Faziam duas semana que eu estava naquela luta. Era terrivelmente complicado dar conta tanto do trabalho como do Caleb. Eu estava desesperada, a professora dele já estava desconfiando o porque de eu sempre deixá-lo para buscar quase a noite. Eu não conseguia ganhar o bastante que fosse pelo menos pra alugar um canto. Quanto mais eu me esforçava parecia que mais difícil se tornava. Prometi para mim mesma que falaria com o James hoje, ele teria que permitir que eu trouxesse o Caleb para o trabalho na parte da tarde. Quando vi a oportunidade após estarmos sozinhos na área.
— James, posso falar com você?— O chamei vendo ele soltar as luvas sobre o lado de uma mesa ao qual estavam os pratos prontos para serem entregues para os garçons. A conversa teria que ser rápida.
— Aconteceu alguma coisa Samira?— Ele me olhou com uma expressão questionável.
Eu abri a boca para tentar falar mas as palavras não queriam sair, a verdade era que eu estava com medo da reação dele. Eu não poderia perder esse trampo que estava dando pra comprar pelo menos a comida para o meu filho.
— Aah!— Soltei parecendo uma gaga.— É que...— Pausei vendo ele me encarar curioso.— Você aceitaria que eu trouxesse meu filho para cá na parte da tarde?— Soltei tão rápido que percebi que ele estava tentando montar as frases depois que eu terminei. Ele me olhou de olhos assustados.
— Você tem filho?— Ele balançou a cabeça surpreso.
— Sim!— Respondi.
— É casada então ?— Ele cruzou os braços.
— Não!— Respondi mais rápido do que deveria. A verdade era que nem me imaginava casada tendo um filho sozinha. Acho que seria super estranho algo assim.
— Olha Samira, esse é um assunto muito delicado, porque temos supervisora, eu não sou o dono do restaurante,sou só chefe de cozinha e posso contratar novos ajudantes. Mas trazer uma criança pra cá pra correr, quebrar nossas louças, isso está fora de questão.— Ele foi muito claro com aquela resposta. Pelo visto eu não tinha escolha.
Também não poderia contar para ele que não tenho casa, que minha casa era no meu carro velho que já estava quase batendo o motor, sem contar que estava zero de gasolina. Eu não tive condições nem pra isso. E além do mais, meu filho não tinha onde ficar após a escola, e eu não tinha condição de pagar alguém pra cuidar porque não tenho casa nem pra deixar.
Meu Deus que horror! Não acredito que assim como eu existe loucas andando por aí sozinha criando um filho dentro de um carro nas últimas.
— Não pode fazer um esforço? O Caleb é um amor, ele é quieto e não daria problema, você nem perceberia que ele estaria aqui.— Pedi mordendo os lábios.
— Eu sinto muito Samira, mas não posso fazer isso, caso contrário será eu e você perdendo nosso emprego.— Ele falou voltando a pôr as luvas.
Ele seguiu direção a porta que levava ao corredor e em seguida ao salão principal onde serviam a comida.
— Senhor James, vim o mais rápido que pude. Tem um homem infeliz fazendo tumulto pelo fato dos pratos não terem sido servidos ainda.— Fernanda falou quase sem fôlego ao pôr a cabeça sobre a porta.
— Cadê os garçons? Cadê todo mundo? Não podemos levar outra reclamação. — Ele passou às mãos com luvas ao redor dos pratos como se tivesse toque de organização.
— Houve um pequeno problema com a Pâmella, ela desmaiou e um dos garçons a levou a emergência.— Fernanda comentou mordendo os lábios como se estivesse com medo da reação dele.
— O QUE? PORQUE NINGUÉM ME COMUNICOU NADA?— Ele me encarou. Eu balancei a cabeça confusa.
— Vista o uniforme no quarto da despensa às pressas. Preciso de sua ajuda, enquanto isso vou amenizar a situação lá fora.
Ele saiu e eu encarei Fernanda confusa.
— Sério que vou ter que fazer isso?— Perguntei mesmo não obtendo resposta. Pois Fernanda correu direção as panelas resmungando terem passado do ponto.
Corri no quarto da despensa encontrando um uniforme que parecia um saco. Ou melhor, não sei se a culpa era do mísero uniforme ou minha que estava me tornando um graveto a cada dia. Eu o vesti rapidamente encontrando o cinto dele logo em seguida.
