jotape

Pov Autora

Jotapê era um cara muito na dele, caiu na vida muito cedo, nunca conheceu o pai e perdeu a mãe para as drogas. Teve que se virar pra se sustentar e sustentar as irmãs. Ele amava muito as gêmeas e queria dar um futuro melhor pra elas, mas sabia que nas condições em que estava isso seria quase impossível, por isso quando os assistentes sociais chegaram ele não resistiu, e deixou levarem as pequenas de apenas 5 anos, com a promessa de que as 2 teriam um futuro melhor.

Desde então Jotapê viveu sozinho, fazendo os corre de dia pra comer de noite.

Num desses corre, os policiais acharam ele e outro menor, os dois correram como loucos,eles sabiam que se fossem pegos ninguém ia ajudar. Jotapê se escondeu, não tinha obrigação nenhuma de ajudar o magricelo grandalhão, mas não ia deixa ele se ferrar, deixou o outro de esconder com ele. Passaram esse tempo conversando e viram que tinham muita coisa em comum, e desde então Jotapê sabia que seriam amigos e que jamais se sentiria solitário outra vez. E assim foi, nunca mais se separaram e se amavam e respeitavam como irmãos.

Jotapê<<👆

Mas de um tempo pra cá Jotapê tem sentido que falta alguma coisa em sua vida, algo que nenhuma das coisas que ele amava fazer podia suprir, e isso tem deixado o moreno entediado com tudo.

Mas seu tédio acabou no dia seguinte a tomada do morro. Jotapê tava andando com os homens "limpando" as ruas , na caça dos homens ainda fiéis ao Metralha.

Quando subiu uma das ladeiras do morro, se deparou com o maior barraco em frente a uma lanchonete,um tumulto de gente, gritaria e o escambau.

No meio da confusão ele viu a criatura que era a provável responsável pela confusão, e um homem careca e pançudo vermelho de raiva em pé na calçada sendo alvo de toda a fúria vindo da mulher.

Jotapê chegou perto pra dar um fim na bagunça, mandou que todos fossem embora , e foi em direção a dupla de encrenqueiros.

- Já deu né, vamo para com essa merda, qual é tiozão? Que que tá pegando?

- Essa coisa aí , que fica se oferecendo pros macho e depois que dá uma de ofendida.

- Teu C* velho filho da p*! Quando foi que eu te dei moral? Velho asqueroso do Car@í.

- Já deu pohaa!

- Já deu é o cacete, esse velho babão entro aqui na minha lanchonete passou essa mão sebosa em mim e você ainda não quer que eu quebre a cara desse pau no c*? Eu vou meter a mão da cara dele!

A morena já estava indo em direção ao velho com sangue nos olhos, Jotapê teve tempo de impedir segurando ela pela cintura a trazendo pra perto de si. Virou pro velho que já estava meio metro longe com medo de apanhar , e gritou.

- Vaza daqui tio, e é bom eu não saber que você anda fazendo isso de novo na minha quebrada, se não vai amanhecer com a boca cheia de bala, não tenho tempo pra ensinar marmanjo a tratar mulher não. Vaza !!

Quando o velho já estava longe o suficiente, o que não demorou muito já que tava se cagando de medo, Jotapê voltou a sua atenção na barraqueira agarrada a ele.

Quando olhou dentro daqueles olhos verdes Jotapê teve a certeza que tava perdido.

Vamos usar a imaginação gente, finge que tem um par de olhos verdes aí.

- Chega disso morena, já deu, o velho já foi, mais tarde eu mesmo cuido dele. Agora se acalma cacete se não vai quebrar a pora toda.

Jotapê segurava a mulher com firmeza em seus braços, enquanto a mesma o olhava com um olhar de incredulidade e confusão.

- Fala aí princesa , qual teu nome?

A mulher do nada ficou furiosa e se soltou de Jotapê que ficou lá parado com cara de besta sem entender nada.

- Você é idiota ou só se finge mesmo?

- Mas que merda eu fiz, não pode mais chamar mulher de princesa nessa pora não?

A morena olhou pro homem a sua frente e entendeu tudo, ele não sabia. E também não era ela que ia contar, não ia demora muito pra ele saber, e também não fazia diferença, quando ele soubesse não ia olhar pra ela da mesma forma, ela já tava acostumada com isso.

