Mudança Radical

Pov Autora

Santo passou o dia remoendo a raiva que sentiu na hora do almoço, e todo mundo que cruzou seu caminho hoje provou da sua ira.

Suas refeições eram sagradas, e disso Santo não ia abrir mão, ele tinha que resolver logo isso, ou acabaria por matar Yohana com as próprias mãos.

Assim que chegou em casa já de madrugada com tudo vazio, Santo não pode deixar de pensar onde Allan se meteu, não viu o garoto o dia todo, antes pensaria que ele estaria dormindo ou aproveitando feito madame, mas pelo que viu do garoto na última vez não era bem isso que ele fazia.

Resolveu descobrir depois o que o garoto tanto fazia durante o dia todo.

Agora ele precisava dormir o dia seguinte seria cheio.

~ ~~~~~~~~~~ ~

Pov Autora

No dia seguinte bem cedinho Yohana chegou pra trabalhar e deu de cara com a Maria na cozinha com o café da manhã já pronto.

- O que tá fazendo na minha cozinha velha gaga, não tava morrendo?

- Bom dia pra você também Yohana, sim estou muito melhor agora obrigado por perguntar. E respondendo a sua pergunta, Santo me chamou.

Santo entra na cozinha e sorri satisfeito com o que vê em cima da mesa da cozinha.

Pão na chapa com manteiga e café com leite, era disso que ele tava falando comida gostosa e simples.

- Bom dia, -falou firme .

Pelo visto já notaram que fiz algumas mudanças aqui na casa.

A partir de hoje quem cozinha pra mim é a Maria.

Yohana estava totalmente chocada, como assim? Ele vai trocar a minha comida sofisticada e glamourosa pela comida simples e sem graça dessa velha caduca e enrugada? sentia seu rosto aerder de ódio.

Se virou pra Santo com uma voz insuportávelmente pidona e disse:

- Tá me demitindo? Mesmo sabendo que tenho 3 filhos pequenos pra criar?

- E tu acha que eu tenho o que com isso, é problema teu, não fiz fi nenhum em tú, vá atrás dos pai deles. Mas como tava dizendo

Na cozinha você não entra mais Yohana, tem o serviço de doméstica é pegar ou largar.

- Ué Mas isso quem faz é o ....

Yohana mais que depressa interrompeu a mais velha impedindo ela de terminar.

- Eu topo!

Santo ficou satisfeito que esse assunto já tivesse resolvido, se sentou pra tomar seu café, já ansioso pra saber o que a Maria vai fazer pro almoço.

E assim passou o dia, Santo tava na boca se inteirando sobre todos os assuntos do morro e conversando com alguns homens mais velhos e religiosos da comunidade tentando demonstrar que queria que o lugar fosse Pacífico pra todos.

Santo não conseguiu ir pra casa almoçar, mas isso não foi impedimento pra que ele tivesse sua refeição, Maria levou as marmitas de Santo e Jotapê, e os dois não cansavam de elogiar o tempero e a simplicidade da comida da mais velha, que foi embora muito satisfeita com os elogios, apesar de pensar que os dois precisavam melhorar e muito seus modos a mesa.

Agora Já a caminho de casa Maria pesava em Allan,em como gostaria que o garoto fosse livre, ainda mais agora tendo a Yohana no pé dele o dia todo, fazendo o pobrezinho trabalhar mais que o dobro de antes, e algo dizia que a megera não iria deixar  Allan comer a comida que ela tinha deixado pra ele.

Maria sentia um amor de filho por Allan e sofria por não poder ajudar seu pequeno, só pedia a Deus que o cacheado tivesse uma pontinha de felicidade nessa vida, e quem sabe a sorte de viver um amor.

Pov Yohana

Enquanto isso na casa de Santo...

- Anda logo pivete molenga, eu quero esse quarto brilhando e esse banheiro cheirando a rosas,meu homem precisa ver o quanto sou caprichosa e me preocupo com ele, quero que o nosso ninho de amor esteja perfeito, em breve eu vou estar dormindo aqui nessa cama, já vai se acostumando porque é assim que eu quero que esteja sempre.

