Capítulo 11

Olívia correu sem parar até a avenida, assim pegou o ônibus de volta para seu bairro. Tudo na sua cabeça estava um tanto quanto confuso e ela não entendia seu comportamento ridículo ao ver o Aron, pareceu uma caipira matuta com vergonha. Depois do longo trajeto de volta ela chega em frente ao seu prédio e encontra seu amigo, D.Jota sentado na beira da calçada a esperando.

D.Jota - Onde você estava?

Olívia - Vamos entrar, eu vou te explicar tudo!

Ele confirma com a cabeça e levanta-se entrando no prédio com ela, posteriormente chegam no apartamento. Olívia abre a porta e entra jogando a mochila no sofá.

Olívia - Vou tomar banho, já volto!

D.Jota - Tudo bem!

Ele foi até a cozinha e pegou uma maçã que estava na fruteira e retornou comendo, depois sentou no sofá. Olívia tomou um rápido banho e vestiu um belo vestido de festa, calçou um salto e fez um coque nos cabelos, pegou sua maleta de maquiagem e foi para a sala.

D.Jota - Ué, vai sair?

Olívia - Aham...

Ela se sentou por cima de uma perna e abriu a maleta em cima do braço do sofá começando a se maquiar. Seu amigo franziu a testa confuso e olhou a hora no relógio.

D.Jota - A essa hora?

Ela revirou os olhos e confirmou com a cabeça.

D.Jota - Vai para uma festa?

Olívia - Não!

D.Jota - E então?

Olívia - Vou trabalhar!

O garoto arregalou os olhos e levantou bruscamente do sofá olhando estranho.

D.Jota - Que trabalho é esse?

Olívia - Relaxa, eu só vou acompanhar um ricaço em um jantar!

D.Jota - Que idéia ridícula é essa, Olívia? Você enlouqueceu de vez só pode.

Olívia - Eu não vou me prostituir, não sou tonta, eu só vou acompanhar um cara em um jantar de negócios. Rico faz isso, sabia?

D.Jota - Isso só pode ser ideia daquela sua amiga cabeça oca da academia, né?

Olívia - Ah, para!

Ela começa a esfumar os olhos. D.Jota senta-se novamente no sofá de braços cruzados.

Olívia - Eu encontrei o Liam!

Ele a olha surpreso.

D.Jota - Você foi realmente na casa do cara?

Olívia - Meu sobrinho está lindo!

Suspirou profundamente olhando para o nada.

Olívia - Começo a trabalhar como auxiliar de babá na segunda-feira.

Ela explicou toda a situação inusitada que a prima do Aron criou e viu uma oportunidade única de ficar perto do menino.

D.Jota - Você realmente deve tá batendo o pino, né? Se te pegam na mentira já era Olívia, você nunca mais verá o seu sobrinho.

Olívia - E você acha que não sei?

Fica um silêncio momentâneo entre os dois.

Olívia - Eu tenho que arriscar, quero ficar perto dele.

D.Jota - Vou chamar uma camisa de força para você, isso sim! Isso é um absurdo e ilegal, além de ter mentido para ser contratada.

Olívia - Eu, eu não menti... só omiti!

Ele sorriu e balançou a cabeça, ficando um clima ruim no ar, mas seu amigo desencana e procura entender o lado dela com mais empatia.

D.Jota - Então não será mais a dona hot dog?

Ambos sorriem quebrando o gelo.

Olívia - É, parece que não!

Ela enfim finaliza a maquiagem com um batom cor de vinho, que se sobressaiu no seu tom de pele.

Olívia - Bom, vou pedir um táxi!

Ela pega o celular pedindo pelo aplicativo.

D.Jota - Há quanto tempo está fazendo isso?

Olívia - Na realidade será a minha primeira vez de acompanhante.

D.Jota - Você...

Ela o interrompe.

Olívia - Eu preciso juntar dinheiro, tenho que me reerguer!

Ele balança a cabeça negativamente e levanta-se do sofá andando em direção a porta de saída.

D.Jota - Cuidado, você não sabe onde está se metendo, Olívia!

Ela apenas continuou o olhando sair e fechar a porta, Olívia faz uma expressão triste e fecha os olhos preocupada com o que ele disse.

Olívia - O que eu estou fazendo, meu Deus?

Logo que o táxi chegou, Olívia respirou fundo e prosseguiu na ideia de ganhar um dinheirinho extra sendo acompanhante. Quando chegou no ponto indicado em uma rua afastada da sua, desceu do carro e caminhou lentamente para um veículo de luxo que estava de faróis acesos pouco mais a frente, as travas foram abertas e ela entrou dando de cara com um homem de aproximadamente cinquenta anos, bastante elegante.

Homem - Boa noite, me chamo Claus!

Ele pegou na mão dela e a beijou suavemente.

Claus - Não tenha medo, eu não vou lhe morder.(risos)

Ela o olhou de relance nos olhos e ficou olhando além do parabrisa.

Claus - Você só precisará fingir ser minha noiva, no restaurante estará alguns sócios acompanhados por suas esposas e não poderia ir sozinho.

Olívia engole a seco, estava basicamente paralisada.

Claus - Procure ser natural!

Olívia - Ok!

Ela suspira e fecha os olhos abrindo logo em seguida.

Claus - Sua amiga acertou em cheio dessa vez, você é maravilhosa!

Olívia - Podemos ir? Eu... eu só quero fazer o meu trabalho de acompanhante e nada mais.

Ele deu um sorriso maroto e ligou o carro.

Claus - Claro querida, como você desejar!

Durante o caminho, ele deu algumas instruções para ela como se comportar, além de ter falado um pouco da sua vida pessoal no intuito de manter Olívia bem informada e não fazer feio durante o jantar.

Nas horas seguintes, o jantar correu super bem, Olívia foi bem didática e se saiu melhor do que esperava, todos engoliram que ela era noiva do empresário. Mas por dentro ela se sentia péssima e derrotada, pois fazer esse tipo de coisa anulava totalmente sua identidade

Depois do jantar, Claus pagou uma bela quantia em dinheiro e a deixou em um ponto estratégico para pegar um táxi. Olívia chorou o resto da madrugada inteira por se sentir uma inútil, um peso morto no mundo.

Quando amanheceu abriu os olhos e ficou olhando a infiltração que consertaram com gesso, contudo, o problema estava novamente. Olívia só podia lamentar mais uma vez essa situação, virou para o lado ficando de ladinho com as mãos embaixo do rosto.

O seu celular começou a tocar freneticamente, mas ela não estava afim de atender naquele momento, só queria continuar na cama o dia inteiro se fosse preciso. E assim se estendeu durante todo o final de semana, ficou em casa igual vegetal boiando na água.

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