Capítulo 2

Começava a atravessar a rua a passos largos, e novamente sentia a confiança dentro dela renascendo, sentia que daria tudo certo, e daria mesmo, se não fosse o fato de que não havia olhado para os dois lados da avenida, e antes de chegar ao meio da rua, um carro a acertara em cheio fazendo com que caísse no meio fio. Não fazia ideia de onde o carro havia surgido, muito menos como havia ido parar ao chão tão rapidamente, não sentia dor alguma, seu corpo parecia anestesiado. Ela olhava fixamente para o céu sobre sua cabeça, notava como era bonito e relaxante aquele tom de azul, podia ouvir algumas vozes ao redor dela, via ainda algumas sombras, mas não conseguia identificar ninguém, muito menos conseguia se mover.

— Senhorita! Está me ouvindo? — Dizia uma voz masculina.

Ao mover seus olhos para acompanhar a voz, um nó na garganta de Ivy se forma, pois aquele homem à sua frente parecia um anjo, seu rosto era bonito, seu maxilar era anguloso, seus olhos profundos, envolventes e igualmente misteriosos, seus cabelos escuros penteados impecavelmente lhe conferiam um ar sério e atraente ao mesmo tempo, sua barba por fazer lhe dava um ar sexy, a boca bem desenhada, seus lábios pareciam macios. Ela queria dizer alguma coisa, mas as palavras não saíam de sua boca, pois aquele olhar à sua frente era tão intenso, que as palavras morriam presas na garganta. Vagarosamente, Ivy sente seu corpo entrando num estado de torpor intenso, e em questão de segundos, seus olhos se fecham a levando para um lugar desconhecido.

Horas depois, vagarosamente abre seus olhos, sentia que estava em uma cama muito macia, bem diferente da sua, já que seu colchão tinha adquirido o formato de seu corpo, de tão velho. Um bocejo sai de sua boca, e ao olhar atentamente para a janela, nota que já havia escurecido, e num sobressalto, acaba se sentando na cama.

— Não faça movimentos bruscos!

Assustada, vira seu rosto, e nota que sentado em uma cadeira ao lado de sua cama, havia um homem que a observava atentamente.

— Onde estou? E quem é você?

— Não se recorda do acidente?

— Acidente? — Pergunta ainda meio confusa.

Ivy pensa por um instante e olha a sua volta, somente então, é que se dá conta de que estava em um hospital, leva ainda a mão à sua cabeça e percebe um pequeno curativo em sua testa. Lentamente começa a se recordar de horas antes, e como tudo havia acontecido, inclusive do último rosto que havia visto antes de desmaiar, sim, era ele! O “anjo” que a encarava enquanto ela estava no chão.

— Oh! O anjo! — Diz baixinho para si mesma, se lembrando que havia o comparado com um ser celestial, tamanha sua beleza.

— O que disse, senhorita? — Tinha o cenho franzido, pois se não estava enganado, ouvira aquela mulher o chamando de anjo.

— Eu...não disse nada, acho que me lembro do acidente. Eu estava atravessando a rua quando um louco surgiu do nada e me atropelou.

— Não foi bem assim, senhorita, Ivy! Eu me lembro muito bem que atravessou a rua sem olhar para os lados, não tive tempo de fazer absolutamente nada, infelizmente meu carro acabou a acertando. Sinto muito por isso.

— Então foi o senhor, que me atropelou?

— Sim!

— Como sabe meu nome?

— Eu abri sua bolsa e peguei seus documentos.

— Como é? Você mexeu em minha bolsa?

— Claro que sim! Precisava saber seu nome para registrá-la no hospital. Aliás, há alguém que eu possa chamar para ficar com você?

— Oh! Entendo. Não há ninguém que possa ficar comigo, estou morando em Londres há alguns meses apenas, vim em busca de trabalho, já que onde eu morava não tinha tantas oportunidades, aliás, eu atravessei a rua com pressa, pois tinha uma entrevista marcada e estava atrasada, mas infelizmente devido as circunstâncias, não pude comparecer. Aquela era a grande chance de minha vida.