Yohana falava enquanto apreciava essa magnífica visão, Allan ajoelhado no chão, com a cabeça dentro da privada lavando.

Era assim que ela queria ver ele sempre, no chão humilhado, como ele merecia por ser tão nojento asqueroso.

Yohana não podia negar que sua vida andava muito boa, estava recebendo pra dar ordens em Allan e humilhar a peste, além de passar o dia sem fazer nada além de observar seu escravinho particular suando e passando fome, por que é óbvio que ela não iria deixar ele comer, um verme desse não merece comer, merece mesmo é morrer de fome.

Pov Yohana

Enquanto meu escravinho trabalha, eu descanso, fofoco com as minhas amigas, coloco minhas séries em dia e claro posto aquela fotinha no insta pra deixa os machos babando,o que é bonito te que ser mostrado, assim o Santo vê que não pode dar bobeira ou outro pode passa na frente dele.

No fim do dia eu saio como um a ótima dona de casa, caprichosa e prestativa sem ter lavado uma colher se quer, enfim uma vida perfeita.

Pov Autora

Yohana só não contava com o fato de que por  Santo ter poupado tempo não vindo almoçar ele terminou as tarefas do dia mais cedo e já tinha voltado pra casa.

Santo chegou em casa exausto ele só queria tomar  um banho e jantar.

Quando estava perto do quarto ouviu Yohana chamar Allan de escravinho, parou onde estava apertando os olhos tentando se concentrar, só podia ter ouvido errado.

Mas não, Santo ouviu bem quando Yohana disse que ele tinha que estregar com mais força seja lá o que ele tivesse limpando.

Santo entrou no quarto o mais silencioso que pode, e já sentiu o sangue ferver nas veias, Yohana estava ao lado do box de frente pra porta com os pés nas costas de Allan que lavava a privada.

Ouviu a voz fraca do garoto mas não conseguiu entender o que ele disse pela distância, Yohana forçou o pé nas costas dele e riu enquanto dizia:

- Comida e água são privilegiados de gente normal e não de aberaçoes asquerosas como você, eu ainda fui muito boazinha deixei você comer quando? Ah sim a 2 dias atrás , já não está bom o bastante verme? Agora para de moleza e estrega isso logo antes que ...

Antes de terminar a frase Yohana já se via com as costas grudadas na parede e uma mão imensa em volta de seu pescoço, olhou e viu um par de olhos muito vermelhos que a fuzilavam com um ódio mortal.

Yohana tinha certeza pelo olhar de Santo que ela era uma mulher morta.

- Tá maluca vadi!, tu tá na minha casa caralho! eu não admito esse tipo de covardia, muito menos de baixo do meu teto, eu vou te ensinar a tratar as pessoas direto, mas vai ser de um jeito que as vagabunda como você entende, tú tá morta na minha mão piranha.

Enquanto falava o ódio de Santo só aumentava, da mesma forma como apertava as mãos em volta do pescoço de Yohana, quando viu que a morena estava quase por desmaiar  ouviu o barulho de um corpo caindo, olhou pra traz e viu Allan caido no chão.

Santo soltou Yohana e correu pra onde o menor estava, viu que o garoto respirava com dificuldade e estava muito pálido, gritou por seus homens pra que trouxessem um médico pra sua casa. Com facilidade pegou o menor nos braços, e reparou em  como estava magro pela leveza de seu corpo. Colocou o cacheado na sua cama e olhou bem pro garoto, e quanto mais olhava mais preocupado ficava.

Se esse médico não chegasse em 10 minutos alguém ia morrer naquela casa, o ódio que Santo sentia naquele momento era o presságio disso.

Santo esperava no escritório da casa a exatos 47 minutos, já estava quase explodindo, que diabo de tanta demora pra fazer uma consulta. Santo não entendia  por que se sentia tão aflito, e nem  porque a imagem do rosto pálido e desacordado do Allan o fazia se sentir tão desesperado e triste, era uma emoção estranha pra ele, que depois de muito remoer decidiu que era por que viu Allan ser humilhado e injustiçado como ele foi também por diversas vezes na vida, e isso fez ele reviver memórias que gostaria de esquecer.

