Capítulo 6. Expectativas

Jason trabalhou o restante do dia no automático. Seu pensamento voltava, constantemente, para sua noiva. Compraria um belo anel para ela. Franziu a testa, pensando na simplicidade dela e decidiu que, mesmo com a separação de bens, daria a ela tudo o que necessitasse.

Compraria roupas, calçados, jóias e lhe daria um cartão de crédito sem limites. Achou ela um pouco descuidada da aparência, com um cabelo sem corte, sempre preso, sem  maquiagem e roupas muito simples e baratas.

Ela era bonitinha e talvez melhorasse muito, se se arrumasse melhor. Seria necessário uma transformação, já que ela seria sua esposa e tinha uma reputação a zelar.

Surpreendeu-se por estar feliz com o arranjo. Tinha as provas de sua pureza e fertilidade, o que lhe dava a certeza de logo atingir seu objetivo.

Terminou o expediente, usou o banheiro do escritório para se arrumar e saiu para buscá-la.

Enviou uma mensagem, avisando que estava chegando e encontrou-a esperando na calçada. Observou-a mais uma vez e confirmou que ela estava arrumadinha, mas não elegante e suas roupas eram bem baratas.

Ela entrou e ele foi para o centro, para sua joalheria preferida, a qual pediu que o esperassem. 

— Boa noite, para onde vamos?

— A joalheria que estou habituado a comprar, é  no centro.

— Pediu que nos esperassem? — Intuiu ela.

— Sim, o dono é meu parceiro de negócios.

Chegaram e o atendente estava na porta esperando e abriu-lhes a porta, fechando após eles. Foram levados a uma sala especial e vários itens, já estavam separados. 

Ele olhou tudo com atenção e escolheu um solitário, como anel de noivado, pegou a mão 

dela e colocou o anel.

— Gostou, ou prefere outro? -— sorria ele, entusiasmado, pensando que a agradaria.

Ela esticou a mão e achou a pedra muito grande em seus dedos delicados e o tirou. Olhou para ele com timidez e perguntou:

— Posso escolher?

Ele ficou um pouco desapontado, pensou que conhecesse o gosto das mulheres, mas não daquela, que depois de olhar todos os anéis, pegou um que tinha um brilhante cor de rosa, cercado de outros pequenos brilhantes a sua volta.

— Excelente escolha, senhorita. O brilhante cor de rosa é o mais exclusivo e cobiçado de nossa joalheria. — disse o atendente e passou o anel para Jason.

Jason ficou absorto com a escolha dela, não sabia se foi premeditado ou se ela não sabia mesmo, que era um dos anéis mais caros do mostruário. Colocou no dedo dela e ficou perfeito, sorriu, ela tinha muito bom gosto.

— Ficou perfeito! — disse ele.

Ela esticou a mão e contemplou o efeito e ficou satisfeita com o efeito luminoso das pedras.

— Sim, gostei muito, pode ser esse? — perguntou ela  ainda encabulada.

— É seu. — virou–se para o atendente — faz parte de alguma coleção.

— Sim, senhor, vou pegá-la, está no cofre.

Ele saiu e Laura ficou preocupada, pois pareciam jóias caríssimas,as não falou nada, até ver o que ele iria fazer.

As joias chegaram e foram postas à frente deles. Havia um conjunto de colar de pequenos brilhantes e uma gota de brilhante cor de rosa, pendurada no centro, tudo engatado com ouro branco, com um par de brincos de gotas, combinando. Ainda havia uma pulseira, um broche e uma presilha de cabelo.

— Nossa, quanta coisa. — sussurrou ela, lembrando das noites em que sua mãe se arrumava e podia ver suas jóias, tão lindas quanto essas.

— Parece que você gostou. — disse ele, interpretando de forma errônea, o brilho nos olhos dela.

— Sim são lindas e delicadas, só não as quero para mim.

Jason tomou um susto, como assim, ela não queria?

— Qual o problema?

— Para que comprar algo que não irei usar?

— Claro que irá usar! Como minha esposa, iremos a muitos jantares e festas e em todos os eventos, as mulheres estão sempre muito elegantes e as jóias fazem parte.

— Desculpe, esqueci desse detalhe. Faça como quiser, então. — sorriu sem graça, por ter esquecido da vida social de seu futuro marido.

— Vou levar tudo, afinal, é um investimento. — sorriu — agora quero ver as alianças de casamento. Como você quer que sejam Laura?

— Tradicionais, grossas e abalroadas, de ouro amarelo.

— Vejo que sua noiva tem bom gosto, senhor. — pegou de sob o balcão, a bandeja de alianças e retirou um par e deu a Jason.

Ele olhou e achou-as simples e bonitas, mas com largura suficiente para mostrar que era um homem casado. Deu a menor a ela para que experimentasse, pois ainda não era o momento dele colocá-la e ela gostou da aliança em sua mão, sorrindo abertamente.

Ele ficou encantado com o sorriso que aformoseou seu rosto.

— Linda! — falou olhando para ela e o atendente suspirou, achando-os fofos.

Ele resolveu ficar com aquele par e pediu que enviasse as jóias e a conta para o escritório, não cometeria a indelicadeza de pagar na frente dela e correr o risco dela ver o valor.

— Vamos?

— Sim. — respondeu ela, um pouco desligada, pois viu um par de abotoaduras de que gostou e resolveu voltar depois e comprar para ele.

Saíram da loja e seguiram andando até outra loja que os estava esperando. O porteiro abriu a porta e Laura se espantou:

— O que fazemos aqui?

— Pedi que separassem alguns modelos para você, não sei se tem tido oportunidade de comprar roupas adequadas. — falou, medindo-a de cima a baixo.

Ela sentiu-se mal, mas nos últimos anos, não pode se dar ao luxo de manter o padrão de vida que sua família tinha, antes do falecimento de sua mãe, mas não  falaria isso para ele e abaixou a cabeça, sem dizer nada.

Houve um desfile e ele escolheu as peças que queria, separaram em uma arara e ela foi experimentar. Ao entrar no provador, sem querer, ouviu duas funcionárias conversando.

— Esses homens ricos adoram fazer o papel de Pigmalião.

— Mas com essa aí, vai ser difícil. Ela parece uma pobretona sem classe.

Contudo, elas não sabiam que a " pobretona", era, na verdade, uma milionária. Laura sorriu e saiu do provador, mostrando-se para as duas maledicentes, pronta para uma aula.

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