Você está linda!

Sexta-feira- 31/10/2022

POV's Selena

— Deve ser ele.—direciono o dedo indicador em sentido a porta, assim que ouço algumas leves batidas.

Annabelle levanta-se do sofá, às pressas indo abri-lá. Ela está tão ansiosa para ir a festa logo, que ao saber que é Justin que veio nos buscar, a minha menina é a primeira ir na frente.

— Oi, cadê a sua mãe?— escuto ele perguntar, assim que a vê. Logo o cheiro do seu perfume masculino alastra por todo o cômodo. Parece que Justin tomou um banho de perfume. Tudo isso é pra mim?

— Está aqui.— escancara mais a porta, me mostrando. Sorrio de lado ao vê-lo fantasiado de Drácula. Ultimamente venho sentindo umas coisas estranhas ao está na sua presença, fico meio que tímida.

Nunca pensei que Justin pudesse arrancar um outro lado meu que até então desconhecia.

—Tenho alergia.— argumento, o tirando de tempo, assim que o meu futuro marido se aproxima para me entregar um buquê de flores de rosas vermelhas. — É sério, não estou mentindo, Justin. — o vejo revirar os olhos, soltando um suspiro fundo. — Não é porque eu não me considero uma mulher romântica, que eu vá recusar flores. Mas teve uma vez que peguei e fiquei horas espirrando, não vamos estragar a nossa cerimônia com essas coisas, né.

— Cerimônia, mami?

Annabelle se dá conta do que estar prestes acontecer e vem para perto de mim, questionando. Existe uma curiosidade evidente na sua expressão. Entreolho pro olhar tenso do Justin que espera que eu explique tudo para loirinha.

— Eu e ele...— pego na mão grossa do outro que está do meu lado, segurando-a. O meu gesto de assumir que estou num relacionamento faz Annabelle ficar incrédula.— Iremos nos casar, minha princesinha.— a comunico, morrendo de vergonha. Nunca fui boa com essas coisas.

— Ué mami, você disse que ele era só o seu velho conhecido? — o avisto engolir em seco com a mentira que inventei. A nossa filha deixa escapar, o que lhe faz ficar extremamente desconfortável — Por que ele virou o seu namorado agora, hein?

— É porque minha princesinha...— a puxo, a sentando em meu colo, para explicá-la cuidadosamente— Eu e Justin temos um lance de muito. Acabamos nos reencontrando de novo, a gente resolveu que seria melhor nos juntarmos e viver juntos. Quando duas pessoas se querem, elas buscam a quererem estar juntos. Eu e ele temos uma longa história.

— Mas essa história foi muito antes do meu papi?

— Foi, Annabelle, foi.— a confirmo, a contragosto. — Mas isso não significa que o seu pai foi menos importante. — completo, para não fazê-la odiar o meu relacionamento com Justin.

No entanto, minha resposta causa problema porque vejo ele travar o maxilar estando com ciúmes e incomodado. Sei que não devo continuar enrolando, mas não quero estragar esta noite, só que continuar mentindo não é uma opção.

Justin precisa saber da verdade.

— Sendo assim, eu aprovo.— sorri animada com a ideia. Annabelle sempre quis ter uma família, onde houvesse pai e mãe. Sempre houve essa carência da sua parte.— E peraí, a Mabel também vai morar com nós?— pergunta ficando empolgada. Acho que a minha menina gostou mesmo da Mabel.

— Acho que sim.— sorrio admirada ao observar seu jeitinho meigo. — Falando nisso, cadê a Mabel, Justin?— o questiono, notando que ela não veio com ele.

— Está lá no caminhão, ela não quis entrar.— emite sério, ainda fechado por causa da minha fala a respeito do pai da Annabelle.

— Você já conversou com ela sobre aquele assunto?— falo nas entrelinhas, perguntando se o próprio esclareceu a verdade.

— Já, mas ela acha que eu estou mentindo, porque eu tô com você.

— Até imaginava.— suspiro desanimada. — Mabel é desse jeito, mas essa raiva vai passar. Com o tempo ela vai enxergar que não sou tão ruim como ela pensa.

— Por que a Mabel não gosta de você, mami?— ainda sentada em meu colo, Annabelle presta bastante atenção na conversa.

— Ela é uma garota fechada, acho que ela seja um pouquinho parecida comigo. Não consegue acreditar fácil nas pessoas, porque ela cresceu tendo que suportar as circunstâncias e com a sensação de ter sido deixada de lado pela mãe.— falo de mim mesma. Fui uma péssima mãe pra Mabel, talvez eu tenha culpa.

— Quer dizer que a mãe dela a abandonou, mami?

— Sim.— confirmo, com o nó garganta ao ter que admitir em voz alta.— Mas pode ser que Mabel tenha sorte de achar uma melhor mãe no futuro.— digo, com o coração apertado. Nem sei até quando eu vou durar.

