Mais uma vítima

Cabana

POV's Selena.

— Selly, você está exagerando, o que falei foi da boca pra fora. Você jamais vai pra fogueira.— Nina tenta reverter a merda que falou, mas agora é tarde. — Deixa de frescura! Não é tão simples sair da floresta. Acha mesmo que o pessoal vai deixar?

— Eles que se dane!— esperneio, os xingando. Se algum tiver lá fora escutando, não estou nem aí, quero mais é que escutem mesmo.

Esse bando de urubus não vão ditar as regras, eu não preciso de autorização de ninguém. Estou indo embora com Mabel, de preferência para bem longe. No momento já estou até separando nossas roupas em sacos plásticos, pois nem bolsa eu tenho. Quero sair o mais rápido possível desse lugarzinho...

— Selly, não faça com que nos acabe indo para meios mais extremos.— seu tom compreensivo soa ao inverso.

— Está me ameaçando, Nina? — a encaro desafiadora, não vou abaixar a cabeça. Minha amiga dá de ombros, ela a única que ainda consigo engolir nesse inferno. A Taylor nem conta, já que é uma tonta e não se impõe a nada.

— É apenas um aviso.

— Guarde o seu aviso pra você.

Vejo ela engolindo em seco, enquanto suspira. Eu estou decidida e não vou voltar atrás com as minhas palavras. Aquela Bárbara fez um inferno, aquela piranha vai pagar caro. Querer me expor na frente de todo mundo. Falando nisso, onde será que Justin se meteu? Ele fugiu de fininha desde da hora que brigou comigo, esse homem anda tão estranho. Há alguma coisa de errado.

— Eu lavo as minhas mãos.— ela diz, levantando-se da cama e desistindo de tentar me convencer.— Faça o que você quiser.— encaminha-se para sair do quarto.— Mas depois não se arrependa. — suas palavras me fazem revirar os olhos, mas apenas profiro "ótimo".

— Obrigada pelos conselhos, mas não vou aderir nenhum.— fecho a porta do quarto em sua cara. Por mais que eu esteja sendo estúpida com Nina, não tenho paciência para ficar ouvindo suas ladainhas.

Permaneço ajeitando as minhas roupas. Tenho que terminar o mais rápido possível, antes que o outro louco volte. Não quero encontrar com ele, porque é lógico que ele não vai me deixar partir.

Falando no diabo...

— ABRE ESSA PORTA, CARALHO!— grita descontrolado enquanto chuta a madeira velha. Pelo visto no tom de voz agressivo, ele já deve tá sabendo da fofoca que rolou.

— Vai embora, Justin!— retruco gritando alto também.

Pego um pedaço de pau no canto da janela, porque provavelmente a porta será arrombada e para me proteger desse insano, preciso usar a arma que eu tiver. Eu e Justin nunca nos atacamos fisicamente, sempre houve um "respeito", mas do jeito que esse doidão se encontra nunca se sabe.

Não confio em nenhum psicopata, eles matam tão friamente, devo me incluir como parte. Porque a vontade que tenho agora, num impulso da raiva, é de tacar esse pedaço de madeira na cabeça dele.

— Eu já mandei você ir embora!— continuo insistindo, no entanto o outro está enlouquecido. Estou no canto da parede e quero ficar o mais longe quando Justin entrar.— Me deixa em paz, seu traste!— parece que minhas palavras pioram mais quando eu o insulto.

O pai de Mabel aumenta o nível de agressividade, descontando tudo na porta. Não sei o que ele ouviu do restante, mas eu estou muito encrencada.

A porta é arrombada....

— Ah droga!— sussurro abaixando a cabeça. Perdi. Eu sei que perdi.

— ONDE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ INDO?

Seus olhos estão completamente transtornados e há um vermelhão, como se aquele ódio todo quisesse me puxar pelos cabelos e me torturar até a morte. Sinto um calafrio em avistar a maldade que há no olhar do Justin.

— Viajar.— dou de ombros, tendo ousadia de enfrentar o perigo.

