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...RACHEL...

A mesma mulher que eu vi naquele dia que assinei o contrato com Dante, está diante de mim agora. Engoli em seco, apertando ainda mais Bella em meu colo. Seus olhos avaliadores percorrem meu corpo inteiro, até parar em meus olhos novamente.

— Mãe, você já a conheceu naquele dia na empresa. Essa é Rachel Karolline, minha noiva — ele fala, pegando Bella do meu colo para que eu possa cumprimentar sua mãe.

— Então você é a mãe da Bella?— assinto — Há quanto tempo vocês estão juntos?

— Um ano e oito meses.

— Quanto tempo de noivado?

— Dois meses.

Ele respondeu tudo imediatamente, como se fosse real. Não questionei ou demonstrei espanto, pois eu deveria ter me atentado a esses detalhes, assim como ele se atentou.

— Enfim, vamos jantar primeiro, depois faremos as perguntas.

Dante me olhou como se me desse forças somente com os olhos. Então começamos a acompanhar a mãe dele até uma sala de jantar enorme e muito, mas muito linda. Os lustres enormes no teto, a longa mesa de jantar feita de madeira escura, com uma fina camada de vidro temperado e muito transparente por cima. Mas somente uma parte da mesa está com os talheres.

Meu chefe me guia até uma cadeira ao lado de uma cadeira de bebê, então coloquei Bella na cadeira e sentei no meu lugar, e logo ele fez o mesmo, assim como seus pais, a Barbie da vida real, um homem que eu acho que seja o marido dela, e duas crianças, uma que parece ter oito anos e a outra cinco, que eu suponho serem os filhos deles, por conta do quão parecidos eles são.

A minha sorte em fingir ser a mãe da Bella é que ela é levemente parecida comigo, e não tão com a Michelle, já que a única coisa em comum são os cabelos loiros, no entanto, a senhora Williams pintou o cabelo.

Vários funcionários começaram a nos servir, e confesso que me senti muito incomodada, era como se eu fosse a intrusa ali(e realmente eu sou). O pai de Dante está na ponta da mesa, mas seus olhos parecem analisar até a minha alma.

Saio dos meus devaneios e percebo que meu prato está quase que lotado de comida, gente, eu achava que rico comia pouco, mas colocaram muita comida no meu prato, um pedaço de cada coisa que está na mesa.

Dante percebe meu espanto, e parece ter percebido que eu jamais comeria toda essa comida, talvez em três ou quatro dias(fazendo muitas pausas!). Ok, talvez eu possa estar ampliando a situação, no entanto, é que eu não costumo comer muita coisa, então para mim é muito.

— Não precisa comer tudo, amor. É que eles não sabem do que você gosta, então colocaram um pedaço de cada coisa. Se não quiser, deixe no prato — ele sussurrou para mim.

— Tá.

Olho para o lado e vejo que colocaram um pouco de arroz, feijão e uma carne de panela desfiada e um pouco mole para Bella comer. Ela está se acostumando com algumas comidas, mas percebi que é um pouco fresca, gosta mais das sobremesas, que em sua maioria são frutas sem muito açúcar.

Lhe dou a pequena colher que está ao lado de seu prato e coloco um pouco da comida, fazendo Bella pegar a talher da minha mão e começar a comer.

Após isso também começo a comer pequenas coisas que estão em meu prato, e parece que eles perceberam.

— Coma mais, Rachel — a Barbie da vida real fala, olhando para mim junto com todos os outros.

— Eu não costumo comer muito — respondo, deixando os talheres apoiados no prato, pois não consigo comer quando tem alguém olhando para mim.

— Será?— o senhor Armani, pai do Dante, dispara, parecendo me estrangular com somente um olhar — As pessoas das classes mais baixas costumam comer muito, o que é bem diferente de nós.

A arrogância em sua voz era notável. Ok, realmente nós aproveitamos muito mais as comidas do que os ricos, mas eles fizeram tamanho banquete para jogar tudo fora? E qual o problema de eu ser pobre(tá, com o salário que o senhor Armani me paga, eu estou na classe média, mas mesmo assim) e comer menos?

Dante colocou os talheres com certa brutalidade no prato, e logo senti uma mão encostar em minha coxa, e percebo que é ele, que está fitando o pai com um olhar sombrio.

— Caralho! Eu sabia que isso iria acontecer — bufou, quase cuspindo as palavras.

— Tem criança na mesa, meu irmão!

— Exatamente, tem crianças na mesa, no entanto, parece que nosso adorável pai não liga se as crianças vão ouvir e se inspirar no que ele fala.

As crianças encaram todos sem saber o que falar, só continuam comendo como se nada estivesse acontecendo. Olho para o homem ao meu lado para que ele não se importasse tanto com essas palavras.

— Está tudo bem, Dante.

— Não, não está nada bem. Mãe, será que precisamos lembrar quem é a pessoa que não tinha nada além de um emprego que pagava uns quatro mil antes de te conhecer? A pessoa que só conseguiu tudo que tem por ter casado com a senhora? A pessoa que era um ninguém e fez o dinheiro subir a cabeça e começar a se achar superior dos outros... Sinceramente, se for para conviver com pessoas assim, eu jamais voltarei. A empresa está nas minhas mãos e o futuro dela também, todavia, eu não quero que a minha filha conviva em um lugar desprezível como esse.

Dante ameaçou levantar, mas sua mãe, que está com o rosto pálido, resolveu se pronunciar.

— Não, filho. Volte a se sentar — ele fez o que ela falou.— Querido, ele está certo. Não somos pessoas que menosprezam os outros, no que você está pensando?

— Ele vai jogar nosso nome na lama!

— Por se casar com alguém que não é de família rica? Pelo amor, Theodoro! Se for por isso, eu joguei nosso nome na lama. Diferente de você, meu pai não se importou com a sua condição financeira, parece que ele era mais cabeça aberta que você.

— Não é por ela não ser de família rica, mas por ter um passado comprometedor.

— Como assim?— meu chefe questionou.

— Entre!— exclamou.

Logo, a porta é aberta. No momento em que olho para o local vejo o homem que estragou a minha vida, me fez ser insegura, me fez não querer um relacionamento... Henrique.

— Senhor Moura, o senhor conhece a senhorita Silva?

— Muito bem.

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