— No caso, você pode ser a mãe da Mabel também, mami. Eu deixo.— sugere permitindo e rio da forma encantadora que Annabelle consegue achar solução para tudo.

— Se ela me aceitar, pode ser que eu tenha chance de ajudá-la a superar o passado. Eu vou adorar cuidar da Mabel, igual que eu cuido de você.— declaro confiante, tendo o entusiasmo em reconhecer e valorizar mais a minha outra filha.

Logo após a nossa conversa, a pequena sai do meu colo dizendo que vai falar com Mabel. Quando a Mabel era pequena, ela costumava chamar a bebê de irmãzinha. Ela era tão apegada a Annabelle, tomara que o sangue fale alto e ambas se tornem grande irmãs.

Fico sozinha com Justin, o olhando parado e pensativo.

— Por que está com essa cara?— o indago, tocando em sua mão, para tirá-lo dos devaneios que o sonda.

— Esse homem que você teve um caso, ele marcou muito a sua vida?— faz o questionamento, incomodado.

Reviro olhos, com vontade de rir. Que homem ciumento!

— Por Deus, Justin! Claro que não.— eu amaria jogar em sua cara, que estou me referindo a ele próprio. — Só falei aquilo pra ela, pra ela não pegar no seu pé. Já basta a Mabel implicando comigo. Não vamos colocar as duas contra o nosso relacionamento.

— Tem certeza, Selena? Ou você não está falando isso apenas pra me aliviar?— olha-me de canto de olho, meio inseguro, não acreditando muito no que eu digo.

Não tenho o melhor histórico, mas...

— Eu vou mentir pra quê, Justin?

— Sei lá, você quer me enganar. Talvez já tenha até desistido de casar, não é Selena? É isso, né? Você voltou atrás e é por isso que não aceitou as flores.— conclui paranóico e, sem conseguir me conter pelo seu desespero, abro um sorriso descontraído porque esse maluco está uma pilha nervos. Nem eu que sou a noiva me encontro dessa maneira.

— Para de histerismo, Justin! Olhe, olhe como estou!— peço que analisei o meu visual. Seus olhos apaixonados descem e encaram-me de cima abaixo. Eu tentei o máximo me ajeitar pra ficar bonita pra ele; coloquei um vestido longo da cor vinho, a maquiagem fiz bem forte e pus um batom vermelho nos meus lábios. Nunca perdi o tempo me arrumando para ninguém, mas hoje abri uma exceção.

—Você está linda.

— E você acha que eu me preparei assim toda, pra eu te dizer um não, Justin Bieber?— o olho amorosamente, soando sarcástica. Esse homem está a coisa mais perfeita nesta noite. Não consigo parar de admira-ló.

— Não sei, babe, você é tão bipolar que eu achei que... — suas íris carameladas ainda estão aflitas. O seu nervosismo não diminuiu nem um pouco.

Sorrio fraco, o interrompendo:

— Achou nada. — o puxo para mais perto, com nossas mãos entrelaçadas. — Vem cá, você ainda nem me deu o meu beijo.— o chamo manhosa, pedindo com jeitinho, fazendo o bad boy enciumado inclinar a cabeça para baixo. Como eu fico muito baixa por causa da cadeira de rodas, ele tem que se curvar o máximo para que eu consiga alcanço-ló.

Justin ri sexy.

Colo os nossos lábios, num selinho demorado e lento, aproveitando de olhos fechados o nosso momento de carícia. Pouso os meus dedos em sua nuca, fazendo carinho de leve na região, enquanto lhe dou vários beijos em seus lábios entreabertos, quase como se fosse uma sequência de selinhos. Ele quer a qualquer custo fazer com que nós aprofunde o beijo, mas não quero, porque vai borrar todo o meu batom.

— Abre a boca, Selena.— exigi, sussurrando entre os meus lábios.

Justin dá beijo tão molhado, que me deixa agoniada. Em todos os nossos beijos ele sempre quer enfiar a língua, parece que não se contenta apenas com um beijo comum.

— Vai borrar o meu batom.— murmuro, afastando um pouco e limpando o canto da boca.

Ele me olha incrédulo.

— Depois você coloca de novo. Me deixe te beijar pra valer, não fique recuando.— pede, percebendo a minha insegurança.

— A verdade é que eu desaprendi como é beijar, Bieber. — revelo, lhe vendo suspirar fundo. Estou mentindo um pouco, mas não quero que ele fique excitado ou queira fazer sexo, porque não sei o que eu vou fazer, já que eu sou incapaz de sentir prazer. Até porque, eu não sinto nada da barriga para baixo.

Como vou explicar-ló que será um empecilho para nós?

