Capítulo 9

Alguns dias se passaram desde que Olívia pegou o contato do tutor de Liam, ela ficou na dúvida se seria uma ótima idéia ou não

aparecer na casa do homem reivindicando o seu sobrinho. Primeiro, que tinha certeza que sairia de lá presa.

Depois de mais um dia cansativo de trabalho entregando panfletos do hot dog, Olívia trocou de roupa e colocou a mochila nas costas saindo sem almoçar. Sua situação financeira estava decadente e tinha que se virar de alguma forma.

Nos últimos dias estava gravando vídeos dançando no salão da academia e postando na internet no intuito de ser reconhecida pela sua arte. Tinha até alguns acessos, mas não o suficiente.

Cansada de ficar a manhã inteira na rua entregando panfletos, Olívia acabou adormecendo dentro do ônibus a caminho da mansão do Aron Maclean que ficava do outro lado da cidade, em um bairro nobre.

Depois de quase uma hora de ônibus, ela desce em um quarteirão próximo e prossegue caminhando. O sol estava tão forte que estava lhe dando fraqueza e enjôo por não ter comido e se alimentado adequadamente.

Era um bairro tranquilo com pouca movimentação de veículos e pessoas, até o ar era diferente, exalava o oxigênio das árvores que faziam sombra fresca ajudando Olívia no trajeto até o final da rua.

A mansão do endereço do papel era simplesmente gigantesca, uma casa de esquina que dava a volta no quarteirão. Olívia parou de frente a residência abismada.

Olívia - Caramba!

Ela estava literalmente de boca aberta, contudo mal se aproximou e foi barrada por dois homens de preto, provavelmente eram os seguranças do ricaço, Olívia pensou.

Segurança - Onde pensa que vai, moça?

Um dos homens estica os braços no ar com as mãos abertas.

Olívia - Apertar aquela campainha alí, ora!

Ela apontou na direção e os dois fizeram sinal negativo com a cabeça.

Segurança - Deseja alguma coisa, moça?

Olívia - E...eu vim falar com o tal de Aron...

Ela esquece o sobrenome e checa novamente no pedaço de papel que segurava o tempo inteiro.

Olívia - Aron Maclean, é esse o nome dele!

Os dois olham um para o outro e voltam a atenção na Olívia que estava se sentindo um peixe fora d'água.

Segurança - Qual o seu nome? Vamos ligar para dentro da mansão e verificar.

Olívia - Meu nome?

Segurança - Sim!

Olívia - O... o meu nome?

O homem amassa os lábios e cruza os braços.

Olívia - O sobrenome?

O outro segurança que estava um pouco mais afastado não se aguenta e solta um sorriso.

Segurança - Sim engraçadinha, qual o seu nome?

O outro se manifestou.

- Você tem que dizer para a garota se quer o primeiro nome ou o do meio, Bob.

Bob - Quero os dois, ora!

Olívia - É... meu nome é Olívia!

Bob - E o sobrenome?

Olívia - Não tenho, sou mendiga!

O outro deu uma gargalhada alta, Bob o olhou com uma expressão brava.

Bob - Está de brincadeira com a minha cara, garota?

Olívia - Quero falar com o seu patrão, baba ovo!

Segurança - Verdade, ele é um baba ovo mesmo! (risos)

Bob - Já chega, você não vai entrar! Primeiro que você está mentindo, que não tem hora marcada nenhuma com o patrão, segundo que ele nem está em casa e sim trabalhando, se realmente tivesse marcado hora saberia.

Olívia - Ah não? Pois eu vou ficar aqui plantada esperando ele, você verá se ele não vai me atender, seu babão!

O segurança sorriu de lábios fechados e entrou no seu posto novamente. Olívia tirou a mochila das costas e colocou no cantinho, sentou embaixo da árvore que fazia uma sombra gostosa, ficou ali esperando até que o Aron chegasse em casa, torcendo para ter uma oportunidade de um encontro recíproco da parte dele.

Mas estava demorando muito mais do que ela imaginava, logo anoiteceu e Olívia continuava sentada embaixo da árvore com as costas encostada no tronco. Os seguranças ficaram com uma certa pena dela até que, para passar o tempo, começou a rabiscar algumas folhas da sua agenda desenhando aleatoriamente.

Bob - Moça, vai demorar para o senhor Aron chegar em casa, as vezes ele chega muito tarde.

Olívia - Tudo bem, eu posso esperar!

Respondeu sem tirar a visão do desenho que estava fazendo.

Bob - Qual sua idade, menina?

Olívia - Vinte quatro!

Bob - Está com fome?

Ela para de desenhar e o olha.

Olívia - Um pouquinho!

Ela mentiu, pois não comeu nada o dia inteiro.

O homem entrou no posto e pegou um pedaço de bolo com cobertura de chocolate e a entregou.

Bob - Pode comer, as meninas sempre vem deixar lanche para gente aqui na portaria.

Ela até relutou em não aceitar mas não tinha como, seu estômago estava doendo quase encostando nas costas de tanta fome, e não tinha como sair dali pois corria o risco de não conseguir encontrar o Aron e todo seu tempo o esperado seria em vão.

Olívia - Obrigada!

Ela aceitou de bom grado e guardou a agenda dentro da mochila, esticou as pernas e apoiou o refratário em cima e começou a comer. Uma hora depois um carro dobra a rua em alta velocidade e para meio que cantando pneu em frente a casa pedindo para abrirem os portões.

Buzinou algumas vezes e logo as portas da entrada se abriram, no entanto, o vidro do carro foi baixado e Frida abriu um largo sorriso em direção a Olívia que estava um pouco nervosa por pensar que se tratava de Aron Maclean.

Frida - Você deve ser a candidata a auxiliar de babá que eu pedi na agência, né?

Olívia - babá?

Frida - Perdão pela demora, é que eu não moro aqui! Porém resolvo todos os perrengues do meu primo, sabe como é homem solteiro, né? (risos)

Olívia - E...eu...

Ela estava prestes a dizer que não era babá coisa nenhuma, mas pensou rápido e resolveu entrar na onda, pois seria uma ótima oportunidade para rever seu sobrinho depois de três meses.

Olívia - É, eu sou a babá que a agência mandou!

Frida - Ótimo, entra no carro!

Ela olha para o segurança que estava com a testa franzida sem entender muita coisa, pega a mochila e corre dando a volta e entrando no carro esporte de Frida, que pisa o acelerador e adentra a mansão Maclean.

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