Capítulo 18

Lucca

Assim que os meus tios examinaram o menino, eu queria o metralhar de perguntas, mas sei que teria que ir devagar.

— Vai com calma, ele é apenas uma criança, está confuso, não o enche de informações. — O meu tio Rodrigo diz.

— Entendi, ok! Ir com paciência. — Falo.

— Isso, muitas das coisas ele não vai saber, então não adianta insistir, lembrando que a gente acredita que ele deve ter em torno de três ou quatro anos de vida é praticamente um bebê. — O meu tio Rodrigo insiste em me dar instruções.

— Eu entendi, tio. Não vou fazer nenhuma besteira, até parece que não confia em mim...

— E não confio. — Ele decreta.

— Valeu hein, vou provar para vocês, que não sou mais um moleque e sim um homem. — Falo magoado.

Todos pensam que sou irresponsável e ainda não amadureci, acho que por isso eu não consigo chamar a atenção da Paola, ela deve estar acostumado com homens mais sérios, com uma carreira estável e não um que acabou de completar 21 anos.

— Olha... Só não... Cuidado é tudo que te peço. — Meu tio Rodrigo diz e sai do quarto me deixando a sós com o garotinho.

— Oi... — Falo e ele entorta a cabecinha tentando me reconhecer. — Você nunca me viu, mas eu te ajudei...

— Gado tio...— Ele me agradece e me abraça.

— Como você tá?

— Dói aqui...— Ele aponta para a barriga.

— Dói muito? — Pergunto preocupado e ele sacode a cabecinha. — Você contou para o outro tio? — Pergunto e ele balança a cabeça. — Então daqui a pouco o tio vai vim te dar um remedinho para dor, tá?

— Você tem quantos anos? — Pergunto e ele para pra pensar.

— Num sei… — Diz.

— Sabe o seu nome? — E ele nega.

Gente, como vou ajudar esse menino se ele ao menos sabe o seu nome.

— Tem papais? — Pergunto e ele sacode a cabeça em um não.

Se bem que ele não deve estar entendendo nada do que eu estou perguntando, quanto tempo será que ele ficou naquele lugar? Será que ele já nasceu naquele lugar?

— Olha, o tio te trouxe um presente. — Pego o carrinho azul que eu comprei junto com as roupas e entrego a ele, ele olha para o objeto desconfiado.

— É um brinquedo, é pra você brincar assim. — Eu mostro para o Benício, em cima da sua cama. — Viu da para imitar um carrinho, já viu um carro antes? — Ele nega. — Vrum, Vrum, Bibi…— Imito um carro para ele e ele da risada.

— Vum, vum. — Ele faz com a mão que não está com o acesso. É tão gostoso ver ele brincar ter uma vida de criança.

O meu tio chega com a medicação do garoto e administra e eu fico olhando o Benício. Quero tanto saber o que aconteceu com ele.

— Você vai ficar aqui com ele? — O meu tio pergunta.

— Vou.

— Tá! Observa se ele vai ter alguma reação a medicação, se tiver febre, dor, falta de ar, se apresentar bolinhas na pele dele, qualquer coisa, avisa o médico de plantão. Eu vou para a casa.

— Tá bom!

— Ok então... Boa noite! Eu te amo. — Diz e me abraça

— Boa noite! Tio. Eu também te amo, da um abraço no Diego — Peço e ele assente.

— Tchau garotão, até amanhã. — Ele se despede do Benício que da um tchauzinho pra ele.

O meu tio vai embora e eu me sento ao lado do Benício, que por conta da medicação está meio sonolento.

...----------------...

A noite foi um pouco agitada, Benício sacudia a cabeça e chorava durante um pesadelo, e eu tentava o acalma-lo.

Precisei chamar a enfermeira que teve que trocar o lençol, pois ele havia feito xixi na cama, a enfermeira deu um banho nele e colocou uma das roupas que eu trouxe.

