Tomada de decisão

Pov Autora

Jotapê e Santo bebiam em silêncio a um bom tempo, cada um lutando contra seus próprios demônios.

Santo foi o primeiro a quebrar o silêncio:

- Eu fui mó otário Brow, esculachei o muleque falei um monte de merda por causa de um livro idiota que eu comprei pra ele,no fim o menor nunca tinha ido pra escola, não sabe lê nem escrever, e eu fui o maio escroto gritei com ele e tudo.

- É, tu vacilou mesmo seu merda!

Santo olhou indignado pro amigo.

- Só pede desculpa cara, seja sincero o nanico é gente boa, vai aliviar pra tú.

- Sei não mano, dessa vez peguei pesado.

- Tú sabe o menor gosta de tú né? E pelo que eu conheço de você irmão, tu também tá amarradão muleque.

- Qual é Caraí, tá me tirando, quando foi que tu me viu gosta de macho?

- Ah tá, porque o Allan é muito machão né, homão da pora , acorda vei, o guri e todo delicado todo fofo. E outra os opostos de atraem.

- Tu tá viajando

- Tô é, então me responde tudo isso aí que tu faz pro pivete, tô faria pro Farinha por exemplo, filho do Seu Antônio lá da papelaria? Os dois tem a mesma idade, se o Farinha tivesse sem teto pra morar tu iria tratar ele como trata o Allan?

- Claro que eu ia ajudar !

- Não foi isso que eu perguntei cuzão! Mas responde aí, tú não sente nada pelo guri, nem tesão nem nada? Pensa em outro cara dando em cima dele, nele saindo com outro macho, beijando outro macho, se mudando do teu barraco e indo vive a vida dele em outro canto.

Pra cada palavra de Jotapê a mente de Santo criava uma cena, outro cara dando em cima de Allan, falando algo pra faze-lo sorrir, saindo de mão dada com ele, e  beijando, beijando o pescoço dele, sentindo o cheiro dele, e beijando a boca dele.

Uma fúria enlouquecedora tomou conta de Santo, só de imaginar essa coisas acontecendo, ninguém ia beijar aquele pescocinho lindo, nem cheira aquele cheirinho de morango. E aquela boca, aquela boca carnuda e rosinha era dele e de mais ninguém, se tinha algum macho que ia beijar Allan era  Santo e mais ninguém.

O ciúmes era algo com o qual santo não estava familiarizado, ele não sabia lidar com esse sentimento,jogou a garrafa que estava em suas mãos sentindo um ódio dos infernos desse homem imaginário que a própria mente dele criou.

Jotapê sabendo exatamente o que santo pensava deu seu golpe final.

- Mano, se joga vei, para de pensar no que você é, no nome desse sentimento, se tu quer o nanico vai fundo, eu sou teu irmão cara, isso não vai mudar, seja qual for a decisão que tú tome eu tô do seu lado, quero te ver feliz, e acho que tua felicidade mede 1;65 e tem cabelinho cacheado.

Não tinha mais pra onde correr, Santo tinha que admitir, gostava de Allan, não sabia dizer se tava apaixonado, mas queria o garoto pra ele, gostava dele. O baixinho conquistou o coração do grandão, com toda aquela fofura,delicadeza, e aquele cheirinho delicioso de morango. Allan trouxe um colorido pra vida de Santo, uma pitada de meiguice que ele nem sabia que precisava até ele chegar.

Tava amarradão no muleque, não podia negar,fora que tinha o maior tesão no garoto. Tentou se segurar, e abafar esse pensamento evitando lidar com as emoções que sentia. Mas era inevitável, desejava Allan de corpo e alma, tava na hora de encarar essa verdade e tomar uma atitude.

- Quer saber, que se foda, vou atrás daquele muleque e vou fazer ele me perdoar, se ele me quiser a gente vai fica junto e que se exploda a pora toda.

Falou já de levantando esse aprontando pra sair.

Santo falava mais pra afirmar essas coisas a si mesmo do que pra Jotapê, que tava todo orgulhoso da coragem do amigo.

Santo parou na porta e falou,

- Espera,e tu mano? Vai me contar o que tá pegando não?

- Tô na mesma que tú cara, conheci a mulher da minha vida.

- Ué mas isso não é bom, que deu? Ela já é casada ou o que?

- Ela é trans mano.

-  Então é só tu pegar tudo que me falou e repetir pra ti mesmo Caraí, tem diferença nenhuma.

-  Sei lá mano é complicado, não sei se tô tão a fim dela,pra enfrentar essa barra.

- Pensa em outro cara dando em dela, nela saindo com outro macho, beijando outro macho, se casando com outro macho e se mudando da quebrada.

Jotapê sentiu o gosto do próprio veneno. E não era nada bom, só de pensar na sua princesa com outro macho ele já tinha vontade de fuzilar o desgraçado.

Se levantou seguindo o amigo.

- Vou atrás da minha mulher.

E assim os dois saíram obstinados a seduzir seus amados, não seria uma missão fácil, mas se tinha alguém que poderia consegui era esses dois.

Allan

Allan estava no quarto não conseguia parar de chorar, estava magoado, pensava nos dias em que se sentiu mal por não contar pra Santo que não sabia ler e escrever, queria contar mas se sentia envergonhado.

Eles estavam tão bem, os momentos que passavam juntos eram os melhores da vida de Allan, não queria estragar tudo. Não queria que Santo achasse ele burro, e muito menos que tivesse pena, não queria que nada mudasse, queria permanecer naquele momento pra sempre.

Mas não é novidade que a vida de Allan nunca foi só flores, e tudo que Allan não queria aconteceu. Apareceram os espinhos, e Allan voltou a uma realidade já conhecida por ele, a dor.

Se sentia muito bobo, como ele pode pensar que aquele homem lindo um dia olharia pra ele com interesse, pensar que cada gesto de carinho que encantou e aqueceu seu coração era motivado apenas por piedade, deixava o coração de Allan em pedaços. Não era pena que ele queria que Santo sentisse por ele.

Mas como, Allan pensava,como alguém pode gostar de um estorvo como eu. Não sei nada sobre a vida, não sou inteligente, não sou bonito e nem sedutor, não tem nada pra se admirar em mim. Não tem como ele gostar de mim.

Allan nem se quer sonhava com amor, pois achava impossível alguém ama- lo  sendo quem e como era.

Não sabia o que faria da sua vida a partir desse dia, pra onde iria? Santo certamente não iria querer ele lá, como ele mesmo disse a caridade tinha acabado, ele também não tinha cara pra olhar Santo nos olhos novamente. E se Santo tivesse percebido seus sentimentos, e se ele o rejeitasse?

Não suportaria ouvir Santo o rejeitar, prefiria ir embora primeiro, e preservar o resto de dignidade que por um milagre ainda tinha sobrado.

Já planejando pedir abrigo a Maria que tinha se tornado como uma mãe pra ele,Allan se levantou a caminho da porta , mas quando abriu deu de cara com a única pessoa que ele não queria ver.

Jotapê caminhava a passos largos a caminho da casa de Ariel, estava disposto a conquistar a morena a todo custo, e já tinha a desculpa perfeita pra começar.

- Me espera Princesa, teu príncipe tá chegando.

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Comments

Gislene Gonzales

Gislene Gonzales

nossa amei. cada um bebeu a dose do proprio veneno..kkkk/Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/

2024-05-10

1

Wolf blek

Wolf blek

esse JP é dos meus

2024-04-27

2

Mirela Rodrigues

Mirela Rodrigues

kkkkkkkk o hetero top hein

2024-04-26

1

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