— Tudo bem.— levanta-se a cabeça pra cima, sendo obrigado a se conformar pelo fora que lhe dou.— Vamos deixar tudo pra lua de mel.— congelo ao ouvir a sua insinuação maliciosa.

Oh meu Deus!

— Lua de mel?— o questiono, com vergonha.

— É.— encara-me sem jeito e timidamente coro, com o sorriso encabulado na cara.— Nós faz aqui mesmo, Selena. Pra mim não tem besteira.— aponta pro sofá. A proposta até que soa tentadora.

Mordo o meu lábio inferior na hora, é como se o meu corpo ficasse sedento e surgisse aquele fogo. Pode ser que exista a chance do nosso sexo me causar tesão também, porque só em ouvi-ló falar já me deixa ansiosa.

— Partiu, floresta!— coloca-se atrás da cadeira de rodas, para me empurrar. Claro que eu não gostaria que Justin fizesse isso, porque me sinto uma inválida.— Partiu, casar, babe!— arranca um sorriso bobo de mim, estamos agindo como dois idiotas. Porque nós nunca nos compartamos como um "casal normal"

Nunca pensei que esse psicopata ia se tornar tão careta. Eu ainda por cima caio nas suas graças.

—É o jeito, né. Vamos nos amarrar, Bieber, pra sempre.— inevitavelmente brinco, ouvindo uma gargalhada estridente do pai das minhas filhas que não para de sorrir, exibindo uma felicidade fora do normal.

É. Pelo jeito, finalmente conseguimos nos acertar, é até inacreditável, visto que ficamos tanto tempo longe um do outro. Talvez eu esteja me adaptando a descobrir o que é amar.

Será que é amor?

———————————-

Floresta.

Alguns inconvenientes assoviam quando nós revêm. A floresta não mudou nada. Esses inúteis continuam aprontando, matando, seguindo suas rotinas medíocres. A decoração da festa é toda com esqueletos e coisas esquisitas, provavelmente o Canibal esteja distribuindo pela festa bebida de sangue. O velho que costuma organizar esse evento de halloween.

Hoje inclusive tem a votação.

Como eu senti falta de tudo. Desse ar livre, dessa liberdade, menos dessa gentalha. Eles são os nossos amigos assassinos e os consideramos como nossa família, estamos no mesmo patamar, só não retornei antes para cá pra proteger a minha filha dessa realidade sombria.

É a primeira vez que Annabelle vem a floresta, ela parece tão em êxtase com tudo que enxerga.

— Selena!— a primeira inconveniente que vem me cumprimentar é Camila. Acho que a ladra veio debochar da minha condição física, ao me ver nesta cadeira de rodas.— Quem diria, de melhor assassina, para isso...— aponta, adorando me humilhar.

Justin bufa ao meu lado, revoltado. Ele quer tomar as minhas dores, mas o interrompo. Eu já imaginava o que ia ter que enfrentar quando viesse até esses estúpidos, não preciso que ninguém me defenda, sei me proteger sozinha.

— Melhor assassina não.— ergo o dedo bem sarcástica, a corrigindo.—A única assassina que presta, sempre passei a perna em vocês seus otários!— alguns resmungam pelo o meu comentário, não gostando nem um pouco.— Manipulei todos! Até esses marmanjos aí.— direciono o meu olhar irônico pros machos. Eles são os que mais se doem.

Annabelle me observa atentamente. Não é assim que eu queria que ela descobrisse o meu passado obscuro, mas eu não vou ficar calada. Vou bater de frente com qualquer um que vier me tirar do sério.

— Ah, os anos se passam e você continua a mesma prepotente, Gomez. É impressionante o quanto você é desprezível. Eu acho bem feito, bem feito mesmo por você está assim aleijada.— é a vez da loira azeda da namorada do Zayn soar toda preconceituosa, para tentar me diminuir. Cada um fala uma merda diferente.

Justin novamente quer falar ao meu favor, porque o sangue das palavras ferve nele. Porém o cutuco, porque não preciso de ninguém para tomar partido por mim.

— Sabe o que eu sinto por você, Gigi? Pena! Muita pena! Porque você tem uma vidinha frustrada. Nunca conseguiu arrancar desse seu namorado patético um pedido de casamento. Já eu não, com todas as atrapalhadas e altos e baixos, Justin foi homem de insistir em me propor, por mais que não signifique nada para nós dois. Iremos nos casar. Diferente de você, né Barbie?— a olho com frieza, menosprezando-a.

Ela e o Zayn sempre agiram como um casalzinho grudento, dava até nojo de presenciar. Talvez essa vadia esteja com inveja, porque ela gostaria de está tendo a vida que eu tenho. A mesma sempre sonhou em ter um bebê e nunca conseguiu engravidar, pode ser que o seu ventre seja seco, do tamanho da sua frustração.

