15

...RACHEL...

— Senhor Armani, deixe que eu cuido dela!— exclamo, saindo da cozinha após pegar meu celular em cima da bancada.

Corro sem ver muito por onde eu olhava, até que bati de frente com um tronco firme. Perco meu equilíbrio, mas uma mão me segura antes mesmo de meu corpo pender para trás. Sinto o cheiro masculino do perfume caro que a pessoa usava, e logo reconheço que é Dante.

— Olhe para onde anda, Princesa — disse, me colocando firmemente no chão.

— Hmmm... Senhor Armani, deixa que eu cuido da Bella.

— Ok — ele me entrega a menina, que levanta os braços para eu a pegar.

— Oi, meu amorzinho.

— Mamãe, queo mamá — disse, e dessa vez sua dicção foi muito boa, tanto que não me segurei em beijar sua bochecha, o que a fez rir.

— Tá bom, meu amor — olho para o senhor Armani.— Me dá a mamadeira dela.

Ele me entrega, mas fica me encarando enquanto eu dou o leite para a neném.

— O que foi?— pergunto, assim que restava pouco do leite na mamadeira.

— Quero algo em troca.

— O quê?

— Que você fale que gosta de mim — que homem emocionado!

— Eu gosto de você...— um sorriso malicioso se forma em seus lábios — como meu chefe, já que é você quem paga meu salário.

— Vou te mostrar o que é ser seu chefe — disse, se aproximando de mim e tirando o celular da minha mão.— Não precisaremos de testemunhas — desligou a ligação com a Beatrice, e guardou o meu celular em seu bolso.

— Bella, que bom que você tomou todo o leite rápido. Vamos, vou te colocar para dormir. Coloca na pia para mim, senhor Armani?— falei, lhe entregando a mamadeira da Bella.

Enfim, enquanto ele ainda está assimilando tudo que eu falei agora, passo por seu lado e começo a subir as escadas, para ir até o meu quarto, já que Bella não irá dormir agora, então vou trocar de roupa para brincar com ela.

Abro a porta do quarto e acendo a luz, no momento em que olho para minha frente, vejo a silhueta de alguém que eu não queria ver nunca mais. Henrique Moura.

— O que você está fazendo aqui?

— Então foi aqui que você se escondeu, Rachel? Demorou, mas eu te encontrei. Já te falei que não importa onde você vá, eu sempre irei te encontrar.

Recuo três passos, mas ele me alcança em dois longos passos. Meu coração começou a disparar e minhas veias pulsaram, isso não é por nenhum sentimento, é de medo. Comecei a entrar em modo defensiva novamente. No entanto, meu corpo paralisou e comecei a relembrar tudo que passei com ele... Minha clavícula começou a doer de modo insuportável, como naquele dia, do ano passado, em que... esquece, Rachel. Tente esquecer!

— Senhor Moura, por favor, essa casa não é minha. O senhor estará encrencado se o dono vê-lo aqui.

— Rachel, você não entende que isso não me importa? Eu só quero você, mais ninguém — respondeu, tentando encostar em mim, mas como achei que iria encostar na Bella, recuei, conseguindo me livrar da paralisação.— Você conseguiu fugir de mim por um ano, um ano inteiro! Você tem ideia do quanto eu te procurei? Mas agora não vou deixar passar, não vou te deixar ir. VOCÊ É MINHA E DE MAIS NINGUÉM!

Tento dar mais um passo para trás, entretanto, meu corpo encostou em algo firme e alto, Dante. Suspirei aliviada quando um dos seus braços envolveu meu corpo, me protegendo com o outro.

— Invasão de propriedade é crime, senhor — começou, e sua voz grossa e firme fez Henrique estremecer.— O senhor não sairá daqui impune disso. E é melhor esquecer a minha noiva, ela o deixou há muito tempo! Entenda, porra!— ele se coloca na minha frente, me soltando. Se aproximou tanto de Henrique, que em um piscar de olhos, estava segurando o pescoço dele.— Pensa que eu não o vi perseguindo-a todo esse tempo? Na empresa. No evento. E aqui na nossa casa durante todo o mês!

— Me solta!— esbravejou com dificuldade, por estar com seu pescoço no aperto de Dante.

— O senhor irá acompanhar os meus seguranças até fora de casa e depois vá para a puta que pariu, entendeu?!

— S-sim.— Seu rosto estava ficando roxo, então o senhor Armani o soltou.

— Podem vir tirá-lo daqui.

Dois seguranças enormes e musculosos, vestidos de terno preto, muito bem cortado, passam por mim, indo até Henrique.

Dante se aproximou de mim e tampou meus olhos com uma das mãos, movendo, com a outra mão, a minha, para cobrir os olhos de Bella, que está sem entender a situação. Só consegui ouvir alguns barulhos de chutes e um tiro, sendo seguidos de um berro de dor. Aperto meus olhos, até ouvir a porta fechar atrás de nós.

O senhor Armani tira a mão dos meus olhos. Analiso todo o quarto, mas não há resquício algum de sangue. Será que mataram o Henrique?

— O que fizeram?

— Ele vai andar mancando pelo resto da vida — respondeu, simplesmente.

— Por que você os mandou fazerem isso?— perguntei, mas logo parei para pensar... Não me importa como ele está, Henrique merece sofrer muito. Dante pareceu procurar algo para tentar se defender, no entanto, o impedi.— Esquece. Pouco me importa ele.

— Rachel, se ele voltar a te seguir, me avise.

— Por quê?

— Porque eu não irei aguentar ou me segurar se esse ser humano ousar tocar em você novamente.

Solucei, e só então percebi que algumas lágrimas se formavam em meus olhos. O susto e o medo devem ter me feito chorar. Ele se aproxima de mim, limpando as lágrimas. Seus dedos são macios e me trouxeram uma paz que eu procurava durante todo esse ano... uma paz que não tenho desde que Henrique me fez tanto mal que eu terminei com ele.

— Te ver chorar assim me corta o coração, Rachel. Da próxima vez que esse filha da puta chegar perto de você, juro que o matarei, não importa como.

— Dante, posso te pedir uma coisa?— seus olhos brilharam, e tenho certeza que deve ser por eu tê-lo chamado pelo nome, não de senhor Armani.

— Qualquer coisa.

— Você pode não me chamar de Princesa? É que ele me chamava assim e... eu estou confusa. Entenda, não é que eu não o ache atraente ou coisa do tipo...— vou até a minha cama e coloco Bella em cima dela, voltando para falar com seu pai.— ou que eu queira voltar com o Henrique... Minha cabeça está muito confusa. Eu ainda não confio totalmente em você.

— Amor, não fique com alguém que só te chama de Princesa, fique com alguém que te trate como uma.

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