam apenas mais alguns minutos até que chegassem, finalmente. A paisagem começara a mudar, e agora o que se via, eram muitas árvores, casas enormes, e águas em um tom de azul, deslumbrante, até mesmo a brisa que soprava era diferente, pareciam estar em outro mundo.

Michael pega uma estrada de terra e em poucos minutos adentram um imenso portão. Quanto mais se aproximava da casa de praia, mais o coração de Ivy se apertava. A partir daquele momento, não tinha mais volta, teria que encarar o papel da noiva apaixonada, e não tinha certeza se conseguiria enganar a todos, pois dentro dela, começava a achar que não seria tão impossível assim se apaixonar por Michael, e esperava que aqueles trinta dias, passassem o mais rápido possível.

Ao descer do carro, Michael a paga pela mão, entrelaçando seus dedos nos dela, o que a deixara completamente perturbada, o toque firme que ele tinha, fazia com que um calor subisse pelo seu corpo de forma abrasadora. Ele a levava para dentro da espaçosa casa e caminhava até a varanda, pois segundo ele, sua avó estaria sentada em sua cadeira de balanço.

Ao chegarem, dito e feito! Uma senhora de estatura pequena sentada em sua cadeira, olhava atentamente suas roseiras, Michael se solta de Ivy e vagarosamente caminha até ela, se colocando atrás de sua cadeira e tampando seus olhos.

— Adivinha quem é?

Annete não precisava adivinhar, pela voz e pelo jeito brincalhão de sempre, era óbvio que só poderia ser seu neto amado.

— Não acredito que você veio, Michael!

Ela então se levanta de sua cadeira com uma agilidade invejável, nem mesmo a aparência dela denunciava que faria noventa e três anos de idade. Os dois se abraçavam euforicamente, e no momento em que se desgrudaram, os olhares da velha senhora, repousa em Ivy.

— Vovó, esta é Ivy Garcia, minha noiva!

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