Na noite seguinte ao jantar, um silêncio pesado caiu sobre a casa dos Davis. Todos se retiraram para seus quartos sem uma palavra.
O silêncio persistiu no dia seguinte, uma sombra opressora sobre a família. Jasper e Sofia, nunca tendo vivenciado tal atmosfera, ansiavam por explicações para os eventos misteriosos da noite anterior. Enquanto isso, Rony e Vânia, no quarto, discutiam como revelar a verdade aos filhos.
A tensão era palpável quando o casal entrou na cozinha, onde os quatro se reuniram a pedido de Rony. A expectativa era imensa.
— Por favor, sentem-se. Precisamos... Precisamos contar algo a vocês. Há catorze anos... uma mulher surgiu aqui, em busca de algo. Ela falava de coisas... inacreditáveis. No começo, pensamos que era loucura.
— Delírios, talvez.
— Mas ela... ela nos mostrou... Na verdade, me fez ver... sentir. E o que ela nos pediu... era impossível recusar. Eu dei a minha palavra.
— Que palavra, pai? O que você prometeu?
— Eu prometi... Proteger. Eu prometi proteger a princesa de Aramat.
— Princesa? Isso... isso é algum tipo de piada?
— Sofia... querida, não é. Você... você é a princesa.
— Isso não... não pode ser verdade...Tia? — Sofia olha nos olhos de Vânia.
— É verdade, meu amor. Aquela criatura que invadiu nossa casa... ela queria você.
— Só você — Completa Jasper — Aquilo não é deste mundo, Sofia. Aquilo é... magia. – Jasper fala, a voz embargada.
— Não... não! Eu não sou como aquilo!
— Não, meu amor. Você não é como eles. Mas eles a querem. Eles a caçam.
— Por quê? O que está acontecendo?
— Foi por isso que a trouxeram para cá, Sofia. Para protegê-la.
— Desde o momento em que cruzou aquela porta... e me chamou de tia... soubemos que faríamos qualquer coisa por você. Amamos você desde o primeiro instante. E vamos protegê-la, custe o que custar.
Sofia, incapaz de articular uma palavra, apenas chorou. Pediu para ficar sozinha, para processar tudo. Vânia entregou-lhe uma carta, a mesma que Sofia carregava aos cinco anos.
— O que é isso? — Sofia perguntou, a voz rouca.
— Você vai saber — Respondeu Vânia, seu olhar carregado de tristeza.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Sofia saiu. Jasper se levantou para segui-la, mas Rony o deteve.
— Preciso falar com você, filho.
Jasper hesitou, mas concordou. Rony suspirou, com os olhos fixos em algum ponto distante.
— Essa história... Ainda não acabou. Sinto que algo mais está para acontecer."
— Não sei ao certo o que vou dizer, mas eu e sua mãe desconfiamos de algo.
— Do quê?
— Há algum tempo, tenho minhas suspeitas, mas sem provas. Preciso te contar... A última vez que Lupin esteve aqui foi há dez anos, quando Sofia tinha cinco. Ela disse algo antes de ir.
— O que ela disse?
— Que voltaria em breve. Na época, não demos importância, achávamos que seria a última vez que a veríamos. Mas desde o surto de Sofia... E agora... Com isso que aconteceu...
— Você acha que esse tal Lupin vai voltar por Sofia? Para levá-la?
— Sim. Prometi cuidar dela. Mas se Lupin voltar... Se ela realmente precisar ir...
— ...Ela terá que ir — Diz Jasper, não concluindo a fala de sua pai, mas a firmando que Sofia precisava ir.
— Desculpe, filho.
— Não, pai. Não estou contra vocês. Eu... eu entendo. Acredito em vocês — Rony sorriu, as lágrimas brilhando em seus olhos. — Vou atrás da Sofia. Com licença.
Jasper encontrou Sofia secando as lágrimas, a carta solta na grama verde.

Aproximou-se devagar, sentando-se ao lado dela. Compartilharam um silêncio carregado de emoção, seus olhares se encontrando por longos dois minutos.
Sofia quebrou o silêncio, a voz trêmula. A confusão e a incredulidade lutavam com uma estranha aceitação.