- Meu nome é Ariel.

- Até o nome é de princesa hehe, sou João Pedro, mas todo mundo na quebrada me conhece como Jotapê, satisfação.

Falou estendendo a mão, achando ele que tava sendo o mais educado dos homens.

- Eu sei quem você é. Obrigada pela ajuda, eu acho. Tenho que volta a trabalhar agora.

- Tá certo, mas eu volto princesa, pode aposta que eu volto.

- Não volta não, mas tá tudo bem, não vai ser o primeiro e nem o último.

A mulher falou enquanto entrava.

Com a morena já no bar , Jotapê ainda tava parado tentando entender o significado das palavras de Ariel, sua voz parecia amargurada, e ao mesmo tempo conformada, isso era estranho. Certeza que tem dedo de macho nessa história, provavelmente algum ex filho da puta tóxico do caralho magoou ela.

- Vou descobrir quem foi o viado que te magoou princesa,e eu vou ser seu príncipe e você a minha princesa.

Sim, minha princesa! Jotapê já tava decidido que teria a morena pra ele, ela era tudo que ele precisava, emoção,adrenalina e sensualidade, mulher rabuda do Caraí. Princesa e gostosa, não tinha como não gama na gata.

Jotapê tava disposto a descobrir tudo sobre Ariel, estava decidido a conquistar a garota, e ia investir pesado nessa missão.

Saiu com um sorriso que dava pra ver de costas, tava aminado e empolgado com seu mais novo amor.

Ia caminhando tranquilo na rua, de volta pra casa com a certeza de que sua vida nunca mais seria mesma depois de conhecer Ariel.

Os dias se passaram e Jotapê estava mais confuso do jamais esteve em toda sua vida. Como tinha decidido, descobriu tudo que existia pra saber sobre Ariel.

O dossiê ainda em suas mãos queimava como se cobrasse uma resposta: o que fazer agora?

Na primeira página estava escrito:

Nome: Ariel Messias Junqueira

Sexo: Masculino

Idade: 20 anos

Estado Civil: Solteiro

Escolaridade: Cursando Ensino Superior

Acadêmico do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Profissão: Garçom

Em anexo uma foto de alguém que nem de longe parecia Ariel, um garoto, sem tranças e sem maquiagem, com um olhar triste e vazio.

Mas perdido estava Jotapê.

\- Nunca fui viado pô, porque isso agora?

Porque!

Jotapê não sabia porque não sentiu nojo ou repulsa em saber sobre a sexualidade de Ariel, era pra ele ter adquirido aversão a garota, e apagado ela da sua mente pra sempre.

Mas nada disso aconteceu, Jotapê sempre que fechava os olhos via aquele rosto lindo e aquele olhar sedutor.

Decidiu fazer a coisa que julgou mais madura no momento: Encher a cara.

Parou no bar comprou uma garrafa de whisky e voltou, sempre evitando passar pela lanchonete onde viu a morena pela primeira vez.

Chegou em casa se sentou na varanda na parte da frente de casa , colocou um pagode pra tocar e começou a beber

Já tava fudido mesmo, que se foda !

Tava imerso em pensamentos que nem viu Santo chegar.

\- Vim pra te pedir conselho mas tu parece tá na mesma merda que eu, ou até pior!

Jotapê olhou nos olhos do amigo, esperando com toda a fé em seu coração que conversar com ele fosse ajudar na bagunça que estava dentro de si. Puxou uma cadeira pra Santo.

\- Senta aí irmão, vamos curtir mais essa fossa juntos.- Tomou um longo gole da bebida - E aí qual foi, brigou com seu nanico?

\- Ele não é meu nanico Caraí. Santo disparou, mesmo sabendo que Jotapê não acreditava em nada do que ele dizia, e nem ele próprio acreditava mais, sem mais forças pra retrucar, Santo se deu por vencido -Fiz merda Jotapê, acho que desse vez eu tô fudido.

Jotapê endireitou os ombros e olhou pra amigo ao seu lado, sabia que ia vim coisa, essa seria uma longa noite.

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