— Você não tem o direito de comparar o meu relacionamento saudável com Zayn, com esse relacionamento bomba que você tem com Bieber.— fica nervosa. Sua pose de antes, até muda.

— Por que não?– a fito desafiadora, debochando do quanto as minhas palavras a atinge.

— Porque na primeira oportunidade o Bieber vai te largar, sua cretina! Tu acha mesmo que ele vai ter paciência para ficar com uma aleijada? Se enxerga, nem bonita você é!

Sinto como se levasse um soco no estômago, quando essa vagabunda expõe diante todos o meu maior medo, me humilhando até na frente das minhas filhas.

— Você cala a merda da sua boca!— ele se irrita e dessa vez não consigo seguro-ló, porque nem andar eu consigo. — Manda a vadia da sua mulher se calar, Zayn!— segue em direção ao outro. O moreno simplesmente não diz nada e nem se manifesta.

— Chega, meus amigos! —Ian se intromete, como sempre, amenizando os ânimos. Onde será que Nina está? Eu não a vejo.

— Selena, é melhor irmos para ali.— Sara sai me puxando, para um local mais afastado. Preciso me acalmar, senão vou surtar.

—————-

Ignoro todos os olhares de inveja. Chegou a hora da votação. Annabelle está o tempo todo grudada com a Mabel, eu estou preocupada, porque não quero que Mabel ensine nada de ruim a loirinha. Minha filha mais velha tem uma frieza e um lado mau dentro de si.

— Em quem você vai votar, babe?— Justin sussurra ao meu lado, querendo saber. Olho em direção ao meu voto. A loira está agarrada nos braços do namorado, é a única função dela aqui na floresta, ser chaveirinho de macho.

— Na criatura que veio atentar o meu juízo.— resmungo, ainda irritada.

— Meu voto também será dela. — afirma e isso me faz ter uma ideia para convencer a Sara e a Anne de votarem também pra Gigi queimar no fogo. — Depois da votação terá a nossa cerimônia, Selena. Já falei com Ian, tá tudo certo.— segura na minha mão. Abro um sorriso fraco, tensa.

Logo mais estarei casando, ah meu Deus! Não será um casamento tradicional, mas oficiaremos perante a fogueira.

— Mami...— Annabelle surge, me fazendo tirar o foco do Justin e olhar pro seu rostinho angelical.— A Mabel disse que você era uma psicopata e matava friamente as pessoas, é verdade?— engulo em seco, por sua voz infantil ecoar trêmula. Ela não tem noção da gravidade que está falando.

Mabel está tentando colocar a minha pequena contra mim.

— Claro que não, meu amor! — ponho as mãos em suas bochechas gordinhas, as tocando.— Por qual razão, ela falou uma mentira dessas? — tento sorrir, embora esteja ocultando a verdade dos fatos.

— Porque ela disse que viu você matar várias vezes.— a abraço, negando. Entreolho pra outra que está lá no canto da árvore, nos observando. Acho que Mabel tenha ciúmes da Annabelle comigo, o que é preocupante.— Ela também disse que um homem mau vai me matar— a sua voz alastra assustada.

Porra.

Não acredito Mabel ficou horas assustando Annabelle.

— Ninguém vai te matar, tá bom. É apenas bobagem, querida. Não acredite em nada.— a conforto, olhando-a em seus olhos murchos e garantindo que ela está segura comigo.

— Ninguém vai tocar em você.— a voz rouca do homem soa. Justin fica de joelhos na frente dela, a cena chega ser linda diante dos meus olhos. Ele fica tão fofo sendo carinhoso. — Eu tô aqui, vou cuidar de você e da sua mãe. Ninguém vai mexer com nenhuma das minhas garotas, ok? — ele sorri para nossa caçula, havendo uma afeição e cuidado.

— Ok.

Annabelle concorda sapeca, o abraçando.

— O papai ama você. — sussurra em seu ouvido baixinho. Arregalo os meus olhos, em choque.

Ele sabe?

Justin sabe que Annabelle é a bebê?

Talvez Annabelle não tenha ouvido, mas eu li nos seus lábios.

— Gente! O Canibal.— Sara aparece chorando e em pânico, parecendo que viu um fantasma.— Mataram ele!— aos prantos diz, fazendo a maioria ficar de boquiaberta.— Mataram o meu amor! Mataram o amor da minha vida. Cortaram a cabeça dele, ele tá lá no matagal! — aponta de onde veio. Fico desconfiada, porque o crime, me lembra algo semelhante.

Entreolho para Mabel, que está com o olhar frio. Deus queira que essa menina não tenha aprontado nada e não tenha levado Annabelle junto. Não é possível, que depois de anos ela traga de volta o assassino em série que carrega dentro de si.

Quando eu penso que vou mudar... parece que tudo volta de novo.

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