— Isso sim!— Comentei comigo mesma.
Corri a cozinha novamente pondo os pratos todos sobre a mesinha com pés de rodinhas. Pelo menos não teria o problema de equilibrar nada nas mãos. Já que no restaurante as comidas eram servidas com essas mesinhas. Eu corri para o salão a procura de James para descobri qual a mesa. Descobri tarde de mais que tinha esquecido o protetor nos cabelos, droga!
Estava sem a touca do mestre cuca, como já comentara com Mayra. Encontrei James em uma das mesas mais reservadas do local. Seu olhar foi direto ao meu cabelo. Eu sabia disso! Pelo menos estavam sobre um coque. Quando me aproximei da mesa vi ele se desculpar pelo transtorno e dizer que houve um imprevisto com dois dos garçons. O homem muito arrogante respondeu que estava se decepcionando com o restaurante.
Idiota!
Provavelmente um dos riquinhos que tudo que tem pra fazer é procurar defeitos nos outros porque os seus não são vistos pelos mesmo olhos que enxerga os dos outros. Hipocrisia! Aproximei-me da mesa um pouco nervosa. Suspirei tentando me acalmar. Peguei os pratos depositando na mesa o mais delicado possível. James me ajudou a colocá-los. Agradeci com um meio sorriso pra ele vendo ele assentir de cabeça.
— Samira?— Aquela voz me chamou. Eu não quis olhar só pra me decepcionar mas eu olhei. Carlos me encarava na mesa com as pernas cruzadas e a mão direita apoiando o queixo.
Filho da mãe!Eu queria correr, o Carlos era um escroto e ficava cada vez mais evidente a cada encontro que tínhamos. Era de se desconfiar que um alvoroço desse só poderia ser ele.Fiz de conta que não ouvi. Ao retirar todos os pratos da mesa dei as costas empurrando a pequena mesa, mas Carlos persistente como sempre segurou meu pulso me fazendo virar o corpo e bater contra o dele.
— Tá se escondendo de mim agora?— Ele perguntou. Eu fiquei envergonhada por algo como aquilo na frente de várias outras pessoas. Pelo menos a mesa dele era reservada.
— Não estou me escondendo, é só que não sou obrigada responder você. Agora me solte, estou no meu trabalho e não tenho tempo nem vontade muito menos disposição pra perder tempo com você.— Carlos claramente não gostou da minha resposta. Isso ficou evidente pelo aperto exagerado dele sobre meu pulso. Mas ele me soltou, o que foi bom demais. Sem dá tempo pra outra situação ridícula como aquela corri para a cozinha. James veio logo em seguida me encarando suspeito.
— Não me diga que ele é o pai do seu filho.— Ele falou cruzando os braços.
Eu soltei um som muito estranho que pareceu uma mistura de pigarreio com um arroto. Mas não era de se estranhar, nem se ele fosse o único homem que existisse, eu não seria tão idiota de querê-lo.
— Deus me livre de uma má hora dessa!— Respondi.
— Mas porque ele fez aquilo?— Ele retirou as luvas novamente.
— Ele é um insuportável que não aceita um não. — Respondi com aquela famosa cara de paisagem, nem eu sabia para onde estava olhando.
Quando deu meu horário eu me agasalhei vestindo minha roupa que estava guardada na despensa. Soltei os cabelos tentando deixá-lo no mínimo mais apresentável. Despedi dos que ficavam para o turno da noite e saí direção ao corredor, mas antes que chegasse na porta que me levava ao salão e a saída fui puxada rapidamente e empurrada para uma das salas que pareciam um escritório.
Com o susto meu corpo enrijeceu, foi tudo muito rápido. Senti minhas costas contra a parede do escritório e meu corpo foi preso com um corpo masculino forte e rígido. Ergui o rosto a procura do desconhecido encontrando um novo desafio adicionado a minha vida sem nenhum significado. Meus olhos correram em toda a sala na expectativa de fugir. O que ele queria dessa vez?
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Atualizado até capítulo 95
Comments
Ritacassie
É o lixo
2023-10-03
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Ritacassie
Qual a utilidade desse pedaço de lixo aqui mesmo? Azarar ela?
2023-10-03
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Ritacassie
Você tá ferrada Maria do bairro, isso é óbvio
2023-10-03
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