Só queria saber logo se o pivete tava bem, só isso, será que era pedir muito?

De repente a porta se abriu e um homem aparentando seus 60 anos entrou, estava visivelmente incomodado com alguma coisa, e Santo  já ia descobrir.

- E então douto, como tá o pivete? - Santo perguntou impaciente.

- Sabe Santo, ontem quando você chamou a gente pra participar daquela reunião, eu realmente acreditei em você, achei que ia cumprir com tudo que falou, mas a julgar pelo estado daquele menino, eu estava muito, muito enganado.

Santo olhou incrédulo pro médico, mais um querendo morrer não é possível, hoje  é dia de testa o Santo só pode.

- Tá falando do que doutor, presta bastante atenção em como você fala comigo, e fala logo como o muleque tá.

O medico com um semblante de desistência, assumiu um tom profissional e começou a falar sobre o diagnóstico de Allan.

- O paciente está um quadro de inanição severa, desidratação, exaustão e anemia profunda.

-  Que pora que é inanição? Fala numa língua que eu entendo caralho! - Santo estava impaciente já, não sabia o que essa palavra significava mas sabia que não era coisa boa.

- Fome Santo, inanição é fome, o garoto está sem comer a dias, não bebe água na quantidade necessária, está anêmico por falta dos nutrientes básicos que um ser humano precisa pra se manter minimamente saudável, está com um quadro de exaustão severa que é basicamente cansaço,por provavelmente ter se esforçado muito, além de ter vários hematomas nas costelas abdômen e nádegas, o que sugere que ele foi espancado recentemente.

Mesmo diante do semblante indecifrável de Santo, o médico continuou com as recomendações.

- Já coloquei o paciente no soro para hidratação e remédio pra dor. Ele precisa de descanso, muito descanso, beber muito líquido e se alimentar corretamente pra recuperar as forças e o peso ideal pra sua idade, aqui está a receita dos remédios, a dieta alimentícia do paciente e outras recomendações adicionais.

Santo estendeu a mão pra pegar o papel nas mãos do médico que ainda olhava pra ele desgostoso. Santo poderia se explicar e dizer que não teve nada a ver com o que aconteceu com o garoto, mas no final das contas era a casa dele, os empregados dele e o garoto dele.

Espera isso saiu meio errado, mesmo em pensamento Santo se repreendeu,mas a questão é, o que Allan era? Empregado? Hóspede? Refém? Nem Santo sabe a resposta.

Santo pegou papel das mãos do médico que já foi saindo porta a fora, Santo deu ordem aos seus homens pra despachar o médico e comprar os remédios e tudo o que Allan ia precisar, mandou chamar também a Maria pra fazer comida e cuidar do garoto.

Subiu as escadas e foi pro quarto, ficou por um tempo observando Allan na cama, e quanto mais olhava mais confuso ficava, resolveu que não podia lidar com esses sentimentos nesse momento, o que ele podia fazer agora era tomar um banho e tentar descobrir o que aconteceu com Allan, decidiu que iria descobrir tudo sobre a vida do pequeno, e iria começar conversando com a Maria, a velha trabalhava com Metralha desde antes de Allan aparecer, se tem alguém naquela casa que sabia de alguma coisa era ela.

Deixou o quarto e caminhou direto pra cozinha, iria esperar a Maria chegar, os dois teriam uma longa conversa.

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Comments

Wolf blek

Wolf blek

cara,essa é uma das únicas novels que eu adorei! a primeira de morro que não me dá agonia,você escreve de uma maneira tão boa! tô te admirando

2024-04-27

4

jk13

jk13

eita como fas a fic dela

2024-04-12

2

Keu Sorella

Keu Sorella

Se matar ela agora não tem graça, ela tem que ficar presa no calabouço só comer de trás em três dias, tem que passar por tudo que ela fez com Alan.

2024-03-19

5

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