Capítulo 4

O dia passou muito rápido, Aron participou de reuniões e mais reuniões na empresa. Concentrou todo o seu tempo no trabalho, assim conseguia passar as horas com mais rapidez sem sentir tanto. Contudo, hoje parecia que as horas não passavam como antes, e por conta disso estava uma pilha de tão estressado.

Batidas na porta…

Aron - Entre!

Sua secretária entrou no seu escritório com vários documentos nas mãos.

Aron - Agora não, já estou de saída!

Secretária - Senhor, perdão, mas tem alguns documentos que precisam da sua assinatura ainda hoje.

Ele já tinha se levantado e estava colocando a camisa por dentro da calça social.

Aron - É sobre o quê?

Secretária - Dos novos iates que serão transportados para outros países.

Ele resmungou baixinho e voltou a sentar na cadeira, pegou os documentos e leu um por um antes de assinar. Nesse meio tempo sua prima, irmã do Edgar, entra na sala.

- Oi, patrão!

Brincou no intuito de ter uma resposta descontraída do primo, mas Aron apenas a olhou por cima dos óculos e voltou a se concentrar nas documentações, não dando muita importância.

Frida - Vamos tomar um drink depois do trabalho? O Edgar também vai.

Aron - Não!

Ela olha para a secretária que apenas dá de ombros.

Frida - Pode nos deixar a sós um minutinho por gentileza?

Secretária - Claro, senhora! Com licença.

Frida a espera sair e em seguida puxa uma cadeira de frente a mesa sentando de pernas cruzadas olhando para o Aron, o deixando desconfortável.

Aron - Você não tem o quê fazer? Vai ficar olhando para mim como se eu fosse um objetivo em exposição?

Frida - Aff, como você está de mal humor hoje, não que não esteja sempre mas hoje tá demais com essa cara de ogro.

Aron - Vai ficar tirando com a minha cara?

Frida - Não! Bem... escuta... eu tenho novidades sobre adoção.

Ele entorta os lábios e bate a mão na mesa se levantando no mesmo segundo já contrariado com o rumo da conversa.

Frida - Me escuta pelo menos dessa vez!

Aron - Eu não quero saber dessa conversa de adoção, isso é ridículo!

Frida - Porque não? Você não morreu junto com a Aurora e a criança, deveria tentar seguir a sua vida.

Aron - Quem é você para dizer o que eu devo ou não fazer? Você não se enxerga mesmo né, Frida?

Sem paciência ela levanta-se também e fica frente a frente com ele.

Frida - Deixa de ser egoísta com você mesmo! Eu sei que o seu sonho é ser pai.

Ele vira-se de costas para ela e cruza os braços se aproximando dos enormes janelões de vidro que dava vista para a fábrica lá embaixo. Aron podia ver todo o processo de fabricação dos iates em tempo real.

Frida - Um homem poderoso como você tá sofrendo porque quer, tem grana para comprar o mundo inclusive tem o privilégio de conseguir um filho com facilidade na adoção e...

Aron - Eu não quero uma criança que não tenha o meu sangue!

Exclamou com firmeza.

Frida - Agora é tarde, pois eu já consegui o seu sonho!

Ele arregalou os olhos surpreso e virou imediatamente a olhando.

Aron - O quê você fez?

Perguntou assustado com a resposta.

Frida - Consegui o seu sonho!

Aron - Você não fez isso Frida, você não pode!

Frida - Posso sim e já fiz!

Nesse momento, Edgar entrou na sala com um sorriso no rosto mas desmanchou no mesmo segundo quando percebeu a cara de Aron encarando sua irmã.

Edgar - Reunião em família? Se for estou fora!

Frida revira os olhos e bufa.

Edgar - O que está acontecendo aqui gente? Tô com medo já!

Aron - Pergunte para a louca da sua irmã!

Edgar - O quê você fez?

Retrucou com os olhos assustados.

Frida - Consegui uma guarda provisória de um bebê que mudará a vida do Aron para sempre.

Nervoso, Edgar derruba o copo de café no carpete do escritório.

Edgar - Vo... você é louca?

Frida - Digamos que eu sou, irmãozinho, mas as melhores idéias surgem de uma pessoa como eu.

Aron - Saíam os dois da minha sala!

Frida - Amanhã eu vou buscar o seu filho, não me pergunte como eu consegui porque eu não vou dizer.

Aron - Você está blefando!

Ele a encarou nos olhos, mas em nenhum momento Frida demonstrou que estava e isso preocupou Aron que ficou um tanto quanto petrificado.

Frida - Um dia você irá me agradecer!

Ela olhou para o irmão que continuava pasmo com tudo aquilo que estava rolando na sala, nem conseguiu se manifestar.

Frida - Te vejo mais tarde!

Ela caminhou até a porta e girou a maçaneta, olhou mais uma vez para o Aron que mantinha sua postura de CEO bravo e inalcançável, posteriormente saiu os deixando a sós.

Edgar - Às vezes eu me pergunto se essa maluca realmente é minha irmã, que viagem velho.

Aron sentou-se novamente na mesa e assinou o restante dos documentos, depois ligou na linha dois pedindo a presença de sua secretária.

Secretária - Com licença, senhores!

Edgar - Toda!

Aron - Já estão todos assinados!

Ele entrega as papeladas e põe o celular no bolso caminhando em direção a porta.

Edgar - Já vai?

Aron - Sim! Eu preciso tomar um ar e colocar minhas idéias no lugar.

Edgar o acompanha.

- Espera, que história é essa de adoção?

Aron - Foi um pedido meu antes, mas eu acabei desistindo! Entretanto, sua irmã levou a diante e... Eu não sei o que farei agora.

Edgar - Você pediu um filho?

Aron para no meio da escada e o olha.

- Foi, mas eu não sei se eu quero mais! Era meu sonho antes da Aurora falecer, não agora!

Ele morde os lábios e volta a descer os degraus, sai direto para o estacionamento, entra no seu carro e sai da empresa mais cedo, dirige alguns minutos até a praia mais próxima. Ao chegar, já era final da tarde, tirou os sapatos e abriu alguns botões da camisa para ficar mais à vontade.

Aron caminhou sozinho na areia sentindo o vento e a maresia bater em seu rosto. O arrependimento brotou e não sabia como reparar o seu erro, pois não queria nenhuma criança, seu sonho acabou naquele dia no hospital.

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