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Coloco Bella no sofá que está atrás de nós, depois volto para a frente da mesa do senhor Armani, sentando na poltrona. Ele me entrega uma caneta, então começo a assinar os dois contratos. Os valores das multas são bem altos, mas não irei descumprir nenhum.

Entretanto, quando o senhor Armani está assinando o último contrato, ouço o barulho de algo caindo, levanto rapidamente e Bella começa a chorar. Quando vejo, ela tinha caído do sofá.

— Oh, meu amor...— Me abaixo e pego Bella em meu colo.— Está tudo bem, não machucou...

Volto para a poltrona, acalmando a menor no meu colo. Aos poucos ela vai parando de chorar e fica brincando com meu cabelo. Olho para o senhor Armani, vendo que ele nos encara pensativo.

— A senhorita está estimulando Bella a falar?

— Eu fico conversando com ela, mas não a vi falando ou a estimulei ainda.

— É melhor fazer isso.

Reviro os olhos, cansando do jeito autoritário dele. Em momento algum ele demonstrou uma preocupação com o choro da Bella. Que tipo de pai é esse?

— Ma... mãe. Mamãe — Bella balbuciou.

— Bella, repete.

— Mamãe — ela aponta para mim — e papai — aponta para Dante.

— Não, Bella. Eu n...— o senhor Armani interrompe minha fala.

— Se ela quer te chamar assim, apenas deixe.

— Mas...— me interrompe novamente.

— Rachel Karolline, minha filha jamais chamou alguém de mãe e nunca gostou de nenhuma babá.

— Também, pelo que eu vi aqui, ele transa com a primeira mulher que vê, deve ter sido assim com as babás também.

— Como é?!— ele quase grita comigo.

Ah, não... Tinha que ser eu para falar o que eu penso. Não era para ter falado!

— Senhorita Silva — Dante levanta, vindo até mim e se apoia segurando os braços da poltrona. Recuo mais, olhando somente para Bella, entretanto, ele segura na ponta do meu queixo e levanta minha cabeça para que eu o olhe.— Senhorita Silva, qual é a visão que a senhorita tem de mim?

— Posso falar mesmo? O senhor tem certeza?

— Pode. Quero que seja franca comigo.

— Tá bom. Minha primeira impressão do senhor foi que o senhor não se importa com a Bella, nunca parou para olhá-la ou passar um tempo com sua filha, por isso contrata pessoas para substituírem sua presença.

— Entendi. E quanto a minha aparência?

— Normal. Mas você é feio para mim, pois não tem um pingo de caráter.

— Por que a senhorita acha isso?

— Porque mesmo sabendo que eu estaria aqui para assinar o contrato *junto* com a *sua filha*, o senhor estava com uma mulher aqui. Não peço que pare de pegar as mulheres, pois para mim isso não importa, é a sua vida, o senhor faz o que quiser dela. Mas peço que, em respeito à Bella, o senhor pelo menos tente esconder da sua filha.

Seu olhar escurece e vejo um brilho diferente, como se fosse de curiosidade. Logo, a porta do escritório dele abre. Não consigo ver quem é, pois o senhor Armani está na minha frente.

— Senhor Arman...

— O que foi, Georgia?

— Sua mãe está na recepção, querendo conversar com o senhor.

— Estou ocupado. Mande-a voltar outra hora. E aprenda a bater na porra da porta.

— Okay. Desculpa, senhor.

A porta fecha e Dante continua me olhando.

— Acho que a senhorita tem uma visão muito distorcida de mim — indaga. Tampo os ouvidos de Bella para que ela não ouça a conversa e devolvo sua chupeta.

— Pelo contrário, senhor Armani. Sei exatamente o tipo de homem que o senhor é. Foi só pesquisar o seu nome e pude ver os milhares de tablóides que seu nome está.

— A senhorita é muito destemida, senhorita Silva. Eu posso te demitir a qualquer momento por esses confrontos.

— Vá em frente, senhor Armani, e traumatize ainda mais a sua filha. Até que ela cresça e vire uma adolescente problemática. É isso que o senhor quer?

— Você não é ninguém para opinar sobre a minha vida ou como eu trato a minha filha!

