Recomeços

Pov Ariel

Se engana quem pensa que pedagogia é um curso fácil porque não é, já estou com os miolos derretidos de tanto estudar, já passa da 22:00 e eu ainda tô aqui, atolada até o pescoço com um monte de trabalhos pra fazer.

Do nada, ouço alguém tentado derrubar minha porta na base do muro, mas que inferno não se pode mais nem estudar, é bom que seja urgente, mas urgente do tipo, o morro tá pegando fogo!

Abro a porta e dou de cara com Jotapê parado me olhando feito um bobão.

Já fazia semanas que a gente tinha se falado, e como era de se imaginar ele sumiu assim que descobriu que eu sou trans, teve uma vez que vi ele cortando volta pra não passa em frente a lanchonete, por mais que eu já esperasse,isso doeu.

Não que eu não achasse o Jotapê bonito, o desgraçado era bonito para um cacete. Aquele sorriso branquinho as mãos  e braços cheias de veia é meu ponto fraco, não sou de ferro bebê, eu reparei em cada detalhe daquele homem e eu gostei do que vi, e como gostei,mesmo sabendo que não ia dar em nada, todo interesse que ele demostrava sumiu no momento em que ele descobriu o que eu tinha no meio das pernas. É sempre assim.

Agora, o que mais eu queria saber era porque diabos Jotapê tava parado ali na minha porta, já que deixou claro seu desinteresse. Eu só espero que ele não venha com aquele papo escroto que eu já  ouvi tantas vezes. De ficar no sigilo, e depois fingir que nem me conhece.

A muito tempo eu decidi que, se não me assume não me come, simples assim.

- Boa noite princesa, tava com saudade?

- O que você quer João Pedro? Sabe que horas são agora? Isso não é hora de tá na casa dos outros não caraí.

- Calma morena, eu sei que tá tarde mas eu preciso da sua ajuda.

- Não sei no que? Tu não é um dos chefes do morro, vai querer minha ajuda pra que?

- Na verdade a ajuda não é pra mim , é pra um amigo. Tu faz faculdade pra ser professora né?

- Tô tentando João Pedro, mas pra isso eu tenho que estudar, e ficar aqui falando com você no meio da noite não ajuda.

-  Quero que você ensine uma pessoa a ler e a escrever, vamos te pagar muito bem.

- E quem seria essa pessoa?

- O fiel do meu parça Santo.

- Olha só quem diria, o poderoso e temido Santo, tem um pezinho no vale.

- É o que?

- Nada esquece, e quantos anos tem esse fiel do Santo que não sabe ler?

Achei a história estranha, não era muito a cara de Santo se envolver com crianças, mas nessa vida eu não duvidava de mais nada.

- 18 eu acho.

- 18 anos e não sabe ler e escrever?

Não é que fosse uma realidade incomum nas favelas, mas não deixava de ser estranho.

- É uma longa história,mas eu tô com tempo, se quiser te conto, mas tu vai ter que  me convidar pra entrar a gente bebe alguma coisa e conversa.

Ainda estava confusa com a atitude do Jotapê, então resolvi ser clara e direta com ele.

- Olha, vou deixar uma coisa clara aqui, se tu sabe o curso que eu faço é porque andou fuçando na minha vida, se sabe disso sabe que eu sou trans também né?

- É, sei sim, mas não ligo.

- Ah é, não liga? Então me diz com quantas mulheres trans tu já ficou?

- Nenhuma.

- E com quantos homens tu já ficou?

- Nenhum, mas ...

- Olha cara, eu agradeço o interesse e tudo mais, mas não vai rolar tá!

- E eu posso saber porque?

- Meu, até ontem tu só pegava mulher, tu acha que vai achar o que quando tirar minha roupa? Um Kinder ovo? Tu vai ver que tem coisa a menos em cima,e coisa a mais em baixo.

Não tô a fim passar por isso de novo.

- Olha vou ser sincero, não sei como me sinto ainda em relação ao sexo, mas eu quero tentar, gostei de ti pelo teu jeito, tua personalidade, e quis beijar tua boca na hora que tu olhou pra mim, em relação ao teu corpo, puta que pariu, com certeza não sou indiferente, só preciso de um tempo.