— Sinto muito! Talvez eu possa ajudar em algo, quero me retratar com a senhorita, de alguma forma. Conheço algumas pessoas, acredito que alguns telefonemas ajudem!

— Não se preocupe, acho que seria impossível me ajudar, afinal, minha entrevista era no escritório, Wood Arquitetura, e mesmo estando em Londres há pouco tempo, sei que é quase impossível falar com alguém de lá. Eu mesma liguei uma centena de vezes, e nunca consegui nada. Por sorte, minha prima trabalha na recepção e me avisou de uma seleção de última hora, conseguiu inclusive fazer com que colocassem meu nome na lista de entrevistados, mas acho que uma chance como aquela, não vai aparecer nunca mais!

Michael a olhava surpreso, pois seus caminhos de qualquer forma iriam se cruzar, já que ele era o dono do escritório Wood, e ele próprio faria a seleção de candidatos naquela manhã. Com toda sua experiência de vida, sabia que não existiam coincidências, e que talvez, aquela mulher à sua frente, fosse a solução, ainda que temporária, para seus problemas. Ele então, a olha mais atentamente.

Em sua visão, aquela mulher não era atraente, não tinha uma beleza estonteante, não tinha os encantos femininos que ele tanto gostava, ela também tinha um sotaque diferente, não parecia inglesa, talvez fosse uma mulher latina, não se lembrava de onde, quando havia pegado seu documento em sua bolsa. Talvez ela servisse para seus planos, por que, não? Àquela ideia lhe passa pela mente, e naquele mesmo instante, decide que Ivy, permaneceria em sua vida, pelo menos por algum tempo, se ela aceitasse, claro!

— Bem, senhorita, Ivy, sei que nos conhecemos numa ocasião não muito boa, mas novamente peço desculpas pelo acidente. E agora que sei que está bem, e que não terá sequela alguma, preciso ir embora. Não se preocupe com os gastos com o hospital, pois pagarei o que precisar.

— Obrigada, e...me desculpe por atravessar na frente de seu carro, eu realmente estava distraída. Obrigada por tudo.

— Não se preocupe. Nós nos veremos muito em breve senhorita, Ivy!

Ela não tivera tempo de responder, pois o homem saíra do quarto muito rapidamente, a deixando com muitas perguntas, inclusive, como se chamava, já que esquecera de perguntar. Encosta sua cabeça novamente no travesseiro e fecha seus olhos, mas a todo instante, a imagem daquele homem vinha à sua mente, pois definitivamente, era um homem difícil de esquecer.

Enquanto andava pelos corredores do hospital, Michael Wood tinha um semblante determinado, seus olhos que normalmente eram misteriosos, pareciam estar ainda mais enigmáticos naquela noite, pois o destino havia literalmente jogado aquela mulher à sua frente, e com certeza, Ivy Garcia, era perfeita para seus planos, ela não era nem de longe o tipo de mulher que ele se interessaria, não tinha uma beleza estonteante, muito menos o charme e a malícia de mulheres experientes, mas também não podia dizer que era totalmente feia, mas sim...comum, sem encantos, o que a tornava perfeita para seus planos.

Começaria então, investigar mais a vida dela, para ter certeza de que era a pessoa certa para o que ele tinha em mente, mas se ele estava certo, como achava que estava, finalmente poderia dar uma última alegria à sua avó.

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Comments

Giulia Pereira

Giulia Pereira

🤣🤣🤣🤣🤣quero ver quando ela tomar um banho, usar os cabelos naturais e suas roupas sem ser terminei surrado de entrevista

2024-04-02

2

Cizza le lait

Cizza le lait

Vai sonhando, padrão, vai ser bom se aparecer um garoto só para lhe fazer ciúmes ..

2024-03-27

0

Cizza le lait

Cizza le lait

Tem certeza rapaz???😅😅😅

2024-03-27

0

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