Capítulo 12

No caminho até Buñol, Alejandro contava histórias de sua infância, o que deixava Isadora encantada, pois descobrira que ele era extremamente levado, e que aprontava muito. Podia claramente imaginá-lo aprontando com os colegas de escola, e com os primos.

- Ah corazón, eu fui um menino muito malvado! Acredita que uma vez, subi até o telhado da escola e joguei muitos sacos de mistura para refresco na caixa d’água? Avisei a escola inteira que no horário do intervalo todos teriam suco de graça!

- Você não fez isso!

- Ah, fiz sim, corazón! Yo era um muchacho(menino) muito levado. Naquele dia, levei uma suspensão de uma semana. Minha mãe ficou furiosa comigo, mas depois acabamos rindo muito, e ela me confessou que achou tudo muito engraçado.

Isadora ria alto dentro do carro, não se lembrava como era o som de sua risada, e quanto mais ria, mais queria rir. Não era somente pelo fato de ter achado a história engraçada, mas era também por ter relembrado a sensação de rir abertamente.

Alejandro se sentia maravilhado com aquele som preenchendo o interior de seu veículo, era um tom quente, macio, e...sensual. Tratou logo de tirar aquela ideia de sua cabeça, pois Isadora não estava pronta para uma aproximação daquele tipo, por mais que ele quisesse muito beijá-la, não era hora de ultrapassar os limites, ou então, Isadora se afastaria de vez.

- Eu consigo imaginá-lo claramente aprontando na infância, sabia?

- No me digas! (não me diga!)

- Digo sim! Acho que você continua com o mesmo jeitinho de moleque travesso.

- Por que diz isso?

- Bem...porque você é carismático, adora conversar, tem o sorriso largo e bonito, trata as pessoas com afeto, não sei, imagino que quando você era criança, era exatamente assim.

- Me sinto lisonjeado pelas suas palavras, corazón! Você me descreveu de um jeito muito especial, fico satisfeito que veja isso em mim.

- Bem...até agora, foi o que me mostrou. Tem sido um bom amigo, e não sabe como eu aprecio isso...acho que nunca tive um amigo como você.

- É um bom começo, não acha?

Isadora apenas sorri, timidamente. Começo? Começo de quê? Era óbvio que a amizade de ambos ainda precisava se solidificar, mas não entendera o comentário dele sobre ser um bom início.

Finalmente chegam à Buñol, Alejandro os registra num pequeno hotel, em quartos separados, porém, interligados por uma porta. O lugar não era nada luxuoso, até mesmo a casa de Alejandro era maior e mais luxuosa, mas mesmo assim, o lugar parecia ser aconchegante. Depois de se instalarem, tomarem banho, e comerem, Alejandro pede que ela suba e troque de roupa, pois o que viria em seguida, seria uma experiência um tanto quanto...diferente.

- Não me entenda mal, corazón, mas sua roupa está bonita demais para o lugar que a levarei. Vista algo que você não tenha pena de perder.

- Perder? Você está dizendo que eu vou ficar...nua? – falava espantada.

- No! Nada disso...digo perder, no sentido de a roupa não ter recuperação, ela pode...manchar!

- Deus! Onde você está me levando?

- Apenas troque de roupa, está bem?

Isadora sobe e olha em sua mala alguma roupa que ela não teria pena de ficar sem, mas para seu azar, todas as peças que se encontravam em sua mala, eram novas. Havia renovado o guarda-roupa para não viajar com roupas velhas e gastas, mas nesse momento, tudo o que desejava, era ter de volta alguma roupa de antes, pois segundo Alejandro, a roupa não teria recuperação. Por fim, ela se decide pela calça branca, e por uma blusa também branca, eram as peças mais simples e mais baratas, e o prejuízo não seria tão grande se desfizesse delas.

Ao descer novamente até o saguão, encontra Alejandro conversando animadamente com uma mulher, a bonita morena encostava no braço dele com uma intimidade que ela não estava gostando nada, mas no mesmo instante em que percebe o caminho de seus pensamentos, se recrimina, pois não tinha o direito de sentir ciúmes dele.

- Chegamos, corazón! – fala animadamente.

Os dois haviam saído de Madri às seis horas da manhã, e agora, o relógio marcava nove e meia. Alejandro estaciona o carro num lugar mais afastado, ao descerem, Isadora nota como o lugar tinha uma certa semelhança com o Brasil. As casas eram todas muito próximas, e muito coloridas, as pessoas eram receptivas e sorridentes, a música era envolvente e animada.

- Que lugar lindo!

- É mesmo, lindo Isadora! Mas se prepare, pois o que está por vir, será melhor ainda! Pronta para a diversão?

- Acho que sim!

Pela primeira vez, Alejandro se aproxima de Isadora e fica a encarando sem dizer nada. Ele queria abraça-la e tocar em sua pele macia, mas seu bom senso dizia que ainda não era o momento. Ele lutava conta seus sentimentos, pois o que sentia por Isadora crescia cada vez mais.

- Corazón...se importa se eu pegar em sua mão? Acho que pode ser necessário, no começo, pelo menos! – pergunta ainda meio apreensivo.

- Bem...eu...não sei do que se trata, mas...sim. Você pode pegar em minha mão.

O coração dos dois batiam apressados, ela por ansiedade de permitir que um homem a tocasse, ainda que num gesto inocente, e ele por saber que ela estava baixando a guarda e começava a demonstrar confiança nele.

- Ótimo! Se você se sentir desconfortável, quero que me avise, está bem? Se não gostar da festa, me fale, que a levarei embora no mesmo instante.

- Festa? Então participaremos de uma festa?

- Sí, corazón!

Alejandro delicadamente pega a mão de Isadora e entrelaça seus dedos nos dela. O contato, os fizeram estremecer, o que não passou despercebido para nenhum dos dois. No momento em que se tocaram, sentiram alguma coisa diferente, como se uma corrente elétrica percorresse o corpo de ambos. Se olharam assustados, como se perguntassem silenciosamente se tinham sentido a mesma coisa, o que se revelou ser recíproco.

Eles caminhavam de mãos dadas pelas ruas coloridas de Buñol, e a cada passo que davam, o som de vozes ficava mais evidente. Ao que tudo indicava, era uma grande festa. Ao chegarem à Plaza del Pueblo, Isadora percebe milhares de pessoas amontoadas num mesmo lugar, de longe, avista um grande pau de sebo com um...presunto, no topo.

- O que é aquilo? Um presunto?

- Sí, corazón! Aquele é o início da festa. Um grande pedaço de jamón (presunto), fica no topo do pau de sebo, e alguns mais corajosos tentam resgatar o grande prêmio. Mas a grande diversão começará daqui a pouco, às 11h. Veja só, o caminhão á chegou!

- Caminhão?

Mais populares

Comments

IJBitt🧚

IJBitt🧚

Os pequenos prazeres da vida estão ressurgindo,Isadora.
Que bom! ☺️

2024-12-09

1

IJBitt🧚

IJBitt🧚

Quanta criatividade desse garoto...Kkkk.

2024-12-09

1

Ameles

Ameles

ele quer ser mais que amigo

2024-12-03

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!