Então, foi você que limpou tudo? Devo admitir que seu trabalho é impecável. Deveria pedir um aumento ao seu superior, é muito eficiente!
- Obrigada, senhor. Vou me lembrar de pedir um aumento, qualquer dia desses! – ela diz zombando, pois ele não fazia ideia de que ela era a dona da agência de limpeza.
- Você não quer ir até o refeitório? Eu sei que estamos nos mudando aos poucos, e não está tudo pronto, mas alguns funcionários já estão aqui há algum tempo, e tenho certeza que não se importarão de você se juntar a eles. Não precisa ficar sentada aí no chão, de maneira tão desconfortável.
- Eu agradeço, mas prefiro comer aqui mesmo. Na verdade, já terminei, vou apenas escovar os dentes e retornar ao trabalho, preciso terminar tudo o mais rápido possível. Se o senhor me der licença...
Isadora falava e recolhia suas coisas o mais rápido possível, há tempos que não conversava com um homem, e não se sentia confortável com aquilo, não gostava de dar muitas explicações e se sentia desconfortável em sustentar o olhar masculino. Ela recolhe sua bolsa térmica do chão e passa por ele porta afora, vai em direção ao banheiro, e se fecha lá, precisava se concentrar em seu trabalho, apenas.
Alejandro González, olhava a mujer hermosa (bela mulher), se afastar dele a passos largos. No momento em que ele olhara, minutos antes, pela fresta da porta aberta, notara o olhar dela percorrendo o ambiente, como se ela estivesse decorando a sala, mentalmente. Percebera que ela tinha o olhar doce, mas profundamente cansado, arriscava até a dizer, que eram...tristes, cheios de dor. Ela não tinha a leveza de uma mulher jovem, parecia que havia enfrentado algo muito pesado. Parecia ser fechada, e muito seca em suas palavras, não era rude, mas deixava claro em suas atitudes, que não gostava de aproximações.
Ele estava se mudando para o Brasil, por um tempo, não sabia se ficaria meses, ou anos, apenas estava concentrado em inaugurar mais uma filial de suas empresas, a González Softwares. Era dono de uma grande empresa especializada em desenvolver os mais variados softwares, faziam desde a concepção do projeto, desenvolvimento, construção de aplicativos, estruturas de web, e mais alguns outros componentes para empresas. Estavam no mercado há anos, e cresciam em disparada.
Ao surgir a oportunidade de abrir uma filial no Brasil, encarara tudo como mais um desafio, e se surpreenderam em acabar gostando do país, pois em determinados aspectos, era parecido com a Espanha, assim como os brasileiros, os espanhóis são calorosos e simpáticos. Sabia falar o idioma, pois tinha amigos brasileiros e de tanto conversar com eles, acabou aprendendo o básico, ainda misturava algumas poucas palavras, mas se saia muito bem, em seu “portunhol”. Aos 42 anos de idade, fizera um verdadeiro milagre na indústria de softwares, se especializara com o que havia de melhor nas tendências e em questão de cinco anos, passara de uma pequena empresa, para uma das maiores de toda a Espanha, e há apenas alguns meses, começara a ganhar o mercado internacional.
Alejandro era um homem carismático, sorridente, que via sempre o lado bom da vida, pois sua família o havia criado assim, sua madre (mãe) era dona de um carisma sem igual, o aconselhava sobre tudo na vida e fora seu alicerce por muitos anos. Para os espanhóis a família é a base, a estrutura e um dos momentos mais aguardados, é quando todos se reúnem à mesa, nos almoços de família, nisso tinham muita semelhança com os brasileiros. Estava acostumado a viajar muito, mas quando retornava à Espanha, sentia suas energias renovadas.
Ao ver aquela mujer hermosa (bela mulher) sair apressada, sentiu seu estômago se contrair, pois era mais do que óbvio que ela não agia naturalmente, e se pegou pensando o que ela havia passado, para tão jovem, se comportar daquele jeito. Ele retorna à sua atividade, mas não a tira de seus pensamentos um só minuto, pois enquanto ele sorria para tudo, e todos, ela parecia que tinha uma nuvem negra acima de sua cabeça.
Isadora termina de limpar mais duas salas, e ao final da tarde, guarda todos os seus pertences, recolhe os materiais de limpeza, e começa a leva-los até sua velha kombi, teria que dar duas viagens, pois havia limpado a sala, e levaria consigo dois sacos cheios de lixo.
Ao apertar o botão do elevador, sente uma respiração atrás de sua nuca, não precisava adivinhar de quem se tratava, pois reconhecera o aroma forte de loção pós barba.
- Precisa de ajuda, señorita?
- Não, obrigada. Eu vou descer com os meus materiais de limpeza, e depois volto para buscar os sacos de lixo.
- Espere um momento que a ajudo, señorita!
Sem Isadora ter tempo de dizer nada, ele vira e sai andando apressadamente até a sala que ela passara a tarde limpando e recolhe os dois sacos de lixo, em seguida, surge à frente dela com os sacos na mão. Isadora nota que enquanto que para ela, os sacos pesavam muito, para ele, parecia que carregava com a maior facilidade do mundo.
- Pronto! Assim a señorita, não precisa voltar até aqui, acredito que depois de tanto trabalho, esteja cansada.
- Sim. Obrigada.
Isadora apenas agradece e continua a olhar sempre para a frente, não demonstrava nada, além de cansaço. Em poucos minutos, os dois param em frente à Kombi dela, e enquanto ela guarda as vassouras, rodos, e baldes, ele leva os sacos de lixo até o depósito. Guardava a última vassoura, quando ele para ao lado da velha kombi e fica a observando.
- O senhor deseja mais alguma coisa?
- Não. Na verdade, eu apenas estou pensando o motivo de você ser tão...como posso dizer...econômica com as palavras.
Isadora permanece em silêncio, não estava disposta a manter um diálogo, por menor que fosse. Queria apenas sair dali, e se refugiar na solidão de seu apartamento.
- Vejo que a señorita não está mesmo afim de manter uma conversa. Me desculpe se a incomodei, não foi minha intenção, mi querida!
- Não me incomodou, estou apenas muito cansada, se me der licença, vou para casa. Boa noite, e obrigada pela ajuda.
Isadora entra em sua kombi e bate a chave na ignição, o veículo cospe um pouco de fumaça e solta um som estridente do escapamento, ela sabia que precisava trocar urgentemente aquela kombi, mas não era o momento, teria que esperar até que as contas fossem pagas. No momento em que pensara que conseguiria sair daquele lugar, a kombi simplesmente para de funcionar. Parecia que a noite estava apenas começando, e não seria nada boa.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
IJBitt🧚
Do destino ninguém escapa.Nem que queira!
2024-12-07
1
Lu e a Estante de Sonhos
Azar ou sorte, a kombosa empacar igual mula braba??🤔 Acho que é sorte, heim?? Vamos ver!!
2024-12-05
2
amalia de oliveira muniz
eu tenho uma kombosa kkkk assim que eu a chamo
2024-07-27
6