— Sempre achei que meus pais estavam mortos... ou me abandonaram. Mas... de outro mundo? Isso não é surreal? Minha mãe... é uma rainha. Diana. Meu pai... era um rei. Era, porque o mataram quando eu tinha cinco anos. Pelo menos acertei em uma coisa: ele está morto... O que eu faço, Jasper?
— Não sei, Sofia. Mas sei que estaremos juntos nisso. Sempre. Tenho certeza disso. Toda oportunidade tem um custo, Sofia. Se bem aproveitada, vira investimento. Se negligenciada, vira arrependimento. O que acontecer daqui para frente... não negligencie.
— Mas por que agora? Por que isso tudo agora?
— Não importa.
— ...Você tem muita sorte em ter o tio Rony e a tia Vânia como pais.
— E eu tenho muita sorte de ter você como irmã, Sofia. Minha família é tudo para mim. Nunca trocaria o amor e o conforto que sinto por nada nesse mundo. E você... você sempre fez parte da minha família. Nossos caminhos sempre estiveram traçados, desde o início dos tempos.
O destino, assim, parecia, havia reservado algo único para Jasper Davis e Sofia Black. Naquele momento de profunda conexão, eles descobriram algo inegociável, algo que ninguém poderia lhes roubar: um ao outro. A ligação deles transcendia tempo e espaço, uma predestinação cósmica, como se estivessem escritos nas estrelas desde o início do universo. Eram peças de um quebra-cabeça perfeito, encaixando-se de forma sublime, destinados a estarem juntos, para sempre.
Enquanto o sol se punha, pintando o céu com tons de laranja e violeta, Jasper e Sofia permaneceram lado a lado, em silêncio, absorvendo a magnitude do momento. A brisa suave sussurrava segredos ancestrais, como se a própria natureza estivesse ciente da jornada que os aguardava.
Ela é uma princesa... uma princesa de outro mundo. Isso é inacreditável, mas... real. Preciso protegê-la. Pensou Jasper, observando o perfil delicado de Sofia. Pai e mãe estão certos. Lupin vai voltar. E nós precisamos estar preparados.
Naquele instante, a fragilidade humana se encontrou com a força do destino. Sofia, antes uma garota comum, agora carregava o peso de um legado ancestral, a responsabilidade de um mundo que sequer conhecia. Jasper, por sua vez, sentia a urgência de proteger aquela que considerava sua irmã, sua amiga, sua família.
Ela não está sozinha. Nunca mais estará.
A imagem da carta antiga, a expressão de sofrimento no rosto de Sofia, tudo se conectava em sua mente, formando uma imagem clara e assustadora do perigo que se aproximava.
A promessa silenciosa que selaram naquele entardecer era mais forte do que qualquer juramento. Juntos, enfrentariam os desafios que se erguessem em seu caminho, guiados pelo amor, pela lealdade e pela convicção de que, mesmo diante da escuridão, a luz sempre encontraria uma forma de brilhar. O universo conspirava a favor deles, tecendo uma teia de esperança em meio ao caos iminente.
Vou lutar por ela. Vamos lutar juntos.
Jasper apertou a mão de Sofia, um gesto silencioso de apoio e amor incondicional.
— É... é muito para assimilar, Jasper. Rainha... princesa... outro mundo...
Jasper apertou a mão dela, transmitindo o pouco de força que tinha.
— Eu sei. É assustador. Mas você não está sozinha. Estamos juntos nisso.
— Mas... e se eles voltarem? E se... se Lupin me levar?
— Não vão. Nós vamos impedi-los. Eu prometo. Pai e mãe... eles sabem mais do que estão dizendo. Temos que confiar neles.
— É difícil... confiar depois de tanto tempo me sentindo... perdida. Abandonada.
— Eu sei. Mas agora você tem uma família de verdade, Sofia. Nós te amamos.
Uma lágrima rolou pelo rosto de Sofia. Ela se jogou nos braços de Jasper, o abraçando com força. Por um instante, ela se perdeu no calor do corpo dele, esquecendo por um momento o peso do mundo sobre seus ombros. A fragilidade, a incerteza, tudo parecia se dissolver naquele abraço.
— Obrigada, Jasper. Obrigada por estar aqui.
— Sempre estarei, Sofia. Sempre. Nós vamos superar isso juntos. Eu prometo.