— Sem ironias, Selena.

— Mas é verdade, ué?— gesticulo com os braços. Sei que o meu gesto está o irritando mais.

— Eu não vou permitir que você vá embora.

Infelizmente não sou capaz de ignorar a parte e abro um sorriso debochado. Justin franze o cenho confuso com a minha reação.

— Onde foi que está escrito que você virou o meu dono agora?— sôo usando o meu sarcasmo e de repente ele avança, segurando com bastante força o meu pulso. Até gemo com o contato, é como se o mesmo quisesse quebrar.— Solte-me, seu merda!— o enfrento, sem temer em ser machucada. Porque não sou como Taylor, eu sei me defender.

Seu rosto fica próximo ao meu. A respiração do marmanjo é ofegante. Seus olhos estão incertos, não consigo mais evidenciar aquele ódio todo de agora a pouco.

— Você é a minha mulher e você não vai para lugar nenhum.— ele profere as palavras, soltando a porra do meu braço. Alívio, massageando a região. Não que tenha machucado, mas sua atitude escrota foi uma maneira que achou para querer me intimidar.

— Você está me ignorando, e agora quer bancar o meu macho?— mando a indireta, vendo o homem tatuado de costas para mim. Porque ele está se comportando como um infantil.— Até empurrar a pobre da Mabel, você empurrou.— é a minha vez de soltar os cachorros, pois noto que o insano está mais "manso" e aproveito a oportunidade para cuspir tudo que está engasgado.

— Foi sem querer.— responde calmamente, nem tendo coragem de me olhar nos olhos. Covarde!

— Não pareceu sem querer.— o olho indignada, balançando a cabeça em repreensão. — A nossa filha até chorou.

— Sua filha.— ecoa num tom indiferente, me corrigindo.

—Que diabos deu em você, Justin? Cara, se toca! Já se passaram 7 anos, e você parece continuar parado no tempo. Pra quê reviver isso depois de anos? Não faz sentido você querer mexer na merda do passado e tirar de dentro da cova velhos fantasmas.

— Quem são os velhos fantasmas pra você, Selena?— interroga com a testa franzida, desconfiado, olhando-me de cima a baixo como se me analisasse.

— Não te interessa!

— É claro que interessa. Eu assumi a paternidade dessa criança como se ela fosse MINHA!— joga na minha cara.

— E ela é SUA!— esbravejo, perdendo a paciência. — Mabel te ver como pai, então não estrague o único ato de empatia que alguém pode te dá. Nem eu sou capaz, mas ela sim. Ela é diferente— eu aconselho, parando de sarcasmo e falando sério em relação ao que temos.

O passado está se tornando um problema.

— Foda-se, Selena! Eu não preciso de compaixão de ninguém.

— É assim...— aponto pro seu gesto agressivo.— Você sempre vai ser isso.— o observo, fitando-o enojada. Suas orbes me encaram deslocadas.— Ficará sozinho.

— Vou pedir desculpas a ela. — verbaliza com tom baixinho, andando para ir até a sala onde Mabel está. É a primeira vez que noto real que Justin está arrependido das cachorradas.

— Mas isso não vai me fazer ficar.— o paro, quando ele está próximo a porta. Seu olhar desvia para trás, olhando-me surpreso. O loiro não reage tão bem com o meu comunicado. — Preciso ir, Justin, não me olhe assim. Pode ser um perigo Mabel ficar nessa floresta com esse monstro a solto, querendo matar todos nós.

— Você está fugindo por causa dela? — indaga ao se dá conta da minha confissão. Assinto que sim, entortando os lábios.

— É a minha filha, caramba!

— E desde de quando você se importa?

Reviro os olhos. Por mais que eu não seja a melhor mãe, jamais quero ver a pestinha estirada no chão morta. Não quero ser responsável pela sua morte, se eu permanecer morando neste lugar poderá ser que aconteça.

— Me deixe ir, Justin!— murmuro, implorando no tom de voz. Mas ele nega.