- Foi mal Jotapê,mas não vai rolar, não tô a fim de tirar ninguém do armário muito menos ser coaching LGBT, tu quer se descobrir beleza, vai fundo te apoio total,mas me tira fora dessa.

Pov Autora

Ariel falou já fechando a porta, Jotapê sabia que não adiantava discutir, sua morena era teimosa, tinha que mudar de estratégia e ir devagar, "comendo pelas beiradas" como diz o ditado. Colocou a mão na porta impedindo a morena de fechar a porta  totalmente.

- E sobre o fiel do Santo, tu topa ensinar o nanico?

- Topo, eu amo ensinar e tô precisando da grana. Fala pro Santo me ligar e a gente acerta.

Ariel entrou e voltou com um pedaço de papel com o número do seu telefone e entregou a Jotapê. Sabia que o outro ia agendar seu número e que provavelmente e iria insistir, e por mais que não devesse ou admitisse, Ariel queria ver até onde o outro chegaria por ela.

- Agora vaza que eu preciso voltar a estudar.

- Eu vo nessa, vê se não estuda de mais, descansa também princesa, a gente se vê por aí.

Ariel entrou e Jotapê seguiu seu caminho de volta pra casa,já planejando os próximos passos pra se aproximar da sua escolhida.

Pov Santo

Tava parado na porta ensaiando o que ia dizer a Allan quando a porta se abre de uma vez e ele da de cara com o pequeno.

Seu coração amoleceu com a visão do menor com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

\- Oi baixinho, posso entrar? precisamos conversar.

\- Se veio me expulsar não precisa eu saio por minha conta mesmo.

Nesse momento a mente de Santo trouxe a sua memória a cena imaginada por ele onde via Allan saindo da sua casa acompanhado de outra cara, e isso já foi o suficiente pra deixoar o maior com raiva.

Santo eliminou a distância que havia entre eles e puxou o menor pela cintura até que seus corpos estivessem colados.

\- Tu não vai pra canto nenhum, vai ficar aqui do lado , tá entendendo?

Allan estava confuso, o que era agora, o grandão ia prender ele era isso?

\- Vai me prender?

Allan perguntou com medo.

\- Tu não entendeu nada né baixinho? Eu quero que você fique aqui comigo, mas quero que você queira ficar.

Eu sei que eu sou um cara todo torto, sem paciência e mandão, mas eu gosto de ti Allan.

Allan estava certo que tinha alguma coisa no suco que a Maria fez pra ele, alucinógenos talvez, porque ele podia jurar que tinha um grandão tatuado se declarando pra ele nesse exato momento.

\- De mim?

\- Tu me ganhou devagarinho, aos poucos com essa carinha fofa,esse jeitinho meigo, sempre se preocupando comigo, se tô bem, se comi bem, se dormi direito. Me fazendo rir da sua inocência, e falta de experiência.

\- Grandão, não brinca assim comigo, isso é maldade.

\- E esse cheirinho, Deus é torturante ter esse pescocinho assim tão perto e não poder fazer o que eu quero.

\- O que? Allan disse com seus olhos brilhantes

\- Cheirar você, beijar seu pescoço, cheirar seu cabelo e beijar essa boquinha linda.

Santo disse isso passando os dedos sob os lábios do menor, que já tremia as pernas.

\- Cê vai deixar baixinho? Vai deixar eu fazer essas coisas com você?

Nunca na vida de Allan alguém perguntou se ele deixava ou não deixava alguma coisa, essa foi a primeira vez, Alan sentiu que Santo realmente se importava com a opinião dele.

Santo estava parado a poucos centímetros do rosto de Allan esperando a resposta do mais novo .

E agora meu Deusinho, o que que eu faço?!?!?!?!?!

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Nota da Autora:

Gente, esse foi o meu primeiro trabalho  nunca tinha escrito nada na vida, quero saber se vocês estão gostando da história.

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Comments

Valdileia Da silva castro

Valdileia Da silva castro

eu estou amando cada capitulo

2024-05-02

3

Connor

Connor

A história esta perfeitaaa

2024-05-01

0

Wolf blek

Wolf blek

isso é perfeito

2024-04-27

0

Ver todos

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