Ele retribuiu o abraço, sentindo a fragilidade dela, a força de seu amor. No calor do abraço, uma esperança tímida, mas persistente, acendia-se em seus corações. Eles não estavam sozinhos. Eles tinham um ao outro. E isso, por si só, era um começo.
Sofia se soltou lentamente do abraço de Jasper, a respiração ofegante, ainda tremendo. Seus olhos, inchados de lágrimas, encontraram os dele, e depois, hesitante, deslizaram para os lábios de Jasper. A intimidade do momento, a fragilidade exposta, as lágrimas que insistiam em escorrer pelo seu rosto... tudo se misturava em um turbilhão de emoções. O ar entre eles ficou denso, carregado de uma tensão palpável, um silêncio eloquente que falava mais que palavras. A promessa de proteção, o calor do abraço, a súbita e inesperada proximidade... tudo contribuía para uma eletricidade sutil, mas inegável.
Com um gesto delicado e suave, quase imperceptível, Jasper enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto de Sofia. O toque leve, a ternura do gesto, fez o coração dela disparar. A proximidade física aumentou, o espaço entre eles diminuindo a cada segundo, a respiração de ambos se tornando mais superficial, mais intensa. O ar entre eles vibrava com uma energia palpável, uma mistura de medo, desejo, e uma inegável atração.
Os olhos de Jasper fixaram-se nos de Sofia, buscando compreensão. Aquele olhar transmitia uma miríade de sentimentos: proteção, carinho. Sofia, por sua vez, sentia-se vulnerável e segura ao mesmo tempo. Aquele era Jasper, seu "irmão", seu amigo, seu porto seguro. Mas, naquele instante, ele era também algo mais.
Lentamente, quase como se estivessem em um sonho, seus rostos se aproximaram. A respiração quente de Jasper roçava a pele sensível de Sofia, causando-lhe um arrepio. Ela fechou os olhos, confiando em Jasper, em seus sentimentos, em seu coração.
O ar entre eles ficou rarefeito, carregado de uma eletricidade palpável. Os dedos de Jasper, hesitantes a princípio, deslizaram pela pele macia do rosto de Sofia, acariciando-lhe a bochecha com uma doçura que contrastava com a intensidade do momento. Seus olhos se encontraram novamente, um mar profundo de emoções refletido em cada íris. O toque leve de Jasper se tornou mais ousado, avançando lentamente pelo pescoço de Sofia, causando-lhe arrepios que percorriam todo o seu corpo.
Sofia arqueou a cabeça, suspirando baixinho, entregando-se ao toque, àquela crescente sensação que se manifestava entre eles. A distância entre seus corpos diminuiu, a respiração entrecortada, um ritmo frenético que acompanhava a batida acelerada de seus corações.
— Não podemos fazer isso — Disse Jasper
A respiração de Sofia ainda estava ofegante, o corpo tremendo sob o impacto da proximidade que quase se consumou. O ar entre eles, antes denso de tensão, agora carregava uma fragilidade recém-descoberta. Os olhos de Jasper, ainda presos aos dela, refletiam uma luta interna, a indecisão pairando como uma névoa entre eles.
— Eu... eu sinto muito — Murmurou Jasper, a voz rouca, quebrando o silêncio que se estendia como um fio delicado, prestes a arrebentar. A culpa era evidente em seus olhos, a consciência da linha tênue que haviam cruzado, do quase-beijo que pairou entre eles, como uma promessa não cumprida.
Sofia desviou o olhar, as bochechas coradas como brasas, o coração disparando um ritmo frenético em seu peito. O quase beijo, ainda fresco em sua memória, ecoava em seus sentidos, deixando um rastro de inquietação e uma doce agonia. Ela não sabia como reagir, como interpretar aquele turbilhão de emoções que a dominava. A proximidade física, a entrega ao toque de Jasper, haviam abalado seu mundo, colocando em xeque tudo que ela pensava conhecer.
— Não... não precisa se desculpar — Respondeu Sofia, a voz baixa, quase um sussurro. A vergonha a envolvia como um véu, mas em meio à confusão, um fio tênue de excitação persistia, como uma chama teimosa, recusando-se a ser apagada.
Um silêncio desconfortável se instalou entre eles, interrompido apenas pelo som da respiração ofegante dela. O quase beijo era uma porta entreaberta, convidando-a a entrar em um território desconhecido.
