invasão

Santo

Não posso negar que gosto de toda essa adrenalina correndo pelas minhas veias, mas agora preciso focar em achar o Metralha e dar um fim nele,quero que todos vejam o que eu vou fazer e quem está no comando dessa porra agora.

Achei o merda do Metralha tentando sai de fininho pelos fundos da casa, arrastei o merda pra lage onde era bem iluminado e tinha vista pra todo o morro.

Não posso negar que é uma vista linda aqui de cima, mas quem tá lá em baixo não vai ter uma boa visão do que vai rolar aqui.

Passei muitas noites pensando em como da fim na vida miserável desse desgraçado, e me divertia só de imaginar as torturas que queria fazer com ele. Era relaxante pra mim ficar me imaginando estourando os miolos desse FDP.

Mas por mais que eu queira fazer isso bem lenta e dolorosamente não posso arriscar.

Não quero que o povo da comunidade pense que eu sou igual ao Metralha, eu quero conseguir o respeito deles. Quero que eles confiem em mim, e eu acho que me ver arrancando os 32 dentes da boca dele na base do muro não vão me ajudar com isso.

Então resolvi acabar com tudo com apenas um único tiro.

Por que como eu mesmo disse, não sou igual a ele.

Se bem que ver a vida saindo pouco a pouco do olhar dele me causou uma satisfação muito grande não posso negar.

Mas agora e hora de mostrar pra comunidade que eu to no comando.

Autora

Santo ficou de pé na sacada da lage, e fez sua melhor pose de macho alfa, se virou pras pessoas que começaram a se juntar em frente a casa, falou com uma voz firme:

- Acabou o reinado de abuso e violência do Metralha, agora o morro é do Santo. As coisas vão mudar por aqui, chega de cotas absurdas, estorsão e perseguição.

Se vocês ficarem pianinho e segui as regras tudo vai seguir o fluxo, agora se fizer merda vai pra terra dos pé junto.

Ceis vai ficar sabendo das novas regras por aqui. Agora até o dia raia não quero fila da puta nenhum na rua, vamos fazer um limpa na quebrada.

Nem preciso dizer que não sobrou nenhuma alma viva ali contrariar o novo dono do morro.

Santo ainda tinha muita coisa pra fazer, ele precisava se livrar dos homens do Metralha, o que não ia ser lá tão difícil, Santo vinha tramando isso a muito tempo, 3 anos pra ser exato, ele já tinha conquistado a confiança e admiração de muitos homens ali do morro, que acreditaram nele e decidiram ficar do seu lado, ele já sabia quem era fiel ao Metralha e em quem ele não podia confiar, esses já tinha as cova pronta.

Quanto ao resto, quem jurasse lealdade a ele poderia ficar, é claro que sempre sob a supervisão de seus homens. Não podia arriscar que acontecesse com ele o mesmo que aconteceu com Metralha.

Demorou mais que o previsto mas o morro tava limpo.

Agora Santo tinha outro problema pra resolver, o que fazer com as empregadas da casa. Ele conversou com uma senhora chamada Maria, que era a cozinheira, Santo simpatizou com a velha e deixou que ela ficasse. Agora a outra, a mais nova, Santo sabia que ia dar trabalho, mas ela chorou e implorou pelo emprego, disse que tinha filhos e que precisar do trampo.

Santo cedeu, tinha o pé atrás com a vadia, no primeiro vacilo ela vaza.

Santo resolveu fazer um "Tour" pela sua nova casa, e gostou do que viu.

A casa é grade bem iluminada, com uma decoração simples e poucos móveis.

Santo

Eu já tava pensando em como deixar a casa com a minha cara. Já tava vendo como aquela sala ia ficar top com um quadro gigante do mengão tomando conta da parede. Podem me chamar de brega mas a casa é minha e meu time do coração vai tá em tudo que é canto por aqui.

Cheguei na área externa onde já tava imaginando altos churrasco e muito pagode rolando solto aqui.

Estava indo em direção a sala quando vi um quartinho de empregada.

-Pensei que aquela vagaba tinha dito que não dormia aqui.

Tentei abrir a porta, tava trancada foi aí que num instalo, me lembrei do moleque, o fiel do Metralha, cara como que eu fui esquece desse mané.

Deve ser porquê quase ninguém vê ele, de todas as vezes que tive nessa casa nunca vi ele, e fácil esquecer de quem a gente nunca viu.

- Ele se escondeu nesse quartinho a noite toda? O moleque cheio de frescura e roupa de marca que sempre aparecida todo engomadinho na quebrada? dormindo num quartinho desse, hahaha essa eu quero ver.

Bastou forçar um pouco a porta pra ela abrir fazendo um barulho ato.

Autora

Santo nem em um milhão de anos poderia imaginar que estaria tão enganado na vida.

O que ele viu naquele quarto não tinha nada a ver com o que ele tinha imaginado.

O que ele viu foi um quarto muito pequeno fedendo a mofo e quente como o inferno, um colchonete mais fino que um fio de cabelo, um cobertor pequeno demais, Santo desconfiava que era um cobertor de bebê.

No canto da parede em pé feito uma estátua tinha um rapaz, baixinho com o cabelo cacheado, uma camiseta rosa bem clarinha muito surrada e com alguns buracos, um shorts de Tactel que mais parecia uma samba canção, pés descalço e uma expressão de medo no rosto.

Santo

O garoto tava parado tremendo feito bambo verde, me olhado com os olhos esbugalhados, eu podia rir se não tivesse tão supreso. Fui me aproximando de vagar olhando bem nos olhos dele, era fascinante pra mim ver a expressão que ele fazia a cada passo que eu dava. Quanto mais tremia mais agitado ficava, um cachinhos se soltou do alto da cabeça e como impulso levantei a mão em direção ao seu rosto pra tirar a mecha que caia sobre seus olhos.

Mas num piscar de olhos o garoto tava ajoelhado no chão com o rosto entre os joelhos, ele chorava baixinho pedindo pra eu não bater nele.

Mas que merda....

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