Capítulo 17. Retratação

Jason estava furioso, chamou seu advogado, que pensou ser seu amigo e perguntou, sendo bem direto:

— O que você  estava pensando, quando falou da minha vida para aquela ordinária, Carlos?  

A fúria de Jason estava estampada em seu rosto e Carlos tremeu.

— Eu apenas conversei com ela, não sabia que iria publicar tudo aquilo.

— Sem essa, Carlos, ela não só publicou coisas particulares de um contrato que nem era meu, como foi ultra maliciosa. Você é meu advogado, devia guardar sigilo. Por quê você quis me ferrar, cara?

— Você é quem está se ferrando, comprando uma noiva, como se fosse mercadoria e ainda exigindo que seja virgem, isso não existe mais. É excesso de dinheiro? Então dá um pouco pra mim e para de fazer bobagem!

Carlos ficou irritado com as acusações do amigo e jogou para fora tudo que pensava daquela situação independente de ser seu advogado e não poder emitir suas opiniões.

— Você é um invejoso, Carlos. Eu estou com leucemia e preciso de um doador compatível e Laura nem sequer quis divisão de bens, não cobrou nada por isso. — disse com voz baixa e triste — Você está demitido e se abrir a boca para falar sobre isso com alguém, prometo que acabará na sarjeta.

Carlos percebeu a grande burrada que fez, julgou e condenou o amigo que mais o apoiou, tudo por inveja de seu sucesso.

— Desculpe, amigo, sinto muito. — desculpou-se e saiu de cabeça baixa.

Jason saiu logo em seguida e pegou o carro, dirigindo em direção a revista onde trabalha Karen. No caminho recebeu uma ligação do hospital, era o diretor narrando o que estava acontecendo e o que fizeram com Laura.

— Estou indo resolver isso, por favor cuide de minha noiva, pessoalmente ou fecho esse hospital. — falou furioso e desligou.

No hospital, o diretor utilizou o sistema de auto falantes, usado para casos de incêndio ou emergência e comunicou as ordens do presidente. 

Não demorou e os técnicos e enfermeiros da emergência, correram para ajudar Laura e Amanda, recebeu um pedido pelo zap e levou roupas para a amiga.

Ela tirou a roupa suja e vestiu a limpa, tomaria banho quando chegasse em casa. O próprio diretor, foi levá-la em casa. Os seguranças escoltaram eles até o carro e usaram spray de pimenta, para afastar os manifestantes que se aproximavam.

— Obrigada, diretor, desculpe toda essa confusão.

— Você tem sido uma excelente médica para esse hospital e toda essa confusão, não é culpa sua.

O diretor não quis dizer a ela que estava atendendo a uma ordem do presidente. Ele mesmo, nunca faria esse tipo de coisa, pois sempre delega esta função a um subalterno.

— Sei que essa não é a sua função, normalmente teria mandado outro, mas provavelmente, o presidente mandou-o cuidar diretamente de mim.

— Eu não queria usar estas palavras, para não magoá-la, mas é isto mesmo.

— Está tudo bem, eu aceitei casar com ele, então tenho que aguentar.

— Já que a doutora tocou no assunto, assinou mesmo um contrato com ele?

— Um contrato pré nupcial, como todos os ricaços fazem para se precaver e não, não estou recebendo nada por isso.

— Então, não quero estar na pele de quem espalhou essa calúnia. Me perdoe, pois cheguei a acreditar que você realmente tivesse… você sabe.

— Me vendido? Não, na verdade, fiquei com pena dele e resolvi ajudar, será uma ótima experiência para mim.

O diretor estacionou na garagem e olhou para ela, intrigado:

— Sempre achei você muito dedicada, mas não pensei que fosse tão abnegada e consentisse em fazer algo assim. Tem minha total admiração e pode contar comigo para o que for.

— Obrigada, diretor, mas por favor, mantenha entre nós essa conversa, as pessoas não entendem mais o que é fazer o bem, sem olhar a quem.

Ela desceu e chegou em seu apartamento, seguiu direto para o banheiro e tomou um longo banho, para tirar o cheiro de ovo. Depois que se vestiu, aproveitou, deitou e dormiu, deixando que o mundo se resolvesse com o mundo.

Enquanto isso, Jason chegou a revista e foi direto para o andar onde trabalhava Karen. Saiu do elevador e o silêncio denunciou que alguém importante chegou. 

Karen estava distraída, contemplando o número de visualizações e a quantidade de comentários que estava tendo, pois a cada minuto aumentava. Sorria sozinha, até que percebeu que alguém parou ao seu lado.

— Olá, Karen.

Ela ergueu a cabeça e olhando para a face de gelo do homem, apavorou-se.

Levantou, encarando e respondeu:

— Oi, Jason.

— Para você, é senhor Willis. Você esqueceu quem te colocou aqui, Karen.

Ela engoliu em seco e começou a se justificar, pois sabia muito bem o porquê dele estar ali.

— Tudo que publiquei, veio de fonte fidedigna, não inventei nada.

— A fonte fidedigna já foi demitido e o que você publicou, é fake news, não preciso lhe dar satisfação, mas vou contar para que você entenda o crime que cometeu. Estou me casando com Laura porque conheci ela no hospital e me encantei, fizemos um contrato pré-nupcial e foi só isso.

— Mas minha fonte disse que viu o contrato.

— E você ainda está questionando? Minha noiva é uma médica e está sendo prejudicada no hospital, assim como vários pacientes, por causa da sua irresponsabilidade e você ainda quer discutir a veracidade do que falo sobre minha vida pessoal? Está demitida, esta revista faz parte do grupo Willis e se depender de mim, nunca mais você trabalhará como jornalista.

Se virou e saiu, ligou para a empresa de advocacia, solicitando outro advogado. Foi à delegacia e o novo advogado chegou logo depois. Fizeram um boletim de ocorrência, com a denúncia de invasão de privacidade, calúnia e difamação.

Estava feito. Seu assessor já havia mandado retirar o vídeo de karen do ar e no lugar, colocaram um aviso de fake news, com a ameaça  de punição a quem continuasse a compartilhar o vídeo mentiroso.

Infelizmente não mudaria o que Laura passou e o prejuízo a sua reputação e trabalho, talvez ela desistisse de casar, pensou ele.

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