— Sofia... — Começou ele, a voz hesitante — Eu...
Antes que Jasper pudesse completar a frase, um arrepio percorreu a espinha de Sofia. Não era o arrepio do medo, mas algo diferente. Era o anseio, a explosão de um sentimento que ela ainda não compreendia por completo, Sofia se aproximou, fechando a distância entre eles com uma decisão repentina e surpreendente.
Seus lábios se encontraram em um movimento hesitante, um toque inicial desajeitado. Sofia, sem experiência alguma em beijos, errou completamente a posição, seus lábios encontraram o canto dos lábios de Jasper. A vergonha a invadiu instantaneamente, as bochechas corando violentamente, enquanto um suspiro escapou de seus lábios.
Porém, a surpresa foi passageira. Jasper, guiou a cabeça de Sofia suavemente (porém rápido) ajustando o ângulo de seus rostos com um toque delicado e experiente. Seus lábios encontraram-se então em um encaixe perfeito, um beijo suave e hesitante no começo, mas que rapidamente se aprofundou em uma explosão de sentimentos contidos. O beijo era uma mistura de surpresa, excitação, e uma doçura inegável. Era uma descoberta, um território novo e emocionante para ela.
O toque leve e hesitante se transformou em uma entrega completa. Era um beijo que falava de proteção, de carinho, de amor, porém um amor de irmão.
Então no auge da emoção, algo mudou. Um lampejo de lucidez cortou a névoa do desejo. Jasper, tomado por uma onda de culpa e auto-recriminação, interrompeu o beijo bruscamente, afastando-se de Sofia com uma força contida.
— Nós... Nós não podemos fazer isso aqui — Ele murmurou, a voz rouca de emoção e culpa, o corpo inteiro tremendo — Você... você é como uma irmã para mim, Sofia. E eu... eu não quero machucar você, não nesse momento. Você já está passando por muita coisa.
As palavras de Jasper ecoaram na mente de Sofia, cortando a euforia do beijo recém-vivido como uma lâmina afiada. Ela olhou para ele, seus olhos encontrando os dele em uma troca silenciosa repleta de emoções conflitantes. A paixão que havia explodido segundos antes agora se transformava em vergonha e confusão. As lágrimas, antes contidas, começaram a rolar pelo rosto de Sofia, desenhando caminhos brilhantes entre a poeira da grama.
Ela estava envergonhada, profundamente envergonhada. Seus sentimentos estavam emaranhados, um nó confuso de afeto fraternal, admiração, e um desejo recém-descoberto que a deixava atordoada. Jasper era seu irmão, seu confidente, alguém que ela amava muito, mas não como um homem ama uma mulher. Era um amor familiar, um amor de irmãos que, naquele momento de vulnerabilidade e emoção compartilhada, haviam ultrapassado os limites.
A percepção da natureza ambígua de seus sentimentos a atingiu com força brutal. A culpa, a vergonha, e o medo do desconhecido se misturaram em um coquetel amargo, deixando-a com um gosto agridoce na boca, o resquício do beijo ainda presente em seus lábios.
Jasper, percebendo a angústia de Sofia, se levantou sem dizer mais nada. O silêncio entre eles era pesado, carregado de uma tensão que nenhum sorriso ou palavra poderia disfarçar. Ele foi embora, deixando Sofia sozinha com seus pensamentos e emoções turbulentas. No meio do caminho, encontrou Catrina. O sorriso fácil, as piadas trocadas, pareciam pertencer a um mundo distante, a uma realidade paralela onde a culpa e a confusão não tinham espaço. Ambos voltaram para casa, leves e despreocupados, sem a carga de emoções que pesava sobre Sofia.
Enquanto isso, Sofia permaneceu sentada na grama, o olhar perdido na direção em que Jasper havia sumido. As lágrimas que antes rolavam silenciosamente agora eram acompanhadas de soluços abafados, um som doloroso que ecoava sua angústia. O choro era um tormento físico, um fluxo incontrolável de emoções reprimidas: a culpa por ter cedido ao beijo, o medo do futuro incerto, a dor de um sentimento proibido, a mentira que ela contava a si mesma ao ignorar seus verdadeiros sentimentos. Arrependimento. Esse sentimento era o mais intenso, corroendo-a por dentro. O beijo. Por que ela havia beijado seu irmão?
