Capítulo 15

Depois do ato, Aron levantou da cama e entrou no banheiro para um banho demorado embaixo do chuveiro. Ele não entendia o porque que depois do prazer a vontade de estar com a pessoa desaparecia instantâneamente, era como se sentisse nojo de suas próprias ações, usando o sexo para sentir uma alegria momentânea.

Com a água escorrendo pelo o seu corpo, Aron apoia as duas mãos na cerâmica fria e abaixa a cabeça ficando de olhos fechados, pensando o quão egoísta e individual estava sendo, não poderia simplesmente usar as mulheres para satisfazer seus desejos carnais, isso não era nada justo.

Depois do banho, ele enrola uma toalha branca na cintura e sai do banheiro, vira o rosto para o lado e observa Hanna dormindo nua, toda esparramada na cama.

Aron - Que droga!

Ele se punia baixinho e caminhou até seu closet, vestiu uma calça moletom e uma camiseta de manga curta, adentrou os dedos nos cabelos penteando de qualquer jeito e saiu do cômodo para o quarto novamente.

Aron olha novamente para Hanna e se recusa a deitar na cama com ela naquele momento, não queria dar início ao segundo round de uma transa louca sem sentimentos. Se aproxima do criado mudo e tira um charuto de uma caixa e um isqueiro, pois estava se sentindo muito sufocado.

Hanna - Uhum...

Ela resmungou ainda dormindo e virou para o lado puxando o lençol e se cobrindo. Aron abriu a porta e saiu do quarto, parou no meio do corredor e entrou no quarto do pequeno Liam. Somente a luz do abajur estava ligada deixando um clima aconchegante naquele cômodo.

Aron se aproxima e projeta um pouco o corpo para frente apoiando os braços na madeira do berço. Liam estava dormindo de bruços com o rostinho virado para o lado na direção do pai, suas bochechas apertavam os lábios fazendo biquinho na boca.

Aron - Meu filho!

Sussurrou baixinho.

Aron - Eu te amo!

Ele ficou ali velando o sono do filho, sentindo o ressonar baixinho do pequeno, que naquele momento lhe trazia um certo equilíbrio. Mas o que mais deixava Aron impressionado, era, achar que o Liam sempre foi seu filho. Hoje ele entende perfeitamente que uma criança adotada não tem diferença nenhuma de um filho biológico, pois o sentimento e o amor é o mesmo.

Depois de constatar que estava tudo bem com o Liam, Aron sai do quarto e desce para o andar de baixo. Era madrugada, mas ele não se importava com as horas, só queria fumar seu charuto. Com isso, ligou a televisão no noticiário noturno e sentou no sofá.

...

Olívia estava dormindo quando seu sono foi interrompido pelo choro de Liam vindo da babá eletrônica. Val também tinha acesso a um aparelho e as duas acabaram se batendo no corredor com o alerta.

Val - Ai, que susto!

Ambas sorriem ainda com as pálpebras pesadas de sono.

Olívia - Pode voltar a dormir, Val!

Val - Tem certeza?

Olívia confirma com a cabeça, pois ela não achava justo Val perder uma noite de sono por conta do seu sobrinho.

Olívia - Sim, deixa comigo!

Val - Você tem que preparar o leite dele!

Olívia - Tá certo!

Ela respondeu já no final do corredor a passos acelerados. Chegou na enorme sala e sentiu um cheiro desagradável de fumaça de charuto, olhou mais além e viu Aron tragando sentado no sofá no ambiente quase que totalmente um breu. Só não estava mais escuro porque a iluminação da televisão dava uma claridade no ambiente.

Olívia subiu as escadas e entrou no quarto do pequeno que tinha parado de chorar e estava sentado no berço mordendo um brinquedo de borracha.

- Ei, por que o escândalo, heim? (risos)

O bebê fungou e continuou concentrado nas mordidas.

Olívia - Acho que irá nascer mais dentinhos aí, vamos!

Ela o pega nos braços e limpa a boca dele que se encontrava toda babada.

Olívia - Aposto que você está com fome!

Ela o beija carinhosamente na testa e desce com o menino, que de longe não foi uma boa ideia. Liam viu o pai na sala e começou a chorar querendo ir para os braços dele.

Olívia - Não, aqui está com um cheiro horrível de fumaça!

Liam - Pa...pa...

Olívia não deu ouvidos aos pedidos do pequeno e foi com ele para a cozinha. Ao notar a presença do filho, Aron esmagou imediatamente o charuto no cinzeiro e abriu a porta de vidro que dava para a área externa.

Aron - Tenho que parar com esse vício!

Reclamou para si mesmo enquanto esperava passar o mal cheiro da fumaça. O vento frio da noite invadiu todo o cômodo deixando novamente um ar puro e agradável na casa.

Depois disso ele fecha a porta e vai até a cozinha, pegando Liam sentado na cadeirinha de alimentação, balançando as perninhas. Olívia percebe que ele entrou e olhou por cima dos ombros, mas voltou a atenção na preparação do leite.

Liam - Pa... pa...

Aron puxa uma cadeira e senta-se perto do filho.

Olívia - Senhor?

Ele não respondeu, sequer a olhou, continuava brincando com o filho balançando o chocalho de animalzinho.

Olívia - Senhor?

Ele revira os olhos.

Aron - Fala garota!

Ela iria falar do charuto e dizer o quanto era prejudicial a saúde dele e das pessoas que estavam em volta, mas acabou desistindo, continuando de cabeça baixa esfriando o leite na mamadeira embaixo da torneira.

Aron notou que ela não falou nada, então olhou em sua direção.

- O que você quer dizer?

Ela fez sinal de negativo com a cabeça.

Aron - Ok!

Ele demonstrou desdém, deu um beijo na testa do Liam e saiu da cozinha. Olívia somente o seguiu com o olhar ao ver Aron se afastando, amassando os lábios e checando a temperatura do leite na sua mão.

Olívia - Prontinho, meu amor!

Ela balançou a mamadeira no ar e Liam levantou os braços com alegria.

Olívia - Primeira vez que fiz esse tipo de coisa na vida, então se tiver muito ruim você terá que dar um desconto para a sua tia preferida.

Liam - Pa...pa…

Olívia desmanchou no mesmo segundo o sorriso.

- Ninguém tá falando de pai aqui, e sim de tia!

Ela sentou na cadeira que Aron estava a poucos minutos atrás e começou a amamentar o pequeno.

Olívia - Não acredito que você gosta mais dele do que de mim... eu não vou aturar isso, viu? Eu sou a sua tia original!

Ela riu dela mesma reivindicando um lugar no coração do sobrinho.

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