Capítulo 13

O primeiro dia como assistente de babá foi muito bom para Olívia que uniu o útil ao agradável, pois ter essa oportunidade de ficar com seu sobrinho não tinha preço. Além de ter gostado e se dado bem com todos os funcionários que trabalham na mansão.

Estava se sentindo bem na casa, era bem leve e agradável o lugar. Não tinha o que reclamar. Sem contar o salário que iria ganhar, dava para pagar todas as suas despesas e depositar o resto no banco.

Era umas 19:00 horas quando o carro do Aron estacionou no jardim embaixo de uma árvore de laranjeira. Entrou na casa alongando os braços pois estava sentindo seu corpo muito tenso.

Val - Boa noite, senhor!

Aron - Boa noite!

Val - Posso mandar prepararem a mesa do jantar?

Aron - Não agora, estou sem fome.

Ele caminhou adentrando a casa e olhou para a sala vazia, sua expressão dura misturada a tristeza estava nitidamente estampada no seu rosto, nenhum sorriso, nenhuma feição de alegria.

Aron - E o Liam?

Val - Está lá em cima com...

Ele nem a esperou completar a frase e subiu os degraus a passos largos, abriu dois botões da camisa social e empurrou a porta do quarto do filho dando de cara com Olívia deitada no tapete felpudo de bruços e pernas dobradas balançando enquanto prestava atenção no pequeno Liam apertando as teclas do teclado musical de brinquedo.

Mas sua visão foi sem querer para a calcinha de Olívia, pois o vestido havia subido um pouco mostrando um pedaço do tecido íntimo que era na cor branca.

Aron - O que significa isso?

Olívia toma um susto e levanta-se bruscamente, como estava apenas de meias, se desequilibrou pisando em um brinquedo e se chocou para o lado batendo com tudo a testa na madeira do berço.

Olívia - Aiii...

Ela leva as mãos na testa e senta na cama de apoio que fica no canto do quarto sentindo uma dor infernal.

Liam notou a presença do pai e começou a engatinhar até os pés dele, que prontamente o colocou em seu braços lhe dando um beijo carinhoso.

Olívia - Desculpa, senhor! Eu... eu...

Aron - Quem é você?

Ainda com as mãos na testa, Olívia respondeu.

Olívia - Eu sou a auxiliar de babá!

Aron - Hum..

Ele chutou alguns brinquedos para o canto os tirando do meio do caminho e foi até perto da janela fechando as cortinas.

Aron - Essa janela não pode ficar aberta até essa hora, pode entrar algum bicho aqui.

Reclamou com a cara feia já sem paciência.

Olívia - Eu não sabia, senhor!

Aron - Vista um short por baixo desse uniforme, já que é nítido que se comporta como uma adolescente de quinze anos.

Nesse momento, bate uma raiva dentro da Olívia, ela estava prestes a respondê-lo e colocá-lo no seu devido lugar, mas se conteve ao olhar para o Liam, não queria estragar tudo e ser demitida por justa causa. Então ela engoliu a bronca que desceu rasgando na sua garganta junto com a saliva.

Aron - Arrume essa bagunça!

Olívia - Tudo bem, senhor!

Ela falou com os dentes trincados se segurando para não explodir, já que não era o tipo de garota que levava desaforo para casa. Ignorou a dor na testa que tinha ficado vermelha com um hematoma em alto relevo e se ajoelhou no chão juntando todos os brinquedos e colocando dentro dos cestos apropriados para essa função. Aron nem olhou para a cara dela e saiu com o menino para o quarto dele com uma expressão brava.

Aron - Que menina desastrada!

Resmungou e jogou todos os travesseiros no chão formando o cercadinho, colocou o Liam no meio e sentou um pouco para brincar com o pequeno. Abriram alguns presentes que Aron havia comprado pela internet que tinha chegado logo cedo, vários brinquedos educativos para o desenvolvimento da criança.

Liam - Paaa, pa...

Aron - Gostou dos brinquedos, filho?

O bebê sorriu e ficou mordendo um, babando o boneco inteiro. Aron aproveitou que o filho estava entretido e entrou no banheiro para um banho.

Olívia desceu com a mão na testa, passou direto para a ala dos quartos e entrou em seus aposentos. Estava com tanta raiva da maneira que o Aron falou que não se conteve e chorou.

Olívia - Odeio esse cara!

Exclamou enquanto abria a mochila à procura de um short para usar por debaixo do vestido. Sua visão estava totalmente turva devido às lágrimas em excesso que escorriam para suas bochechas.

Ela acha o short e o veste, posteriormente limpa as lágrimas com o antebraço e arruma suas roupas na cômoda e outras no guarda roupa. Ao terminar entra no banheiro para ver seu reflexo no espelho, o hematoma tava muito feio e dolorido.

Olívia - Droga!

Ela abre a torneira e lava o rosto. Depois de um tempo sai do quarto voltando para a sala, para no meio dela e fita a escada. Não sabia se subiria ou não para ficar com o Liam, já que era a sua função.

Ao notar que Aron descia com o Liam, ela se afasta para o canto perto da janela que dava visão para o jardim.

Aron - Ei, menina?

Ela vira o olhar, mas desvia o olhar para o chão logo em seguida.

Aron - Fica com ele, vou jantar!

Ela faz positivo com a cabeça e caminha na direção deles, em nenhum momento ergueu o rosto.

Aron - Coloque gelo no machucado!

Ela fez um sinal negativo e pegou o menino em seus braços.

Olívia - Não precisa, senhor! Estou bem agora!

Ele ficou a olhando por um instante, queria lembrar de onde a conhecia. Mas logo desistiu e usou o desdém.

Aron - Tanto faz!

Ela levantou o rosto e o acompanhou com o olhar até a sala de jantar. Aron sentou-se na ponta da mesa sozinho e foi servido pela Zena, uma de suas funcionárias.

Liam por sua vez não se conformou querendo ir para os braços do pai novamente, começou a chorar, ou melhor fazer um escândalo. Estava sendo difícil acalmá-lo, nem Olívia e Val estavam conseguindo, era claro que seu sobrinho estava apegado aquele homem, e isso a deixava com mais raiva.

Uma voz rouca e grossa se manifestou na sala de jantar.

Aron - Traga ele aqui!

Val - Toma, leva ele!

Sussurrou.

Olívia - Não quero ir lá, você pode levá-lo?

Val - Não! Você viu a cara do patrão? Tô fora!

Ela sai de mansinho deixando Olívia sem opção.

Olívia - Vamos meu amor, acalme-se, você não precisa chorar!

Ela entra na sala de jantar e o entrega para o Aron, que colocou o filho no seu colo e continuou a jantar.

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