Capítulo 8

Três meses depois...

O tempo parece que voou, e Olívia estava certa que nunca mais veria seu sobrinho novamente. Apesar de ter entrado na justiça e recorrido mais uma vez em vão, todas suas tentativas fracassaram.

Em relação ao trabalho, ainda corria atrás de um bom emprego, mas por enquanto não poderia se dar ao luxo de escolher. Nas últimas semanas virou de tudo até a senhora hot dog, onde vestia uma fantasia engraçada de cachorro quente para entregar panfletos na rua.

Hoje não seria diferente, chegou cedo na lanchonete e vestiu a fantasia para mais uma manhã de trabalho no mínimo inusitada, mas não poderia negar que estava se divertindo muito com tudo isso.

Olívia - Meu Deus, eu estou incrivelmente ridícula!

Indagou para si mesma ao olhar seu reflexo de frente para o espelho no banheiro feminino da lanchonete.

Olívia - Vamos lá!

Ela colocou um óculos escuro e saiu do banheiro, claro que os funcionários deram risada.

Rapaz - A hot dog mais estilosa que eu já vi!

Olívia sorriu com o comentário e olhou por cima dos óculos.

- Lembre-se meu caro, não é o emprego que é ruim, é o funcionário que não gosta de trabalhar!

Todos sorriem.

Olívia - E eu sou adulta, tenho minhas despesas!

Nesse momento um senhor demasiadamente barrigudo e bem vestido entra na lanchonete.

Homem - Vamos jovens, trabalhar!

Ele bate uma mão na outra e entra para os fundos.

Olívia - Vamos, D.Jota, você tem que me dar cobertura lá fora!

D.Jota - Não acredito que vou continuar passando mico com você, Olívia!

Olívia - Ordens do seu patrão, Vamos!

Ela pega a pilha de panfletos e segura o braço dele o puxando para fora do estabelecimento. Hoje a rua estava bastante movimentada de carros, e também por ser sexta feira.

Olívia simplesmente incorporava o personagem com bastante alegria e entusiasmo. As crianças que vinham dentro dos carros acham a senhora hot dog um barato, pois além de entregar os panfletos dançava.

D.Jota - Ela realmente é boa nisso!

Disse o rapaz encostado em um carro segurando mais algumas folhas anunciando a lanchonete. Depois de mais algumas horas de trabalho, Olívia trocou de roupa e saiu apressadamente, pegou o ônibus e foi para o orfanato, fazia meses que ela não pisava lá devido ao ocorrido com a diretora Ruth.

Ao chegar na porta foi barrada pelo o porteiro, um velho conhecido que a ajudava às vezes dando informações.

Olívia - Oi, seu Phill, eu vim o mais rápido possível!

Porteiro - Ela viajou hoje cedinho, estão só as meninas lá dentro!

Olívia - Não se preocupe, eu serei cautelosa!

Porteiro - Por favor menina, não me coloque em uma enrascada com a senhorita Ruth, se ela souber que estou lhe ajudando me colocará no olho da rua.

Olívia - Não colocará, pois serei cautelosa!

O homem desligou as câmeras e fez um sinal com a cabeça para que Olívia entre pelos fundos.

Porteiro - Tá limpo! Lembre-se, seja rápida!

Ela o entrega sua mochila e corre entrando pelos fundos com uma certa cautela, passa por um longo corredor de plantas em vasos e adentra a cozinha de uma maneira silenciosa, olha para os lados e segue seu caminho.

Não demorou muito para chegar de frente a sala da diretoria da Ruth, segura a maçaneta e gira com cuidado, entrando rapidamente na sala encostando a porta.

Olívia - Ai, meu Deus! Isso tem que dar certo!

Suspirou profundamente e deu a volta na mesa, sentando na cadeira, abre o computador e começa a acessar as documentações das crianças em ordem alfabética. Olívia sabia que tinha que ser rápida nessa ação ilegal, caso contrário se fosse pegue iria para prisão e seria o fim de uma vez por todas, nenhum juiz daria a guarda de uma criança para ela.

Olívia - Vamos, vamos... Cadê você Liam... Achei! Liam Grace!

De repente, ela escuta alguém se aproximando.

Olívia - Droga, não dará tempo!

Ela pega um papel e uma caneta e anota rapidamente, a maçaneta é girada e Olívia escorrega o corpo para debaixo da mesa. A funcionária da limpeza entrou com um balde e um rodo.

Olívia - Não, não...

Ela fecha os olhos e começa pedir aos céus para não ser encontrada. A moça da limpeza começa a cantar uma música latina em espanhol enquanto passava o pano molhado com aroma perfumado no chão.

Olívia abre os olhos e encolhe mais as pernas embaixo da mesa, olha para o lado e fitou o rosto vindo em sua direção e encostando em seu braço, ela se ajusta mais ao pouco ao espaço já temendo ser vista.

Phill - Ei, menina!

Salva pelo o porteiro, Olívia sorriu e fechou os olhos em gratidão.

Moça - Algum problema, senhor Phill?

Phill - Um cachorro fez as necessidades na calçada da entrada, venha logo limpar aquela sujeira, se a senhorita Ruth ver aquilo a bronca vai ser feia, sabe como ela é em relação a limpeza!

Moça - Ah não, senhor Phill, nem me fale!

Ela pega o balde e o rodo e sai da sala em direção a saída. Olívia sai debaixo da mesa dando de cara com o seu salvador.

Olívia - Obrigada seu Phill, te devo essa!

Phill - Vamos, vamos logo, antes que ela perceba que não tem nada na calçada e volte desconfiada.

Olívia - Certo, certo, já estou indo!

O homem tira a mochila da menina atrás da coluna e a entrega.

Phill - Vai!

Olívia - Obrigada!

Ela coloca a mochila atrás das costas e corre sorridente a caminho da saída segurando o papel nas mãos com o nome e o endereço do responsável pelo Liam.

Ao chegar em casa joga a mochila no chão da sala e pula no sofá deitando de barriga para cima. Estica os braços e aprecia o papel com as informações que conseguiu.

Olívia - Aron Maclean...

Olívia põe o endereço no GPS do celular para ter uma noção mais completa do lugar, constatando que era um bairro rico do estado da Flórida, e era um tanto quanto distante de onde ela morava.

Um pouco de medo a tomou naquele momento, pois era possível que o Liam tenha sido adotado por gente grande cheio da grana, e lutar com pessoas assim era praticamente impossível. Só em pensar que quem tem dinheiro consegue o mundo aos seus pés tão facilmente, ela já fica desanimada.

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