— Tá mais calmo? — Pergunto e ele sacode a cabeça, então dou um jeito de trazer ele para o meu colo. — Pode dormir, tá! O tio tá cuidando de você. — Digo e balanço o seu corpo de um lado a outro, até que ele pega no sono, devagar tento colocar ele na cama, mas ele gruda as duas mãos em minha blusa, então desisto de colocar ele na cama, volto para a poltrona e deito ela e acabo dormindo com ele assim, ele deitado no meu peito e eu deitado na poltrona.

Me desperto com a enfermeira mexendo em algo no acesso dele.

— É só medicação, pode continuar a dormir. — Diz e eu fecho os olhos novamente pegando no sono.

Não sei quanto tempo se passa, mas escuto o meu celular tocar, então meio desajeitado eu pego o celular no meu bolso da calça.

— Alô…— Atendo.

— Filho! — Ouço a minha mãe.

— Oi mãe!

— Filho, está tudo bem? Você comeu alguma coisa? — Faço uma careta, pois desde que cheguei estou apenas com um café no estômago.

— Está tudo bem, mãe. Eu ainda não comi, vou ver se pego algo na cantina quando amanhecer. — Digo.

— Não acredito Lucca! Você está o dia inteiro sem comer? — A minha mãe resmunga. — Garoto quantas vezes já lhe disse, que precisa comer? Quer cuidar do Benício ou não? E como vai fazer isso estando doente? — Minha mãe é muito dramática até parece que vou adoecer por ficar apenas um dia sem comer.

— A senhora tem razão mãe, mas porque está me ligando de madrugada? — Pergunto deve ser em torno das duas da manhã.

— Que madrugada? Agora são sete da manhã. — Responde e me assusto dormi a noite toda na poltrona.

— Caramba! nem vi as horas passarem. — Falo.

E ela se despede ainda me dando bronca. A porta é aberta e por ela passa Enrico.

— Bom dia! — O meu tio diz! E acende a luz, fazendo eu fechar os olhos por conta da claridade. Eu pisco algumas vezes para me acostumar com a luz. — Dormiu nessa poltrona? — O meu tio pergunta.

— Sim, Benício estava tendo muitos pesadelos, e não dormiu enquanto não peguei ele no colo.— Respondo e me levanto, tento colocar o garoto na cama que se assusta e abre os olhos. — Olha o tio Enrico precisa te ver. Vou colocar você na cama, tudo bem? — Falo e ele permite ir para a cama.

O meu tio examina ele e eu presto atenção em tudo que ele faz.

— Ele passou bem?

— Fora os pesadelos, ele dormiu tranquilo.

— Que bom! Vamos fazer o desmame do oxigênio para ver se ele já pode ir para a enfermaria. Vamos deixar ele algum tempo sem oxigênio para ver se ele é capaz de respirar sozinho. — O meu tio explica escrevendo algo no tablet.

— Certo, ele reclamou da dor na barriga ontem...

— É eu tô vendo aqui no prontuário dele.

— Você sabe me dizer o que é?

— Provavelmente algo que ele ingeriu enquanto estava naquele lugar, vamos fazer mais exames para ter uma resposta mais preciso.

— Tá bom.

— Qualquer coisa, sabe como chamar, vou passar as visitas. — Eu concordo e ele sai do quarto, e a enfermeira vem com a alimentação do Benício.

Benício usa uma sonda conectado pela barriga o nome certo é gastrostomia, é por lá que ele se alimenta.

Arrumo o seu cabelo e com um pano que a enfermeira me deu eu limpo o seu rosto, espero ele dormir novamente para ir até à cantina

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

NOSSA Autora só imaginando quanto tempo Benício ficou amarrado e o trauma que está não vejo a hora da pessoa que fez isso com ele ser pego e preso 😈😡😡😡

2023-12-04

6

Isabel Luiz

Isabel Luiz

uma bela história espero que continue assim pois as suas histórias são sempre maravilhosas

2023-08-14

5

Claudia

Claudia

Qual será a história do "Benício ",??,e que lindo o Lucca cuidado dele💖💖♾🧿

2023-08-14

1

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Atualizado até capítulo 76

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