A grande interrogação pairava no ar, sem resposta. Como resolveria aquilo? A relação entre eles ficaria estranha, carregada de um segredo incômodo? Ou o tempo apagaria tudo, fazendo como se nada tivesse acontecido, como se o beijo jamais tivesse existido? A incerteza a envolvia como uma névoa, deixando seu futuro, assim como seus sentimentos, obscurecidos por uma densa nuvem de dúvidas e incertezas.
Enquanto Jasper e Catrina caminhavam, ela notou sua expressão abatida e perguntou o motivo da tristeza. Jasper negou, insistindo que estava tudo bem, mas Catrina rebateu, afirmando que, mesmo não sendo a amiga mais presente, o conhecia muito bem. Jasper, então, baixou a cabeça, fitou o chão e, em seguida, ergueu o olhar para o céu, perdido em um turbilhão de emoções.
Catrina o incentivou a confiar nela, e Jasper finalmente revelou que havia beijado Sofia. Catrina congelou por um instante, tentando quebrar o gelo com uma piada: "O beijo foi tão ruim assim para te deixar desse jeito?". Percebendo a seriedade no rosto de Jasper, ela se conteve.
Catrina o encorajou a compartilhar seus sentimentos, questionando se ele se sentia culpado ou se havia experimentado algo mais. Jasper confessou que tudo havia sido um erro, já que via Sofia como uma irmã. Catrina insistiu para que ele expressasse sua culpa, caso ela fosse grande. Jasper, hesitante, disse não saber o que dizer nem como dizer. Catrina, então, ponderou que o silêncio, às vezes, fala mais do que mil palavras, e que, quanto maior o silêncio de Jasper, mais claro ficaria para Sofia.
Após proferir aquelas palavras com um sorriso amigável, Catrina abaixou a cabeça, tomada pela incerteza. Ela não compreendia como a situação entre Jasper e Sofia havia se desenvolvido, mas sabia que nutria sentimentos por Jasper. Confusa, não sabia o que dizer, e seu maior receio era o de se tornar uma amiga indesejável.
Jasper se virou para Catrina com um sorriso amigável, embora a tristeza ainda pairasse em seu rosto. Ele confessou seu medo de que as coisas não dessem certo. Catrina, fitando-o nos olhos, respondeu com um sorriso amigável, mas com um toque de tristeza em seu semblante, que, se não desse certo, eles fariam dar. Ela bagunçou o cabelo dele, sorriu e disse que precisava ir. Jasper, então, acenou em despedida com um sorriso aberto e seguiu de volta para casa.
Enquanto Catrina retornava para se encontrar com seu tio, lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto. Nem ela mesma compreendia a complexidade de seus sentimentos. Talvez não fosse apenas um sentimento por Jasper. Ela havia ido ao encontro deles naquele dia, movida pelo desejo de ver Jasper e Sofia, mas não conseguiu. Apenas conseguiu ver ele. A situação era ainda mais delicada, pois havia recebido uma a notícia devastadora.
Catrina Maia
Mas quem era, afinal, Catrina Maia? Uma jovem de dezesseis anos, residente com seu tio. A ausência dos pais era uma ferida aberta: sua mãe, segundo ela acreditava, havia partido, e seu pai, desaparecido repentinamente. Restava-lhe apenas o tio como parente.
Desde a infância, Catrina acompanhava o tio em suas viagens, explorando lugares inimagináveis para pessoas comuns. Ele era um homem estimado em toda a região de Damasco. Catrina, por sua vez, era vista por alguns como uma menina de sorte, agraciada com a oportunidade de viajar pelo mundo; por outros, talvez, como uma criança indesejável, órfã de pai e mãe.
Jasper e Sofia eram seus melhores e únicos amigos. Embora não fizesse parte da família, era tratada como uma prima. Vânia e Rony a acolhiam com carinho, por ser a melhor amiga de Jasper e Sofia.
Catrina era uma jovem doce, dotada de uma personalidade cativante. Uma amiga valiosa, daquelas que se deseja ter por perto: alguém que não compactua com erros, mas que aponta quando você está errada; alguém que apoia seus sonhos e te impulsiona para o alto; alguém que se entrega de corpo e alma, que esquece seus próprios problemas para ajudar com os seus.
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Atualizado até capítulo 21
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