— Parágrafo nono da terceira cláusula diz: o CONTRATANTE declara que jamais deverá negligenciar algo que a CONTRATADA falar em relação à sua filha. Está lembrado, senhor Armani?— Ele segura meu queixo, retiro sua mão e volto a tampar os ouvidos de Bella.

— Com toda essa afronta, a senhorita perdeu o direito do fim de semana de folga desse mês.— O quê? Ele que pediu para eu ser franca. Que injustiça!

— Ok, senhor Armani, realmente, será melhor para Bella que eu fique mais tempo com ela — respondo, sem medir minhas palavras.

— Perdeu o direito do fim de semana do mês que vem também. E aí? Vai continuar me confrontando, senhorita Silva?

— O senhor que pediu para eu falar o que penso! Aí eu sofro as consequências?

— Perdeu a folga do outro mês também. Continue, senhorita Silva, será divertido retirar as suas folgas até a senhorita não ter mais nenhuma. Creio, que possamos continuar nisso o dia inteiro.

— Por que o senhor não me demite se não quer que eu o confronte?

— Porque não quero perder tempo procurando outra babá. E Bella se acostumou contigo.

— Ah, então o senhor pensa na sua filha? Que milagre!

— Perdeu a folga dos próximos quatro meses, senhorita Silva. Tem certeza que vai continuar com isso?

Tiro minhas mãos dos ouvidos de Bella e vejo o horário no meu relógio. São 12h24, daqui a pouco será o horário que Bella irá almoçar.

— Olha a hora, senhor Armani. Bella tem que almoçar, não quero estragar a rotina dela. Agora, se me der licença — o afasto de perto de mim, me levantando, mas quando olho para a porta, paraliso. Há uma mulher de cabelo preto, aparenta ter quarenta anos, mesmo que eu tenha a impressão que ela seja mais velha. Ela me encara com um sorriso de lado e percebo que ouviu nossa conversa.

— Mãe?— Dante indaga. O quê? É a mãe dele?

— Era com isso que você estava ocupado, Dante?— a mulher me olha, vindo até mim. Bella pega uma mecha do meu cabelo e começa a brincar com ele.— É a nova babá da minha neta?

— Sim.

— A senhorita é muito bonita, mas está muito magra, não acha?

— Não...

— Gostei dela, filho. É diferente das outras babás. Bom, eu vim aqui porque quando estive na sua casa, Elizabeth me falou que Bella estava aqui com a babá. Quero levá-la para passear. Posso?— olho para o senhor Armani, que assentiu.

A mãe dele pega Bella do meu colo, mas a bebê começa a chorar e sua chupeta caiu no chão. Abaixo para pegar e continuo olhando a cena, por que ela está chorando?

— O que houve, Bella?

— Faz ela parar de chorar, Rachel! Você é a babá!— senhor Armani exclama.

— Quando outras pessoas estão com a Bella eu terei tipo que uma folga, né? Então posso buscar minhas coisas enquanto a senhora Armani está com a Bella.

— Suas coisas já estão na minha casa.

— O quê?! Com permissão de quem?— ele dá de ombros.

Bella aumentou ainda mais o choro, então paro de dar atenção ao seu pai e a pego no colo, o que a fez parar de chorar instantaneamente. Acho que agora todos entendemos que Bella não quer sair de perto de mim.

— Acho que seu plano não será possível, Rachel Karolline. Minha filha parece ter gostado muito de você — senhor Armani fala, se aproximando de mim.— Não adianta querer tanto a sua folga, você já perdeu esse direito nesse mês e pelos próximos quatro.

Reviro os olhos. Bella começa a rir e a balbuciar outras palavras.

— Está perto do horário de almoço da Bella, senhora Armani. Depois que ela almoçar, a senhora vai querer levá-la para passear?

— Não. Já estou vendo que mesmo se eu quisesse ela não iria vir comigo. Filho, podemos conversar?

— Claro, mãe.

Me retiro da sala sem demora alguma. Dante Armani quer me provocar, disso eu tenho total certeza. Sei que fui muito não profissional com ele agora há pouco, e percebo que vou ter que começar a controlar ainda mais a minha língua.

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