— Eu protejo vocês.— dá ênfase, olhando fixamente para os meus olhos. Há uma convicção no seu olhar. — Não vou deixar você ir, Selena.— sua mão toca na minha mão, acariciando. Surpreendo-me com seu gesto momentâneo. Justin nunca foi romântico.

— Pare!— afasto-me, inclinado a cabeça para baixo..— Tem outro motivo também....— meu tom soa inaudível. Solto um longo suspiro, sentindo as minhas bochechas esquentarem.

— Que motivo?— fita-me confuso, com as sobrancelhas erguidas. Engulo em seco. Diabos, vou ter que admitir! — Fale, Selena. Qual é o outro motivo?

— Tô grávida.

— O quê?— falo tão baixo, que o mesmo não escuta. — O que você disse?

— Estou grávida, Justin!— enfatizo elevando o tom. Seu rosto fica perplexo e ao mesmo tempo pálido.

— Oh meu Deus! — seus olhos estão arregalados, sem conseguir nem falar direito.— É me-u?— aponta em direção a minha barriga, havendo uma dúvida.

— É claro que é seu, seu demônio!— o xingo e um sorriso maroto se abre em seus lábios.

— EU VOU SER PAI, PUTA QUE PARIU! — comemora, eufórico.

Justin me abraça de imediato, nem correspondo o abraço porque estou surpresa. Levo até um susto. Peraí, ele não está bravo?

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Floresta de Noite.

20:30 PM

— Selena está grávida de um filho meu.— ele comunica a todos, com as mãos em torno da minha barriga. Justin está tão feliz, que é bizarro sua reação positiva. — Ela não vai mais embora.

Alguns soltam "aaaa" como se tivessem tristes, eu perturbo tanto essa galera que eles devem me odiar.

— Mamãe, é verdade que eu vou ganhar um irmãozinho?— minha filha olha para o meu rosto, com curiosidade.

— Ou uma irmãzinha.— Taylor aproxima-se, sorrindo feliz. É a única que parece aprovar a novidade.— Que esse bebê venha com muita saúde, Sel.— toca na minha barriga, Justin até se afasta um pouco, conversando com seus amiguinhos.

— Obrigada.— finjo está contente, mas no fundo, estou desesperada.

Viro a cara, quando a Bárbara me fita com o olhar frio lá no canto, encostada na árvore. Essa puta ainda continua me provocando!

— Bom, eu estava certa com tudo que eu falei.— bufo fundo, quando ouço sua voz enjoada.

A vadia tem o cinismo até de se referir a mim, depois de tudo. Minha vontade é de quebrar a cara dela.

— Bárbara, menos.— Nina a repreende, vindo até mim. A morena não parece satisfeita, mas o que pode fazer?— Selly, você sabe o que eu penso, né?— seus olhos me fitam, como se me repreendesse.

— Sim.— suspiro fundo.

— Mas vamos te apoiar.— seu tom me surpreende, fazendo eu erguer o meu olhar e a olhar atentamente. — Porque somos uma família, e uma família nunca vira as costas para um membro. Independente das diferenças que existem, estaremos dispostos a receber esse novo membro que está a caminho.— Nina fala com tom meio bobo, pegando na minha barriga. Nossa... raramente vejo alguma humanidade nela, é uma das poucas vezes que acontece.

— Você está falando sério?

— Claro que sim.— a abraço, não conseguindo resistir. Acho que já seja os hormônios da gravidez.— Obrigada.— agradeço. Porque estava apreensiva de como seria a reação deles.

Desisti de ir embora, pois Justin prometeu de proteger Mabel a qualquer custo.

QUEM SERÁ O PRÓXIMO QUE O HOMEM MAU VAI ATACAR?

— Gente, a Demi!— Mendigo grita em meio a recepção que estamos tendo, louco e aos prantos vindo correndo do matagal. — Ela está morta.— os olhares dos nossos se misturam. Estamos tensos.

Mais uma vítima.

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