Lucca
Faz exatamente duas horas que estou aqui na sala de espera e nada.
Vejo meu tio Rodrigo vindo em minha direção.
— E ai tio, como está o garotinho. — Pergunto desesperado.
— Ele está estável, mas ele foi levado para a UTI, o caso dele é delicado Lucca, eu sinto muito.
— Mas ele vai sobreviver, né? — Pergunto com uma sensação estranha no peito, ela queima, só de imaginar aquele bebê sem vida me dá uma falta de ar.
— Estamos torcendo para isso. — Meu tio diz. — Você está bem? Você está meio pálido, senta aqui.
— Não quero sentar, quero ver o menino.
— Não sei se é possível Lucca, ele está na UTI, duvido alguém que não é da área da saúde, consiga entrar a essas horas.
— Eu vou ver o garotinho e quero ver quem vai impedir. — Falo já passando pela recepção.
— Senhor, você não pode entrar...— Uma moça diz, mas ultrapasso a porta dupla, vou seguindo as placas que indicam os lugares e rapidamente eu chego na UTI.
É um hospital pequeno, tem nada a ver com o hospital da família, então é mais fácil andar por aqui.
Posso não ser da área da saúde, mas sei que precisa higienizar as mãos e colocar uma roupa própria, o problema que eu não sei onde tem.
Vejo a enfermeira checando os pacientes, e vou jogar todo o meu charme para conseguir a informação.
— Olá boa noite! — Cumprimento com um sorriso galanteador, ainda bem que minha beleza ajuda. — Sabe, estou um pouco perdido , sou um médico bem atrapalhado, recebi um telefonema de emergência, um garotinho deu entrada, agora pouco e eu preciso vê-lo, você pode me mostrar qual leito ele está?
— Ah sim, ele está no 23. — Ela diz olhando o tablet, com certeza onde fica anotado tudo.
— Muito obrigado. A roupa...— Como é o nome da roupa, sei que tem um nome.
— Você quer dizer o EPI?
— Isso.. — O equipamento de proteção individual
— Eles ficam ali. — Ela me aponta o armário, mas me olha desconfiada. — Posso ver a sua carteirinha?
Merda, ela não acreditou que eu fosse um médico. Penso em um jeito de despistar ela, quando o meu tio põe a mão no meu ombro.
— Desculpa Suzy, esse meu interno é muito atrapalhado, de certo esqueceu a carteirinha de estudante de medicina. — Meu tio diz apertando meu ombro com força, claramente me castigando. — Mas não se preocupa, ele está comigo. — Meu tio diz e ambos sorrimos para a enfermeira, eu tentando esconder a dor que ele está me causando.
Quando ela nos deixa a sós, me viro para o meu tio e digo:
— Aí, doeu sabia?
— Ah cala a boca, você me coloca em cada roubada, eu tive que flertar com a recepcionista para ela não chamar os seguranças, seu tio Diego se visse ia comer meu fígado. — Meu tio resmunga e me entrega a roupa.
Eu coloco e ando até o leito do menino, ele está deitado na caminha, ligado a tantos tubos, ele tem uma sonda no nariz, ele está entubado, seus dois bracinhos estão correndo soro, o bip do monitor toca anunciando que a criança tem batimentos cardíacos.
Ele abre os olhinhos e me olha, chamo meu tio para ver, mas o garoto já está com os olhos fechados novamente.
— Lucca, impossível ele ter aberto os olhos, ele está em coma induzido. — Meu tio explica.
— Mas eu tenho certeza do que eu vi, ele abriu os olhos e me viu, tenho certeza. — Digo, pois ele me olhou e aqueceu o meu peito.
Fico alguns minutos, me despeço do garotinho e passo a mão na sua cabecinha, amanhã eu vou vir de novo.
Não o largarei até ele estar bem e protegido, longe de pessoas ruins.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Maria Izabel
quê bom ver ele protegendo a criança 😍
2023-12-04
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