Capítulo 14. Encontro Inesperado

Jason recebeu um telefonema e ao ver quem era, quase não atendeu, mas achou melhor ver o que Leda queria.

— O que é Leda?

— Puxa, que grosseria! Afinal de contas, eu fui sua noiva, dormimos juntos e depois você me tratou como uma cadela, eu acho que merecia, pelo menos, um agrado.

— Esqueceu que me traiu, Leda?

Ele estava perto de perder a paciência e mandá-la para o inferno, mas resolveu dar linha a cobra.

— O que você quer, Leda?

— Eu estou no shopping e gostei muito de algo que vi na vitrine, que tap você vir aqui e comprar para mim, prometo que nunca mais te perturbo.

— Diga o valor, que te faço um pix.

— Você não entendeu, carinho. Eu quero que você compre pra mim. É só isso que te peço, para depois te deixar em paz.

— Está bem, mas não quero mais saber de você.

— Te espero. — disse ela, o nome do shopping e ficou esperando.

Toda hora Leda olhava a hora no relógio e quando ele chegou, ela levou-o a uma joalheria e pediu uma pulseira delicada, com pequenos brilhantes e uma correntinha onde tinha pendurada uma borboletinha de turquesa. Ele não se incomodou de comprá-la, pois nem era tão cara.

— Satisfeita agora.

— Quase, quero um daqueles bolos que você sempre levava para mim.

Ele olhou para ela, fazendo uma careta de desgosto, mas foi só para se ver livre dela. Ela passou a mão e segurou seu braço, andando pelo shopping como um casal que foi às compras, tudo controlado no relógio.

Laura estava com Margô e Amanda, saindo do cinema e resolveram ir à praça de alimentação, para comerem antes de ir para casa. Entraram na praça de alimentação e escolheram seus lanches. Já estavam comendo, quando Amanda avistou Jason entrando na praça, com uma piriguete a tiracolo.

— Olha aquilo, Laura. — alertou Amanda.

— O quê? — virou-se para olhar e identificou o casal.

— Mas se não é Leda, aprontando das suas? Eu a vi antes de entrarmos no cinema. — disse Margô, intuindo a tramoia da outra.

— Vamos fingir que não vimos. — disse Laura — a melhor forma de desbancá-la, é não caindo em sua cilada.

— Duvido que ela deixe por isso mesmo, aquela ali, é uma cobra. Desculpe, querida, ela é sua irmã, mas tem a índole completamente diferente da sua.

Não  tinha como Jason não ver o trio e na mesma hora, entendeu a armadilha de Leda e virando-se para ela, falou:

— A loja é aquela, toma, vai comprar e adeus. — deu a ela uma nota, tirou a mão dela de seu braço, como se sentisse nojo e se distanciou para o outro lado, indo na direção oposta.

Leda ficou com tanta raiva, que quicou no lugar e olhando para o trio, viu que elas nem tinham visto ela com Jason, então, se deu por vencida e foi embora. Jason ficou escondido e depois que ela se foi, comprou alguns doces e tortas e levou para o trio.

— Boa noite, meninas! Que tal uns doces? — perguntou, colocando a caixa na mesa.

— Que surpresa, você estava no shopping?

— Uma pessoa impertinente me atraiu até aqui, mas assim que vi vocês, despachei-a e vim vê-las. Adoro encontros surpresas.

As três deram risada, pois entenderam perfeitamente o que aconteceu. Mas Leda  ficou tão enraivecida, que não aguentou e voltou para dizer uns desaforos para sua irmã e quando viu Jason sentado à mesa com elas, quase surtou. Se aproximou e gritou:

— Sua sem vergonha, ladra de homem, vadia ordinária, acha que é melhor do que eu? Olha o que ele acabou de comprar para mim?

Laura ficou olhando para a irmã, com a expressão fria de quem olha para uma pessoa louca.

— Comporte-se, Ledinha, você não está em sua casa. — ordenou Margô.

— Ah? Não acredito, então você nos abandonou para ficar com ela, sua traíra?!  — esticou as mãos para agarrar os cabelos de Margô, mas Jason se levantou e segurou-a, chamando os seguranças.

— Pare com isso, Leda. Você, e só você, é culpada pelo seu infortúnio.

— E você ainda defende ela? Ela me roubou você! — gritou ela e os seguranças que chegaram, viram que ela estava descontrolada e chamaram o médico de plantão do shopping. 

Eles falaram brandamente com ela, tentando ganhar tempo para o médico chegar, mas ela gritou mais alto e queria bater em todo mundo. Eles não  tiveram outra opção, se não a imobilizar, o médico chegou trazendo uma seringa e injetou nela um potente calmante, que a apagou.

Jason passou para eles o nome e número de telefone do pai dela e uma clínica foi acionada e levou-a.

— Sinto muito por presenciarem isso. — disse Jason.

— Está tudo bem, Jason, minha irmã está descontrolada mesmo, difícil será  para meu pai arcar com essa despesa.

— Não se preocupe, cuidarei disso.

— Gostaria de ser orgulhosa e dizer, não se preocupe, mas não posso, não tenho condições de arcar com essa despesa, agora.

Ele olhou para ela com carinho e segurou em sua mão, a consolou:

— Não fique assim, também é responsabilidade minha, pense só no nosso casamento. Vamos esquecer tudo isso e comer nossos doces, está bem? — sorriu, o ambiente descontraiu e Margô e Amanda estavam quase suspirando, ao ver aquela cena.

Comeram e conversaram, felizes, ele fez a clássica cena de, ao ver o canto dos lábios de Laura sujo de glacê, limpá-lo com uma lambida. Vê-la envergonhada e ficando vermelha, foi seu maior prazer, enquanto as outras riam.

Terminaram a noite com ele deixando-as em casa, em frente ao elevador e conforme fez na noite anterior, abriu a porta e ajudou-a a descer, puxou-a para seus braços e repetiu o beijo, cheio de paixão.

Dessa vez, ela afastou-se rápido, com vergonha das amigas e correu para o elevador, mas ele gostou muito de a ver envergonhada.

Foi para casa, feliz e imaginava o que faria para beijá-la no dia seguinte. Pela primeira vez sentia vontade de conquistar uma mulher.

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