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...RACHEL...

Entrei em modo defensiva. Me aproximei mais de Dante, como quem queira marcar território, mesmo que ele tenha acabado de falar do casamento dela. Eu sabia que tinha alguma ex inclusa, não faria sentido eu ter que fingir ser noiva dele.

A mulher olha para minha mão, vendo os dois anéis. Depois voltou o olhar para meu chefe.

— Nossa, dessa vez você até personalizou as alianças — disse, ficando na minha frente.— Seus pais têm alguma empresa? De qual família você é?

Tranquei o meu maxilar, porém, quando abri minha boca para falar algo, o senhor Armani falou na minha frente.

— Vamos, meu amor, não tem motivo para falarmos com ela — apertou minha cintura, se preparando para me guiar para outro canto do local.— Senhora Williams, meus parabéns pelo casamento. Obrigado pelo convite.

Depois disso, Dante me arrastou dali, me levando até um canto do salão, onde ficamos só nós três por um tempo. A tal da senhora Williams está me encarando com uma expressão nada boa, e meu sexto sentido me alerta de que algo vai acontecer.

— Deixa que eu seguro a Bella — ele diz, a pegando do meu colo. Fico o olhando, esperando alguma resposta e o mesmo pareceu entender.— Ela é a mãe da Bella, no entanto, nunca se importou com ela e a abandonou no hospital quando deu a luz...— suspirou, olhando para a menina em seu colo, que está quase dormindo com a chupeta — Eu peguei a Bella e prometi que nunca deixaria que Michelle encostasse nela. Eu sei que você não tem uma boa impressão de mim, mas eu amo a minha filha, senão não teria todas aquelas áreas para ela na minha casa... porém, às vezes lembro da senhora Williams quando a vejo. Essa mulher fugiu quando fazia um dia que éramos noivos...

Nossa... Jamais pensei que alguém fosse capaz de fazer isso, ainda mais com ele. Dante é tudo que qualquer mulher quer(ok, nem tudo, pois é o maior mulherengo), e sei que o julguei demais. Não imagino o que eu faria no lugar dele.

— Eu não sabia...

— E como saberia? Você nem sabia meu nome direito. Enfim, ela fugiu de mim faz bem mais de um ano, mais ou menos quando ela estava grávida de umas três semanas. Ela nem deve saber que Bella é a filha dela, deve achar que é nossa filha.

— Mas como você ficou sabendo do nascimento da Bella?

— Ela avisou os médicos do hospital. Quando me ligaram eu saí no meio de uma reunião e fui correndo para lá, achei que ela iria querer voltar comigo, entretanto, só estava minha filha no berçário, sozinha, sem nenhuma mãe lhe dando atenção. Quando vi a Bella, algo em mim fez com que eu quisesse a proteger de tudo desse mundo, ela é linda e é minha filha... Esse foi um dos motivos do nome dela.

Impedi que uma lágrima escorresse dos meus olhos. Que história pesada ele tem, agora eu entendo o medo de relações sérias. Levanto a ponta do pé e coloco minha mão no seu maxilar, acariciando sua bochecha.

— Não se preocupe. É ela quem sai perdendo.

Notei um brilho diferente em seus olhos, um que nunca tinha visto antes. Nem imagino como deve ser essa dor, por mais que eu tenha passado por algo parecido.

Me pegando desprevenida, Dante deixa um leve selar em meus lábios. Paralisei. Eu deveria ter previsto, já que sou leitora, mas isso foi bem repentino.

— Rachel, por favor, eu não quero perder a minha filha ou deixá-la com o monstro que Michelle é. Por favor, finja que é a mãe dela. Sei que conversamos no carro para termos oito meses de relacionamento... Mas, por favor, finja que estamos juntos há um ano e oito meses, e que você deu à luz Bella com sete meses.

Dante não é de ficar falando "por favor", acho que deve estar desesperado mesmo. Olho para os lados e vejo que tem um casal vindo até nós.

— Okay.

— Papai, queo mamãe — Bella balbuciou, no colo de Dante. Quase sua chupeta cai no chão, então a tiro de sua boca, guardando na minha bolsa. Caso ela queira a chupeta eu pego a outra que está esterilizada na bolsa dela no carro.

— Ok, filha — respondeu, me entregando Bella. Não pudemos conversar mais, pois o casal nos cumprimentou.

~∆~

Meus pés estão pedindo socorro nessas botas, não aguento mais andar e tenho certeza que está fazendo bolhas. Nunca cumprimentei tanta gente e fui tão elogiada como hoje. Fora que acreditaram que Bella é nossa filha, e quando a tal da Michelle ouviu, não parou de me encarar.

Estou conversando com dois casais junto com Dante. Bella também está atenta na conversa, mas está no colo do seu pai agora. De repente, alguém tropeça atrás de mim, e sinto algo gelado em meu braço e vestido, já que retirei o casaco e Dante faz questão de segurá-lo.

— Você tá louca?!— meu falso noivo falou, para alguém atrás de mim.

— Desculpa, mil perdões, senhorita Silva — é aquela mulher. Inspiro e expiro lentamente, mantendo minha postura.

— Tudo bem. Acidentes acontecem — respondi, me virando e olhando nos seus olhos. Ela mudou de roupa, está com um vestido branco, quase igual ao meu.

— Michelle, minha filha, o que você fez?— o homem que foi o primeiro a nos cumprimentar, acho que é o senhor Bastos, falou, vindo até nós.— Mil perdões, senhorita Silva.

— Está tudo bem.

— Viu, papai, está tudo bem, não precisa brigar comigo. Fora que ela deve estar acostumada a vestir roupas manchadas, já que não é da mesma classe que nós — Michelle disse isso em um tom alto, já que todos prestavam atenção em nós, até mesmo os músicos pararam de tocar.— O senhor Armani só pode ser burro para se relacionar com alguém da laia dela, e que ainda aplicou o golpe da barriga com ele.

Começaram a cochichar, mas continuei fuzilando ela com os olhos. Que tipo de pessoa faria uma coisa dessa? Senti nojo na hora.

— Chega, Michelle! Não fale coisas assim para com o meu cliente VIP!— dessa vez o senhor Bastos gritou com a sua filha, que ficou paralisada, parece que nunca havia sido contrariada na vida.

Dante pegou minha mão e analisou o meu corpo e o vestido, vendo a mancha que ela fez. Logo, começou a me guiar para fora dali.

— Senhor Armani, já vai?

— Desculpe-me, senhor Bastos. Vamos marcar um dia para conversarmos, mas eu não fico no mesmo local que alguém tão baixa como a sua filha.

O velho que parece ter uns cinquenta anos, e é marido da Michelle, ficou quieto, como se não quisesse se intrometer em uma briga com meu noivo falso.

— Minha secretária irá falar com a sua, senhor Bastos.

— Ok, senhor Armani. Desculpe pelo transtorno.

A música voltou a tocar e abriram a porta para nós, então saímos dali. O vestido era tão lindo...

— Está bem, meu amor?

— Sim. Que mulher chata, não sei como você aguentou.

— Nem me fale...

A porta abre novamente e Michelle vem até nós. Dante me coloca atrás dele, me protegendo com seu corpo. Confesso que jamais imaginei passar a humilhação que passei lá dentro, mas o senhor Armani conseguiu inverter a situação.

— Vai pagar a prostituta?— ela disse.

— Ela é minha noiva, futura dona do local onde você está pisando nesse momento, então tenha respeito. Não fale das coisas que não sabe!

— Como não? Dante Armani, o que ela tem que eu não tenho?

— Caráter.

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